Na edição impressa da Direcional Condomínios de janeiro 2020, falo rapidamente sobre a ansiedade e os efeitos que as ferramentas TICs (de Tecnologia da Informação e Comunicação), a exemplo dos aplicativos de mensagens dos celulares, como o WhatsApp, provocam na interação comunicacional das pessoas.
Com a criação das novas “rodovias” de comunicação que a Internet oportunizou, sistemas e modelos inovaram e mudaram o comportamento de comunicação entre as pessoas. Foram criados e-mail, chat, WhatsApp, videoconferências, fóruns, comunidades virtuais, entre tantos outros, de forma que esses mecanismos denominados como TICs podem ser definidos como síncronos ou assíncronos.
Ferramenta síncrona é aquela em que a comunicação ocorre em tempo real, ao menos a ferramenta proporciona essa comunicação instantânea, como, por exemplo chat, webconferência ou facetime. Por outro lado, na ferramenta assíncrona a comunicação não ocorre em tempo real, pois ela de fato será completada com a resposta do receptor ao emissor no tempo determinado pelo primeiro. É o caso do e-mail e do WhatsApp, que são consideradas TICs assíncronos, o receptor não responde sincronicamente ao emissor.
E aí residem os impactos da tecnologia humanizada ou da humanização da tecnologia, alterando e impactando nosso comportamento de comunicação.
Quando enviamos uma mensagem por WhatsApp, quantos de nós ficamos ansiosos aguardando o tal do “marcador azul” ou até mesmo se a mensagem já chegou ao seu destino? E então ficamos com os olhos fixados no celular ou na tela no computador aguardando a resposta, o comentário, a foto ou uma gravação em tempo real. Não importa onde e o que aquela pessoa esteja fazendo em que enviamos a mensagem.
A provocação que deixo aqui é lhes perguntar se precisamos responder a todo e qualquer momento, instantaneamente, às mensagens no WhatsApp?
Notem, essa ansiedade e a conduta da obrigatoriedade auto imposta de responder imediatamente pode nos levar a escrever ou gravar um áudio de forma impulsiva, além de invadir a nossa privacidade e a autonomia de nos comunicarmos no tempo e espaço que desejarmos ou pudermos.
Em tese, o WhatsApp é uma ferramenta de comunicação assíncrona, ou seja, a interação não é em tempo real, porém, na prática, não é o que tem acontecido com essa TIC.
Consideremos os grupos de WhatsApp: Muitos são criados com um conjunto de regras e políticas, determinando os horários para postagem, os temas que podem ser postados e por aí vai, porém, muitas vezes são canais que acabam gerando desentendimentos, opiniões que desqualifiquem o interlocutor e até agressões verbais. Esses conflitos, na sua maioria, são gerados pelo imediatismo e por essa impulsividade, que provoca o distanciamento da privacidade. Será que estamos perdendo o modo, o conteúdo, o tempo e o espaço no qual desejamos nos comunicar?
O bom senso e o respeito devem prevalecer, premissas para continuarmos e nos adaptarmos a tanta tecnologia que está inovando nossas vidas e assim continuará com certeza.
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