Manifestações patológicas devem ser avaliadas e/ou monitoradas para que não se agravem nem tragam perda de desempenho, o que comprometeria a segurança, habitabilidade ou durabilidade do sistema.
1. Introdução
Na maioria das vezes, as edificações, independentemente da idade, normalmente possuem algumas anomalias na vedação externa da edificação (fachada), devendo ser avaliadas e/ou monitoradas para que não se agravem e tragam perda de desempenho, comprometendo a segurança, habitabilidade ou durabilidade, uma vez que isso traria prejuízos diretos aos usuários.
Segundo o CIB (International Council for Research and Innovation in Building and Construction [ver referência 1 ao final do texto]), os defeitos mais comuns em paredes de alvenaria são:
- “Rachaduras devido ao assentamento de fundações;
- Esmagamento local devido a altas cargas;
- Corrosão de elementos metálicos ou reações químicas;
- Mudanças indesejadas nas propriedades físicas dos materiais devido à presença de água (umidade), afetando a durabilidade, a estética e as condições ambientais dos edifícios;
- Rachaduras devido à interação de elementos não estruturais com os elementos estruturais;
- Envelhecimento e degradação dos materiais, em especial dos sistemas de acabamento, devido à exposição contínua no meio ambiente, uso inadequado ou ausência de procedimentos de manutenção;
- Comportamento inadequado em outros aspectos (conforto ambiental, consumo de energia etc.)”.
O Fluxograma 1 abaixo apresenta os principais sintomas de manifestações patológicas e as principais causas que as geram.
Fluxograma 1: Principais causas e manifestações patológicas em fachadas convencionais
Fonte: CIB – International Council for Research and Innovation in Building and Construction
2. Movimentação Térmica
Na Figura 1 abaixo está ilustrado um esquema de fissuração típica de movimentação térmica em elementos de concreto armado que geram danos às alvenarias. Tal fenômeno é facilmente observado em coberturas planas, ou elementos expostos, devido a estar mais exposto à radiação solar direta, gerando assim movimentos devido à alteração de volume pelo calor [ver referência 2 ao final do texto].
Figura 1: Fissura horizontal na interface entre a laje e a parede por movimentação térmica da laje
Fonte: Referência [2] ao final do texto
3. Movimentação higroscópica (por umidade)
A Figura 2 abaixo indica a ocorrência de um caso de fissura provocada pela expansão de blocos, tijolos ou argamassas pela absorção de umidade.
Figura 2: Fissura horizontal na base da parede por expansão da alvenaria na presença de umidade ascendente
Fonte: Referência [3] ao final do texto
4. Expansão de constituintes da argamassa
Na expansão de constituintes da argamassa, dependendo da intensidade deste movimento, poderão ocorrer casos semelhantes aos de dilatação hidrotérmica. Em argamassa de assentamento, a sua expansão pode gerar fissuras horizontais nas juntas do mesmo, normalmente próximo ao topo das alvenarias, devido à menor compressão do peso próprio [2], conforme Figura 3 abaixo.
Figura 3: Fissuras horizontais por expansão da argamassa causada por reações químicas
Fonte: Referência [3] ao final do texto
5. Lixiviação
As eflorescências (Figura 4) se manifestam na superfície das alvenarias, ou outros materiais, quando a água penetra através do material e solubiliza alguns compostos, os depositando na superfície (lixiviação). Esse mecanismo traz inicialmente prejuízos estéticos, mas com o passar do tempo pode gerar o descolamento da película de pintura (se houver) e, dependendo da quantidade de umidade e dos sais que trouxer, pode ocasionar a expansão da argamassa de assentamento e/ou revestimento, e a água, com o tempo, também pode gerar erosão do material.
Figura 4: Parede de tijolo cerâmico com eflorescência e erosão superficial
Foto: Eng. Civil Marcus Vinícius Fernandes Grossi
Conclusão
Dentro dos edifícios analisados por esse autor, a origem das irregularidades se dá principalmente na fase de projeto, tanto pela falta de um projeto específico de fachada, quanto pela falta de detalhamentos construtivos de amarração de alvenarias, reforço de revestimentos, inclusão de juntas de movimentação etc. Isso demonstra que as ações a serem tomadas não dependem de inovação tecnológica, mas sim de elaboração de melhores projetos e diretrizes construtivas. O que, na minha opinião, não são feitas para se economizar dinheiro, porém se geram problemas de difícil solução depois de executado, que muitas vezes são crônicos, que poderão gerar custos muito mais altos para reparos e manutenção.
Referências
- 1 – CIB – International Council for Research and Innovation in Building and Construction. Defects in Masonry Walls. Guidance on Cracking: Identification, Prevention and Repair. Netherlands. 2014. 79 p.
- 2 – THOMAZ, Ercio. Trinca em edifícios: causas, prevenção e recuperação. São Paulo: IPT/EPUSP/PINI, 1989. 194 p.
- 3 – DUARTE, Roberto Bastos. Fissuras em alvenarias: causas principais, medidas preventivas e técnicas de recuperação. Porto Alegre: CIENTEC, 1998. Boletim técnico nº 25.
Matéria complementar da edição – 235 – junho/2018 da Revista Direcional Condomínios
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