Uma sugestão de roteiro para a modernização elétrica no condomínio

Os condomínios apostam na modernização elétrica buscando a segurança da edificação e dos usuários, além do conforto, e justamente por isso o processo demanda estudos, uma organização prévia e acompanhamento. O engenheiro elétrico e de segurança Ayrton Barros sugere, na entrevista abaixo e das páginas seguintes, um roteiro aos síndicos que estejam programando fazer esse tipo de investimento no prédio.

Síndico

Ayrton Barros, engenheiro elétrico e de segurança

– Laudo elétrico completo: O 1º passo da modernização

O ponto de partida de um processo de modernização é contratar um parecer técnico da instalações elétricas do condomínio, junto com a análise termográfica e classificação dos graus de urgência e risco. Este parecer deve retratar a situação dos quadros de energia e de luz da edificação, mostrando as conformidades e, principalmente, as não conformidades, de forma que se possa ter um escopo para o atendimento às normas técnicas e legislações vigentes.

O quadros de energia energizam motores. Já os quadros de luz energizam a parte da iluminação e tomadas. A análise termográfica aponta locais com problemas de mau contato, desbalanceamento e sobrecarga, motivada por problemas no dimensionamento em função da carga de energia necessária às áreas comuns e unidades privativas. Já os graus de urgência e de risco orientam o síndico quanto à ordem de prioridade das adequações, bem como aos riscos envolvidos.

– 2º Passo: Estudo de atualização da carga

A atualização da carga da edificação busca, em geral, viabilizar a instalação segura do ar-condicionado nas unidades privativas. Caso o condomínio não disponha de verba para promover todas as obras necessárias para o aumento de carga, ele poderá adequar os quadros inicialmente, até possuir recursos para promover essa mudança. Atenção, somente a adequação não possibilita instalar com segurança o a-rcondicionado!

– 3º Passo: Atualização da carga na unidade

Esse upgrade depende, em primeiro lugar, da aprovação pela concessionária do novo projeto de entrada de energia na edificação. Assim que aprovado, a obra necessária para a atualização da carga poderá ser iniciada. Dependendo da nova carga, a concessionária poderá solicitar até a substituição do poste de entrada de energia.

Entre as demais instalações que demandam modernização, estão:

– O centro de medição, onde usualmente é trocado o quadro de entrada de energia, utilizando uma caixa compacta (QDC 21), pois agora é necessário o seccionamento (desligamento) individual das caixas onde estão os medidores e disjuntores das unidades (caixas N);

– Também aqui o quadro de alimentação das áreas comuns costuma ser substituído por um novo (caixa H). Já o quadro de alimentação da bomba de incêndio (caixa E), caso exista, poderá ser mantido; se não existir, ele deverá ser instalado;

– Na maior parte dos condomínios que são modernizados, as caixas tipo N do centro de medição, que antigamente possuíam até 16 medidores, agora abrigam apenas 12 equipamentos. Esta caixa traz hoje os barramentos na parte inferior; os medidores na porção central; e a caixa porta-base na parte superior, acima do barramento e relógios. É essa caixa porta-base que recebe os disjuntores de cada unidade. Já nos condomínios que optam pela instalação do sistema busway, o qual substitui a fiação das prumadas por barramentos, estes dispositivos, além das caixas com medidores e disjuntores, ficam nos andares e não mais no centro de medição.

– 4º Passo: Contratações

A – Para o estudo de carga e o desenvolvimento do novo projeto, é necessário contratar um profissional legalmente habilitado. Este trabalho terminará com a apresentação do novo projeto elétrico aprovado pela concessionária;

B – Para a execução dos serviços de atualização da carga da edificação, recomenda- se contratar uma empresa de engenharia, para dois tipos de serviços: 1º) Os de engenharia elétrica, que terá de fazer as instalações provisórias, de forma a manter o fornecimento de energia à edificação enquanto durarem a obras; 2º) E os de engenharia civil, pois sempre há necessidade de obras de adequação física no centro de medição para a instalação dos novos quadros;

C – Para acompanhar a execução dos serviços e obras da modernização, recomenda- se que o condomínio contrate um engenheiro elétrico independente do prestador de serviços, certificando-se, por exemplo, que os materiais empregados sejam os mesmos constantes da proposta aprovada. O engenheiro irá ainda verificar as soluções adotadas pela empresa que está fazendo a atualização da carga, pois usualmente os eletrodutos existentes para a energização das unidades são antigos, podem estar danificados e/ou não permitem que novos condutores passem através deles, obrigando o condomínio a dar um novo encaminhamento para as prumadas.

Estas poderão ser instaladas na antiga lixeira ou criando-se um shaft de elétrica nos halls dos andares.

– 5º Passo: Cronograma

É fundamental um cronograma para a obra, possibilitando acompanhar a evolução dos trabalhos. Em geral, o serviço de atualização da carga requer substituição das prumadas desde o centro de medição até o quadro de energia dentro da unidade. Uma das dificuldades é cumprir o cronograma de ligação nos apartamentos, pois isso afeta a rotina dos moradores.

– dicas aos síndicos e corpo diretivo para os serviços nas unidades

a) A obra para a troca dos cabos no apartamento é entregue em acabamento de massa fina desempenada;

b) O morador é o responsável pelo acabamento fino e repintura dentro da sua unidade, pois o condomínio não tem como garantir a reposição de revestimentos fora de linha, tampouco que uma nova pintura fique homogênea à de todo o ambiente;

c) Não quitar a obra antes do seu término, pois em caso de descumprimento do contrato, o condomínio ainda possui um valor retido;

d) Exigir a ART do projeto de quem o executou;

e) Exigir a ART de execução de quem efetuou a modernização.

– Pós-obra

Encerrada a modernização, a empresa responsável deve solicitar à concessionária a instalação de novos medidores para as unidades e o religamento da energia da edificação. O engenheiro contratado para acompanhar o retroflit elétrico é o responsável pelo aceite da obra.


Matéria publicada na edição – 266 – abri/2021 da Revista Direcional Condomínios

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