Síndicos buscam viabilizar a medição individualizada do consumo d’água

Estudos de viabilidade para individualizar leitura

Síndica Maria da Conceição Campello de Souza Galli

A síndica Maria da Conceição Campello de Souza Galli (foto acima) contratou um Manual de Medição Individualizada, contendo diagnóstico e estudos de viabilidade para o Condomínio Edifício Mont Blanc, um prédio de 32 unidades e 22 anos localizado na Vista Monte Alegre, zona Sul de São Paulo. Moradora do local e prestes a completar quatro anos de gestão no prédio, Conceição diz que a intenção dos condôminos de individualizar é antiga, mas que eles tinham dúvidas quanto à possibilidade técnica e financeira da medida. Por isso eles aprovaram investir no manual, desenvolvido pelo engenheiro civil Renato Luiz Moreira. Segundo o especialista, a configuração do barrilete do prédio possibilita a instalação de novos ramais de distribuição d’água, com medidor único por unidade (o que permite que as contas sejam lançadas pela concessionária pública). Mas a execução de um projeto deste porte demandará “retrofit hidráulico com a previsão da individualização”, afirma Renato (foto acima).

A síndica defende levar o projeto adiante e apresentará a recomendação aos condôminos, em assembleia prevista para março deste ano, pois o consumo no local tem sido elevado, com média acima de 21 m3 por unidade (entrando na segunda maior faixa tarifária da Sabesp). “Desde março de 2017 foi definido em assembleia que o excedente da conta que ultrapassasse a previsão orçamentária seria rateado de forma extraordinária. Em outubro do ano passado, em nova reunião, os condôminos aprovaram a contratação de uma empresa de caça-vazamentos para as unidades e áreas comuns. Quero individualizar porque a conta não é justa, há apartamentos fechados que pagam o mesmo valor que aquele ocupado por uma família com seis pessoas”, argumenta Maria da Conceição.

De acordo com o Eng. Renato Moreira, condomínios interessados na individualização da leitura do consumo devem realizar, antes, o levantamento de suas instalações, analisar os modelos disponíveis no mercado e depois contratar um projeto executivo, para somente então fazer as cotações. Em artigo publicado no site da Direcional Condomínios, o especialista expõe o passo a passo da individualização, desde as cláusulas de contratação de um gestor do sistema às obrigações dos condôminos, operação, leitura e cobrança, passando pela identificação e correção de falhas. Segundo ele, há inúmeras variáveis que definem o sucesso do programa, até mesmo a “posição do hidrômetro interfere na qualidade da leitura”, exemplifica.

Prédio novo aprova individualização

A síndica profissional Tânia Goldkorn (foto ao lado) assumiu, em julho do ano passado, a gestão do Condomínio Bonna Vila Mariana e já está concluindo a implantação da individualização da leitura da água e do gás no prédio de 72 unidades e dois anos de vida, situado na região de Mirandópolis, zona Sul de São Paulo. No município de São Paulo, edifícios projetados a partir da edição da Lei Municipal 14.018/05, regulada pelo Decreto 47.731/06, devem oferecer previsão de instalação de hidrômetro para medição individualizada por unidade habitacional. Em 2016, o Governo Federal sancionou a lei 13.312/2016, com o mesmo tipo de determinação para todo País.

“A individualização entra, para o síndico, como parâmetro de controle do custo do condomínio”, observa Tânia. A água e o gás consumidos pelas unidades do Bonna, antes do processo, chegavam a absorver quase um quarto das despesas ordinárias do prédio. “Vamos aguardar 30 dias para lançar as contas individualmente e depois de 90 dias iremos recalcular o valor da cota condominial, cada um vai pagar pelo seu consumo.”

Também síndica e moradora no Condomínio Gisele, no Mansão do Morumbi, zona Sul de São Paulo, Tânia não conseguiu, porém, levar adiante a individualização no local. Construído há 27 anos e com 60 unidades de mais de 200 m2 de área, o edifício dependia de um investimento elevado para individualizar. “Mas consegui introduzir água de reuso, fazer campanhas regulares junto aos moradores e baixar o consumo”, comemora Tânia, aliviada, pois “a conta da água espreme muito a atuação do síndico, porque onera o condomínio”.

Gestão da demanda da água

Ex-síndico e diretor-presidente da Universidade da Água (Organização da sociedade civil de interesse público), Gilmar Altamirano (foto ao lado) propõe aos síndicos atuar em duas frentes para aplicar uma gestão eficiente da demanda: a) De forma estruturante, prover o condomínio de tecnologias como sistemas de reuso (a exemplo da captação da água da chuva); medição individualizada quando possível; controle de vazamentos; substituição de descargas; redutores de vazão etc.; b) De forma não estruturante, observar como as pessoas se comportam ao lidar com a água no dia a dia. “Isso implica em mudança de comportamento. Reduzindo tempo de banho, reusando as águas servidas para limpeza bruta (de máquinas de lavar, por exemplo).” Como não é fácil mudar hábitos, ele sugere algumas ações, entre outras, a educação ambiental, marketing e aplicação de recursos como “multa e desagravo do corpo social do condomínio”.

Matéria publicada na edição – 241 – janeiro/2019 da Revista Direcional Condomínios

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