Novas texturas e pastilhas mudam o entorno do condomínio após modernização

Um quarteirão inteiro localizado no Alto da Bela Vista, em São Paulo, possui condomínios residenciais construídos nos anos 70 com estruturas robustas, derivados de um mesmo projeto, mas separados e demarcados por diferenças nas cores das pastilhas que ornam as suas fachadas.

Fachadas de prédios

Fachada de fundos abaixo e, ao lado, detalhe da “pingadeira” em granito instalada na base das janelas do Condomínio Messina, que investiu na recuperação e retrofit da fachada

Alguns deles estão modernizando esse sistema, caso do Edifício Messina, prédio de 56 unidades e 14 andares que possuía pastilhas brancas, na cor cinza e em diferentes tonalidades de amarelo. Desde o princípio deste ano sua fachada exibe outro acabamento, uma textura que alterna as cores “chocolate em pó” (uma variação do marrom) e “luar” (um tom bem mais claro).

Síndico orgânico há cerca de seis anos do prédio, o advogado Caio Blaj afirma que o condomínio já vinha há tempos promovendo arrecadação extra para a recuperação da fachada. A ideia inicial era trocar o revestimento cerâmico, mas “quando chegou a hora de fazer o serviço, o custo havia dobrado”. Por isso, a textura substituiu as pastilhas, já que não havia mais como protelar a obra depois de um incidente (um pedaço de reboco caíra de madrugada sobre a área comum), e o valor então arrecadado era suficiente para quitar os trabalhos nesse tipo de acabamento.

A situação estava precária, acrescenta Caio, que aprovou a obra em assembleia e contratou um serviço de engenharia para fazer o acompanhamento dos trabalhos. “Uma comissão de obras constituída na assembleia ficou encarregada de propor as novas cores para a decisão dos condôminos”, diz o síndico.

“Recuperação Cirúrgica”

Segundo Eng. Rejane Saute Berezovsky, a fachada do Edifício Messina tinha infiltrações ocultas, que ao longo do tempo deterioraram os contramarcos metálicos das janelas e provocaram “corrosão profunda” nas armaduras da estrutura, promovendo o desplacamento das pastilhas. Vigas de sustentação e fixação das venezianas dos quartos “não apresentavam mais armadura em alguns casos”. “Quando fizemos a prospecção da fachada para executar o trabalho, percebemos que havia risco iminente de caírem”, diz. “Também o peitoril das janelas, que era em pastilha, apresentava problemas, era um dos pontos pelos quais a água infiltrava na estrutura, provocando também o desplacamento de revestimentos”, completa a engenheira.

“Foi uma recuperação estrutural e cirúrgica, em muitos pontos tivemos que fazer substituição total da armadura das vigas.” As obras foram contratadas em 2018, executadas ao longo dos anos de 2019 e 2020, e concluídas no início de 2021. O condomínio aproveitou para mudar o aterramento do sistema de para-raios, inserindo-o no corpo da edificação.

Esse cenário de “criticidade elevada”, com desplacamentos e riscos à segurança das pessoas, é comum nos prédios com falta de manutenção, aponta a especialista. Segundo ela, um trabalho adequado de recuperação demanda que se faça antes a prospecção do estado da fachada. “No caso do Messina, marcamos e retiramos as pastilhas que precisavam ser removidas (cerca de 30% do total), pois não podíamos aplicar o novo revestimento sobre uma base não aderida à alvenaria. A pastilha que estava íntegra, aderida, foi mantida, porque é um bom impermeabilizante e confere isolamento térmico”, explica.

Depois da prospecção, a fachada foi lavada, recebendo tratamentos nas ferragens e trincas, além de novas armaduras onde havia necessidade. Já a pastilha que permaneceu foi tratada com seladora e niveladora de forma a garantir a aderência da textura aplicada ao final. “O trabalho precisa ser feito com muito critério, com uma boa ponte de aderência, para evitar problemas futuros.” Rejane destaca ainda que o condomínio decidiu instalar pingadeiras de granito em todas as janelas, o que é fundamental para evitar que a água escorra, não infiltre nem manche a superfície.

Para o síndico Caio Blaj, o resultado foi aprovado pelos condôminos, já que o Edifício Messina fez a sua parte no processo de renovação do entorno.

Fachada degradada

Detalhe de fachada degradada em prédio próximo ao Ed. Messina. Ambos derivam do mesmo projeto construtivo


Matéria publicada na edição – 267 – mai/2021 da Revista Direcional Condomínios

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