Com a atenção mais voltada para o próprio “quintal”, por causa do distanciamento social imposto pela pandemia do novo Coronavírus neste ano de 2020, moradores passaram a se envolver com a revitalização dos jardins do condomínio.
Fonte construída com garrafas PET em condomínio no Capão Redondo; jardim foi “adotado” e revitalizado por moradores
Jardim “da Dona Valentina” / Fotos Alexandre Evangelista
No Condomínio Edifício Vista Verde, localizado no Capão Redondo, na periferia da zona Sul de São Paulo, um grupo de moradores de dois blocos resolveu “adotar” um dos jardins do conjunto residencial, próximo de seus apartamentos. Eles procuraram o zelador e o síndico Alexandre Evangelista e conseguiram apoio do condomínio à iniciativa – contribuição de 30% para os gastos e o trabalho do zelador.
“Além da verba parcial, o condomínio liberou algumas horas do zelador para o serviço, que consistiu na troca da grama, plantio de novas espécies ornamentais (como flores) e instalação de jardim suspenso e de uma fonte produzida com material reciclado. Até a iluminação embutida no chão com garrafa pet foi providenciada pelo grupo”, relata o síndico. “O condomínio gastou no máximo 600,00. Por ser um residencial antigo, com cinco blocos e 86 apartamentos, incluindo térreos, não existia um padrão de jardim, nem havia manutenção adequada desta área havia anos, fazíamos o que era possível com o zelador. O Vista Verde continua sem padrão paisagístico, mas os demais blocos ficaram bastante interessados e temos a intenção de estender esse trabalho”, completa Alexandre, que assumiu a gestão do local em conjunto com os síndicos profissionais Roseane Barros e Carlos Azevedo Fernandes em fevereiro de 2018.
O residencial possui dez jardins. Um deles recebe manutenção há cerca de dez anos de outra moradora, “a Dona Valentina, que se empolgou com a revitalização promovida pelos vizinhos dos dois outros blocos e quis renovar ‘o dela’, colocando seus quatro filhos adultos para pintar gnomos, sapinho etc.”, revela o síndico. “Muitos condôminos criticavam o trabalho da Dona Valentina, chegamos a acionar uma equipe da Prefeitura para verificar se não havia foco de dengue [criadouro de larvas do mosquito transmissor da doença] nas bromélias do canteiro. Não foi encontrado nada e os técnicos parabenizaram a moradora pelos cuidados.”
“A valorização do patrimônio tem como cartão de visitas um jardim bem cuidado”
Fotos Tania Goldkorn
Os serviços de zeladoria no condomínio tiveram sua importância ampliada pela pandemia, observa a síndica profissional Tania Goldkorn. E isso envolve o cuidado com os jardins. Em qualquer época, diz, “o paisagismo busca recompor espaços e organizar a paisagem a fim de deixar o condomínio mais bonito e funcional para moradores e visitantes, além de permitir o contato direto com a natureza”. Além disso, “a valorização do patrimônio tem como cartão de visitas um jardim bem cuidado”, completa.
Com a pandemia, ao revitalizar os ambientes comuns, mesmo que tenham ficado com o acesso restrito durante a quarentena, a síndica afirma que pôde proporcionar um pouco mais de conforto a quem os observava da janela. Em um residencial que administra no bairro de Moema, na zona Sul de São Paulo, Tania providenciou a revitalização das áreas ajardinadas, que apresentavam mistura e excesso de plantas, “uma se sobrepondo à outra”.
Por exemplo, na área da piscina foram substituídos arbustos antigos pelo arbusto clusia. Espécimes como a azaleia e a maria-sem-vergonha receberam nutrientes, além da companhia de plantas que florescem o ano todo, como a ixora mista. A síndica introduziu iluminação, “que dá uma aquecida no ambiente”. Na forração, a grama preta e a grama amendoim foram acrescentadas a espaços que estavam vazios.
“Os moradores gostaram demais. Isso trouxe alegria durante o isolamento social, pois todos os apartamentos são virados de frente para o jardim”, celebra Tania. Segundo a gestora, “um paisagismo bem feito, com planejamento, traz sombra para o condomínio, frescor”. Mas deve incluir uma dose de sustentabilidade, com o uso racional da água através de irrigação automática e reuso com o aproveitamento da água da chuva.
Matéria complementar da edição – 260 – setembro/2020 da Revista Direcional Condomínios
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