É muito comum nos dias de hoje trocarmos com uma certa frequência nossos equipamentos eletrônicos como smartphone, tablet e notebook, para adequá-los às nossas necessidades não é mesmo? Imagino que você faça uma busca para compreender qual o melhor modelo e as melhores configurações e, na sequência, busca um aparelho que esteja dentro do seu orçamento. Estas trocas ocorrem em média a cada 2 anos, dependendo da sua utilização e/ou da sua condição financeira. Durante o tempo em que você está utilizando o seu equipamento é comum fazer algumas limpezas de arquivos desnecessários, como aquelas imagens que já não interessam mais, aplicativos sem uso, além de trocar a capinha e a película protetora. Na verdade, você faz uma manutenção, até poder trocar por um novo. Com o seu carro não é muito diferente, certo? Depois de alguns anos de uso você troca por um modelo melhor e mais novo e, quando vai fazer a troca, sempre faz um planejamento e busca o que melhor lhe atende. Mais econômico, mais espaçoso, mais potente e por aí vai. Durante o tempo em que fica com ele, precisa fazer as manutenções e, a menos que você seja um mecânico, leva o carro em um especialista que vai avaliar todos os possíveis problemas e lhe sugerir as correções.
Pois bem, um imóvel também precisa de manutenções e a instalação elétrica é uma delas. A diferença entre o eletrônico, o carro e o imóvel é o tempo médio que ficamos nele. Enquanto se troca um celular a cada dois anos e um carro a cada 5, o imóvel demora em média 20 anos, então, temos que tomar o máximo de cuidado com sua manutenção. Estudos mostram que uma instalação elétrica bem dimensionada e com manutenções periódicas pode durar até 20 anos, mas…… uma instalação elétrica pode até estar corretamente dimensionada para uma determinada época, porém, com o passar do tempo, vamos inserindo mais e mais equipamentos e com isto a instalação passa a não estar mais de acordo. Isto não acontece somente dentro das nossas casas, mas nas áreas comuns dos condomínios, a condição é a mesma. Isto nos leva a lembrar a todos que é necessário fazer a adequação em forma de manutenção.
A Abracopel – Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade, publica o Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica e nele temos conhecimento de mais de 500 incêndios gerados por sobrecarga, sendo que quase 300 são em ambientes residenciais, sendo alguns em áreas comuns. Isto é uma preocupação muito grande, pois o ambiente que deveríamos estar em segurança acaba nos colocando em risco. Desta forma preparei uma série de dicas que poderão lhes ajudar na avaliação do risco em sua residência ou condomínio, já que todos podem e devem zelar pelo ambiente onde vivem ou passam parte do tempo.
Uma regra importante: quando fizer a avaliação e estabelecer o nível de risco que sua instalação elétrica se encontra, contrate um profissional habilitado e atualizado para iniciar a revisão e adequação:
- Há quanto tempo você não faz uma revisão na instalação elétrica? Se faz mais de 5 anos, recomendo que chame um profissional habilitado para fazer uma boa vistoria e lhe entregar um laudo dos possíveis problemas. Lembre-se, eletricidade não tem cheiro nem cor, mas causa uma série de acidentes e muitos deles fatais.
- A instalação elétrica possui um projeto elétrico? A importância do projeto se dá por vários motivos, como por exemplo: economia de energia, segurança, preparação para ampliação futura, definição de manutenção entre outros. O projeto deve estar atualizado e refletir o que tem instalado, ou seja, com todos os requisitos descritos no projeto. Cuidado! Se não tem projeto, sua instalação pode estar inadequada e por isto pode estar em risco.
- As tomadas da instalação são de 3 polos e o condutor de proteção (Fio terra), está instalado adequadamente? Alguns equipamentos, principalmente os que possuem carcaças metálicas, precisam estar aterrados adequadamente para não colocar em risco quem o utiliza, diminuindo o efeito do choque elétrico nas pessoas e animais. Se a instalação sob sua responsabilidade não possui todas as tomadas de 3 polos ou não tem o “fio terra”, chame um profissional imediatamente para substituir a tomada e instalar o sistema de aterramento.
