Juventude adicta: alerta aos pais, síndicos e à sociedade

Meus amigos, venho neste artigo descrever o que vem acontecendo com a juventude atual, nossos filhos, filhos de amigos; os pais não fazem a mínima ideia do que e com quem muitos adolescentes estão utilizando e quem são suas companhias.

Em meus atendimentos e pesquisas tenho acompanhando a evolução negativa que os adolescentes vêm apresentando no quesito de Dependência Química, e que os grupos de convivência estão mostrando que o futuro reserva uma estatística cada vez mais doente, tanto química quanto psicologicamente.

O autor Augusto Cury descreve em vários de seus livros uma visão de que a adolescência, em geral, vem sofrendo de uma doença chamada Síndrome do Pensamento Acelerado, caracterizado pela agitação do dia a dia, imediatismo, consumismo, excesso de informações, e claro, uso abusivo de químicos, entre os que mais destacam-se o álcool, a maconha e a cocaína. Ele acrescenta também um quadro de depressão cada vez maior nas futuras gerações, incluindo a falta de diálogo entre pais e filhos.

Mas o que quero enfatizar na verdade está relacionado às diversas novas drogas existentes, bem como às formas de consumo, que se tornaram comportamentos completamente insanos. E o pior é que tais comportamentos são ensinados via internet livremente, sem o maior critério de julgamento e avaliação do que pode ser apresentado; se os pais não ficarem atentos, achando que nada disso afetará seus filhos, os mesmos começarão a apresentar esses comportamentos citados acima.

Muito bem. Relatarei o que os jovens estão utilizando e as formas mais bizarras como estão consumindo drogas pesadas.

Para começar, vale lembrar que os jovens estão hoje iniciando a dependência química cada vez mais cedo, por volta de11, 12 anos de idade; já tive relatos de pacientes adultos que iniciaram com 9 anos de idade no álcool.

Entre os consumos mais comuns, além do álcool (como cerveja, vodka, pinga e conhaque, os mais utilizados), atualmente acontecem misturas de todas juntas e, em casos extremos, consomem álcool gel, de limpeza, perfume etc. Em situações mais extremas, misturam uma pequena garrafa de água de 510 ml com metade água e outra metade com etanol; incrível, mas é a pura verdade, pois não foi só de um paciente que tive relatos desta natureza.

Outro consumo que está ocorrendo no momento é utilizar o álcool pingando nos olhos para obter-se uma embriaguez mais rápida; o que eles não sabem é que estão com sérios problemas de saúde, bem como lesando órgãos; ao pingar álcool, ou seja, uma vodka, por exemplo, está afetando suas córneas, correndo risco de ficar cego, ou, na melhor das hipóteses, levando-se a transplante, visto que a concentração de álcool nas bebidas destiladas pode chegar a 60%.

Outro comportamento gravíssimo apresentado pelos adolescentes acontece quando eles utilizam o LSD também pelos olhos, para que se tenha o efeito mais rápido; além de afetar as córneas também, podem provocar a própria morte ao se manter o uso nesta forma, onde o usuário apresenta reações muito aceleradas, perde a noção de tempo e espaço, sem contar a aceleração cardíaca. Outra forma de uso do LSD se dá ao colocar a droga direto no sangue quando algum membro do corpo está machucado, fazendo com que a droga penetre rapidamente na corrente sanguínea, causando um efeito mais rápido.

Outras formas também inacreditáveis são “inventadas” pelos jovens, que não têm limites. Assistindo a vídeos no You Tube, é muito comum testemunhar “desafios” que são enviados aos internautas. Por exemplo, inalar pasta dental pelo nariz, ingerir Coca-Cola também pelo nariz, inalar gás hélio utilizado em bexigas, beber Coca-Cola misturada com bala Menthos, cheirar pimenta, comer pasta de Coca-Cola, e cheirar pó de suco; são feitas carreiras como se fosse cocaína e cheira; segundo os usuários, eles sentem uma “brisa” quando inalado, mas em algumas situações sai sangue do nariz.

Não paramos por aí. Outros absurdos têm acontecido: acender cigarro com esmeril, fumar cotonete, aprender como se prepara cachimbo de crack, e, a que considero uma das mais graves, utilizar metanfetamina. Na forma de cristal, ela pode ser fumada. Metanfetamina na forma de pó é geralmente cheirado, mas pode ser misturado em água e injetado por via intravenosa ou ainda inserido no orifício anal para alcançar a mucosa retal.

Como vocês puderam observar, os adictos não estão tendo limites do que e de como consomem suas drogas de preferência; não é à toa que as instituições psiquiátricas para tratamento de dependentes químicos estão lotadas, e estamos perdendo nossos filhos e amigos cada vez mais cedo, visto que a grande minoria apresenta uma recuperação realmente efetiva; a maioria apresenta diversas recaídas, internações, ou recaem muito brevemente. Um ditado que sempre é dito entre os usuários em recuperação é: A pessoa que não se trata tem dois caminhos: cadeia ou caixão.

Alerta aos pais: fiquem atento aos comportamentos dos filhos, procurem participar mais de suas vidas, não delegando a educação a terceiros, saibam quem são os amigos e amigas, o que estão vendo na internet e fiquem sempre atualizados com o que está ocorrendo neste mundo das drogas, assistindo documentários, palestras, entrevistas. A situação está muito grave. Só para se ter uma mínima ideia de números: no mundo, atualmente, 180 milhões de pessoas são viciadas em maconha; imaginem nas demais drogas.

Infelizmente, a dependência química é um mal que vai exigir muitos e muitos anos para ser combatida, visto que, além de movimentar milhões em dinheiro, até pacientes adolescentes já me relataram experiência em tráfico, ou seja, estão propagando o problema e a doença.

Observação: sugiro que assistam aos vídeos citados acima para conferirem as informações citadas neste artigo.

Fica o alerta!

Autor

  • Nelson Luiz Raspes

    Psicólogo com formação em Dependência Química pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). É especializado em Capacitação em Dependência Química pela Universidade de Santa Catarina. Atuou durante quinze anos junto ao Centro de Tratamento Bezerra de Menezes.

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