2021: As expectativas da Gestão foram atingidas no condomínio?

Síndica relata as difificuldades superadas na implantação do condomínio em meio à pandemia

Síndica

Juliana Aparecida da Silva, Bacharel em Logística e Síndica Profissional

A implantação de um condomínio não é uma tarefa fácil, dadas as diversas obrigações legais que a construtora, por meio da incorporadora, em conjunto com a administradora e o primeiro síndico deverão cumprir para legalizar o registro do condomínio. Agora, imagine realizar tudo isso sem o respaldo da incorporadora e, para piorar, justamente no início de uma pandemia que provocou a paralisação dos processos administrativos habituais? Foi o que enfrentou Juliana Aparecida da Silva, 39 anos, bacharel em logística e administração de condomínios, síndica profissional que atualmente administra mais de 300 unidades, entre casas e apartamentos.

O início da pandemia em 2020 trouxe para a gestão condominial, que já é complexa, desafios ainda maiores. E agora, terminando 2021, mesmo com a pandemia em curso, os síndicos estão olhando os projetos congelados e repensando nas estratégias e seus planos de despesas.

A pandemia foi desafiadora para Juliana, que se propôs a ser síndica do seu condomínio, implantado no final de 2019 e não imaginava o que estava por vir. “Eu assumi já na implantação, sendo a primeira síndica. A construtora já tinha apresentado uma previsão orçamentária daquele período, mas totalmente fora da realidade e o prédio tinha muitos problemas a serem resolvidos, mas eu não tinha noção da avalanche de problemas que teria que enfrentar”, comenta.

E não demorou para os problemas aparecerem, tendo que correr contra o tempo para regularizar a situação legal do condomínio. “O condomínio não estava nem registrado, sendo que inicialmente era tudo vinculado ao meu CPF, todos os contratos estavam em meu nome. Tive que fazer todo o processo de registro do CNPJ, para então corrigir as finanças e regularizar a situação fiscal do condomínio”.

Sabendo da realidade do condomínio, percebeu que existiam muitas pendências urgentes, mas nada era mais importante do que rever a previsão orçamentária para não ter problemas na prestação de contas. E quando há divergências é necessário avaliar e tomar uma decisão imediata. Juliana descobriu que até a classificação da cobrança da conta de consumo de água estava errada. “Tive grandes problemas com a concessionária de água, fui várias vezes no posto de atendimento para resolver a questão da tarifa, uma vez que a fatura ainda estava registrada no nome da construtora e numa classificação comercial, que é bem mais cara que a residencial. Após a regularização a conta de água caiu 60%, dando um alívio ao orçamento”, relata.

Nos primeiros meses de existência do condomínio, há uma série de ações que o síndico precisa tomar, como o recebimento do enxoval das áreas comuns, de acordo com o projeto da incorporadora. Nesse momento, uma conferência minuciosa é fundamental, para que o condomínio não acabe arcando com despesas que deveriam ser da obrigação da construtora, e nesse sentido, o primeiro síndico tem um papel primordial.

“A construtora me entregou o condomínio sem os equipamentos previstos no memorial descritivo, mas liberou os recursos. Compramos: enxoval das áreas comuns, freezer, microondas e mesas. Fizemos a cobertura, decoramos o salão de festas, adequamos a área do playground e até demarcamos a quadra recreativa, pois não havia um espaço para as crianças praticarem esportes”.

No contexto da pandemia, enquanto parte da população ficou reclusa, trabalhando em homeoffice, outros perderam emprego ou tiveram seus salários reduzidos. Assim, medidas de incentivo à economia local, como a venda de produtos e serviços no condomínio, complementaram a renda de diversas famílias. “Eu incentivo a economia solidária, onde moradores do condomínio vendem produtos e serviços aos vizinhos, formando assim, pequenos empreendedores, complementando a renda familiar. Foi criado um canal de comunicação exclusivo para atender a este grupo de moradores, que tem funcionado muito bem”, explicou.

Juliana aponta que com essas ações, nesses dois anos difíceis pelo cenário da pandemia, conseguiu driblar os desafios e colocar o condomínio em ordem, sem reajustar a cota condominial. “Com a inadimplência controlada, na casa dos 3,5% e a correção da previsão orçamentária sem aumentar as despesas, tive o reconhecimento dos moradores, que foi muito gratificante. Fui reeleita por unanimidade, sem candidato concorrente”, comentou entusiasmada.

O síndico precisa atender às necessidades do condomínio, estabelecendo as prioridades, precisa estar presente, fazer uma gestão transparente e estar atento aos moradores. “Reservar um tempo na rotina para ouvir os condôminos e estabelecer um plantão de atendimento são primordiais para o sucesso dos síndicos”, finaliza Juliana.

O ano de 2021 está terminando. E você, já preparou o seu plano de gestão para 2022? Não deixe para última hora. E ouvir os moradores é muito importante neste processo, fazer uma pesquisa de satisfação é uma boa prática. É muito bom planejar, executar, comunicar cada etapa e apresentar os resultados em Assembleia Geral Ordinária, na prestação de contas. Bom trabalho.


Matéria publicada na edição – 273 – nov/2021 da Revista Direcional Condomínios

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