- É utilizado benjamin, TE ou extensão em alguma parte da instalação? Se sim, livre-se deles o mais rápido possível. Estes dispositivos são passíveis de criar uma sobrecarga na instalação e com isto iniciar um incêndio. Estes dispositivos devem ser usados de forma provisória e só com baixas potências como aparelhos de TV a cabo e a TV, Notebook e impressora pequena entre outros. Nunca use com equipamentos mais potentes como geladeira, ferro de passar, secador de cabelo, torradeira entre outros, pois o risco aumenta consideravelmente.
- Há algum adaptador de tomadas de 20 A para 10 A em algum equipamento? Normalmente é usado em micro-ondas ou equipamentos pessoais como secadores, chapinhas etc. Se sim, remova-os imediatamente. Equipamentos que possuem tomadas com pino mais grosso são mais potentes e consomem corrente maior que 10 A. As tomadas de uso geral são projetadas para suportar no máximo 10 A e se submetidas a correntes maiores podem superaquecer e iniciar um incêndio. Chame um profissional habilitado para verificar se a instalação suporta e então instale tomada para 20 A. Mas não faça somente a substituição, avalie se os fios e a instalação suportam esta carga.
- Os circuitos de iluminação e tomadas estão separados, ou seja, se desligar o disjuntor das tomadas, a iluminação ainda funciona? Esta é uma prática de uma boa instalação elétrica e faz parte das normas técnicas. Isto para garantir a segurança na atuação de dispositivos, mas também serve quando ao substituir uma lâmpada, você possa se valer de um abajur, por exemplo. Se sua instalação não é assim, chame um profissional para adequar.
- Os circuitos que usam equipamentos com maior potência, como chuveiro elétrico, torneira elétrica, micro-ondas entre outros, estão protegidos por um disjuntor exclusivo para cada um e possuem circuitos exclusivos? Se não, é importante adequar. As normas preconizam que circuitos de uso específico devem ser atendidos por circuitos exclusivos. Segue a regra de chamar o Profissional habilitado para fazer.
- Há DR (Dispositivo Diferencial Residual) instalado nos circuitos elétricos, que atendam áreas molhadas como cozinha, salão de festa, piscina e áreas externas, por exemplo, e está funcionando? O DR parece um disjuntor, mas tem um botão de teste. Acione o botão e se ele desligar está tudo OK. Este dispositivo evita o choque elétrico e salva vidas, desligando imediatamente a energia em uma situação de risco de choque elétrico.
- Há DPS (Dispositivo de Proteção contra Surtos), instalado no quadro de distribuição de energia (quadro de luz)? Na ocorrência de uma descarga atmosférica (raio), este dispositivo protege os equipamentos eletrônicos. Em épocas de tempestades, costuma acontecer queima de equipamentos eletrônicos, como portões, elevadores, monitoramente, TV etc. O DPS irá salvar estes equipamentos. Ao identificar se estão instalados, verifique se eles estão ativos (normalmente tem uma indicação verde ou vermelha). Se não estiver ativo, chame o profissional para substituir. Se não tem instalado, instale antes que as chuvas cheguem e tragam as tempestades com descargas atmosféricas (raios).
- Todas as tomadas ou caixa de passagem estão com tampa? Se tiver alguma sem ou com a tampa danificada, arrume imediatamente. Se alguma tomada apresentar sinais de aquecimento, chame o profissional para substituí-la imediatamente, pois há risco de incêndio. Isto vale também para fios soltos sem proteção mecânica. Mesmo que seja em jardim, cuidado, pode ocorrer um choque elétrico.
Como podemos ver, a eletricidade oferece uma série de riscos, e a manutenção da instalação deve ocorrer ao menos a cada 5 anos, mas ao sinal de alguma anomalia, não espere, pois os riscos com eletricidade podem causar acidentes fatais.
Respondendo a pergunta que fiz no título desta matéria, nem toda a reforma precisa de um projeto elétrico, como no caso de substituições de componentes por outros de mesmas características. Mas se a reforma vai aumentar a carga elétrica, ou se vai separar circuitos, ou ainda instalar mais tomadas, é importante que esta etapa seja precedida de um projeto elétrico realizado de acordo com as normas técnicas e elaborado por um profissional registrado junto ao CREA (Engenheiro Eletricista) ou CFT (Técnico em Eletrotécnica) dentro das suas atribuições.
Matéria publicada na edição – 275 – fev/2022 da Revista Direcional Condomínios
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