Cerca de 80% das edificações em São Paulo, notadamente as residenciais, dispõem de um sistema de abastecimento de água potável baseado em bombas de recalque sob comando elétrico, responsáveis por manter os níveis adequados nos reservatórios superiores. E, de acordo com a altura do prédio, o sistema precisa ainda do suporte de bombas de pressurização para garantir água nas torneiras das unidades superiores; e de válvulas redutoras de pressão para os andares inferiores.
Entretanto, o serviço de manutenção dessas instalações começa a mudar, pois “os síndicos estão com uma nova visão de qualidade de serviços, visando à economia de energia, do consumo d’água e aos gastos menores com os serviços corretivos desses equipamentos”, apontam os engenheiros mecânicos Stefano Klein e José Roberto Vasconcellos Junior.
“As bombas de recalque convencionais se caracterizam pelo funcionamento contínuo, até o enchimento do reservatório superior. Elas operam no esquema de liga e desliga, com elevado gasto energético na partida, que precisa de alta velocidade constante. Dependendo do tipo de instalação, as bombas podem gerar ainda muito ruído, que é transmitido às tubulações de recalque (prumadas), incomodando os condôminos. Se as válvulas de retenção não estiverem em perfeito funcionamento e bem dimensionadas, na parada do motor, o volume de água nessa tubulação retorna, produzindo o fenômeno de golpe de aríete, podendo provocar sérios danos à instalação”, descrevem os especialistas. Nesse tipo de equipamento, já há possibilidade de reduzir o consumo de energia e gastos com intervenções corretivas por meio de um programa de manutenção que observa sua regulagem, condições de instalação e operação.
Qualificação
Entretanto, é nos prédios mais novos que a tecnologia e a necessidade de qualificação dos técnicos da manutenção dão um salto, pois entram em cena bombas de recalque e sistemas de pressurização com comando eletrônico (inversor de frequência). “Estamos na chamada era tecnológica das bombas. O inversor começou a surgir no mercado para condomínios há quinze anos. Existem hoje condomínios com todo sistema composto por bombas pressurizadas, sem reservatórios superiores. Ou seja, a água é distribuída de baixo para cima, com pressões idênticas”, observam os engenheiros.
A modernização impõe um novo desafio aos síndicos, que precisam de mão de obra treinada pelos próprios fabricantes desses equipamentos, destacam. Não à toa, condomínios residenciais novos se deparam, eventualmente, com a paralisação do sistema, já que, por exemplo, há casos de queda brusca de energia em que ele precisa ser não apenas reiniciado, como reconfigurado, explicam. “Há uma arquitetura de informação embarcada nesses sistemas, baseada em algoritmos, cuja leitura e operação se dá através da troca de dados conforme ajuste (configuração) inicial correspondente ao seu projeto.”
Segundo eles, esse padrão de equipamento impõe a necessidade de manutenção preditiva e corretiva especializada. De outro modo, as vantagens para o condomínio residem no ganho de “eficiência hidro-energética”, afirmam. “A economia de energia do sistema de pressurização comparado com o sistema tradicional de bombeamento é significativa (de 30% a 40%), assim como a redução do ruído e a manutenção com valores constantes”, completam Stefano e José Roberto.
Os engenheiros recomendam que os condomínios providenciem a ligação desse sistema ao gerador do prédio, “pois, em caso de queda de energia, ele permanecerá ativo e não correrá o risco de perder a programação”. E ressaltam que alguns gestores, por dificuldades de manutenção, estão desligando o comando eletrônico e optando pela operação convencional. “Fazer isso equivale, comparativamente, a se abrir mão do sistema de injeção eletrônica nos veículos”, ilustram.
MANUTENÇÃO ESPECIALIZADA – Imagem de uma das bombas de pressurização do Condomínio Innova Blue, em Osasco, com inversor de frequência (comando eletrônico). Para o síndico profissional Celso de Souza Lima, um contrato permanente de manutenção especializada tem ajudado sua gestão a assegurar o pleno funcionamento das bombas do empreendimento vizinho a São Paulo, Capital. Com seis torres de 16 e 17 andares, 840 apartamentos de dois e três dormitórios, o Innova Blue possui bombas de recalque convencionais (duas por prédio), mas as bombas de pressurização, instaladas no barrilete superior, possuem a nova tecnologia.
“Nesse sistema, o motor gira de forma contínua, mas em baixa velocidade, acelerando quando necessário”, explica. “O gasto com a energia é menor, diferente da bomba de recalque sem inversor.” No entanto, mesmo nas bombas convencionais, o condomínio dispõe de um programa de controle da energia que elas consomem, já que uma variação pode indicar problemas mecânicos. “Conforme o consumo aumenta, é feita a manutenção preventiva”, diz. As medições são mensais.
O contrato prevê ainda assistência técnica 24 horas, limpeza, reaperto dos parafusos dos quadros elétricos a cada dois meses e manutenção anual das bombas de pressurização, em parceria com o fabricante. O Innova Blue foi implantado em 2012 e possui ainda seis bombas de incêndio, seis na piscina e uma bomba no poço artesiano.
Matéria publicada na edição – 245 – maio/2019 da Revista Direcional Condomínios
Não reproduza o conteúdo sem autorização do Grupo Direcional. Este site está protegido pela Lei de Direitos Autorais. (Lei 9610 de 19/02/1998), sua reprodução total ou parcial é proibida nos termos da Lei.