O condomínio deve aproveitar sua infraestrutura, estimular a ocupação dos espaços, com o auxílio de uma comissão de eventos, e promover o diálogo.
As perguntas do título acima permeiam entre nós, o tempo todo. Vivemos em um mundo em profundas e constantes mudanças. Como entender isso e permitir que a resposta nos auxilie a melhorar os ambientes condominiais e o convívio com as crianças, adolescentes e os jovens?
Vamos observar um caso ocorrido em um mega condomínio que possui muitos ambientes para a diversão de todos, como uma sala de cinema, muito bem montada pela construtora com todos os equipamentos necessários, da acústica e mobiliário apropriado. É um ambiente destinado principalmente para que os adolescentes e jovens possam se divertir e ter um espaço onde possam estar “livres” da supervisão dos pais, além de próximos aos amigos e vizinhos das mesmas faixas etárias. Em um domingo, um dos conselheiros procurou o síndico com uma situação delicada a ser tratada, acerca de atos sexuais que estavam acontecendo no cinema. O síndico, de forma sutil, procurou obter as informações possíveis com a equipe de segurança e acabou constando que a jovem envolvida era a própria filha do conselheiro. O que fazer? É um assunto muito delicado e que deve ser tratado com o maior cuidado e sigilo para não criar mais constrangimentos aos envolvidos. Notificar, multar?
Acredito que não. Devemos inicialmente procurar os pais, em especial a mãe, porque ela tratará esse tipo de assunto com mais carinho e poderá orientar da melhor forma o que ocorreu.
Os empreendedores do setor imobiliário estão cada vez mais antenados com as necessidades buscadas por quem compra um imóvel, procurando oferecer mais espaços, como brinquedoteca, academia, quadra poliesportiva, espaço teen, lounge, campo de futebol e, ainda, em alguns residenciais, quadra de tênis, de squash e demais equipamentos para o lazer segmentado por faixas etárias.
É óbvio que esses locais facilitam a ambientação de todos os públicos do condomínio, de bebês até jovens, mas muitas vezes somente isso não é suficiente. É importante que o condomínio crie eventos voltados para esses públicos, como comemorações de datas especiais, a exemplo do dia das crianças, halloween, festas juninas, férias escolares e outros momentos que possam servir para integração entre os moradores.
É preciso uma boa comissão de eventos, de preferência com auxílio profissional, para uma melhor organização e montagem dos espaços. Mas não podemos esquecer que na previsão orçamentária é necessário alocar recursos para atender essas necessidades cada vez maiores nos empreendimentos coletivos.
Aqui, uma observação: Muitos desses espaços são estáticos e não podemos esquecer que na época dos equipamentos eletrônicos, que levam os jovens a ficarem muito tempo “conectados” e sedentários, as atividades físicas não devem ser esquecidas, já que a obesidade é um mal que atinge a todos e vem crescendo de forma incontrolável nas faixas de idades menores. Por que não provocar um campeonato de futebol entre blocos de um mesmo condomínio? Por que não criar uma competição de natação? Um torneio de vôlei? E tantas outras coisas que podem ser uma volta aos hábitos saudáveis.
Insisto que as crianças, adolescentes e jovens precisam de compreensão e, muitas vezes, amizade para entenderem e cooperarem com o ambiente de um condomínio. Devemos esgotar todas as formas de diálogo com os próprios e com os seus pais, sempre com atenção e preocupação, lembrando que nós também já passamos por essa fase de vida. Claro que esgotadas todas as tentativas “amigáveis”, restarão as previstas no Regulamento Interno, para que o empreendimento não se torne uma “terra sem dono”.
Concluo que os três elementos mencionados no título estão em mudança: O mundo, as crianças e os adultos. E para essa enxurrada irreversível de mudanças, cada vez maiores e mais velozes, o que temos que fazer é nos adaptarmos a elas. Caso contrário, seremos engolidos pelo tempo e ficaremos para trás.
Matéria complementar da edição – 250 – outubro/2019 da Revista Direcional Condomínios
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