Segurança: Ampla vigilância em condomínios

Sistema de portaria remota entrega alta performance com totens de vigilância; portões de garagem são blindados contra arrombamento.

Sala de monitoramento de segurança

No começo de 2020, na fase de isolamento social imposto pela pandemia, a síndica profissional Gláucia La Regina conseguiu aprovar o sistema de portaria remota em um dos condomínios que administra, um residencial de uma torre na zona oeste. “Na época, já vínhamos conversando sobre essa possibilidade, porque reduziria gastos e aumentaria a segurança, mas alguns condôminos ainda estavam resistentes em migrar para portaria remota. Então veio a pandemia, um dos porteiros se afastou por ser do grupo de risco, e os moradores começaram a perceber que os outros dois porteiros poderiam precisar se afastar por motivo de saúde em algum momento. Caso acontecesse, quem ficaria na guarita, o morador? O modelo remoto, com atendimento 24 horas, se tornou uma opção e, com isso, todos concordaram na implantação”, esclarece.

A transição foi bem-sucedida segundo a síndica, até mesmo porque muitos condôminos já haviam tido contato com esse sistema ao visitar amigos e familiares em outros condomínios. “´Participei de todas as etapas da mudança, como cadastrar todos os moradores, e a transição realmente dá um certo trabalho, mas depois facilita muito a nossa vida, especialmente na questão da segurança”, destaca. “Na portaria convencional, é notório que a maioria das invasões acontece pela porta da frente, com bandidos ludibriando os porteiros. Por mais que treinemos os funcionários, sempre haverá um disfarce novo. Já na remota, os protocolos de acesso são rigorosos”, compara.

Gláucia relata que nos últimos dois anos houve duas tentativas de invasão. Na primeira delas, uma inquilina havia desocupado o imóvel e, no dia seguinte, surgiu um homem se passando por funcionário da Comgás, alegando estar no local para desligar o gás. “O homem estava bem informado, disse que a inquilina havia solicitado o serviço, sabia o nome dela, o do proprietário e o número da unidade, mas ainda assim o operador de portaria remota não autorizou a entrada porque não havia comunicado algum de que a concessionária iria executar esse serviço”, fala a síndica. Outra tentativa de acesso envolveu uma senhora, supostamente estrangeira, falando com sotaque, se passando por visitante, e acompanhada por dois homens. “O operador estranhou a cena, contatou a moradora da unidade mencionada por ela, me contatou, e, mais uma vez, constatamos tratar-se de artimanha”.

Síndica Gláucia La Regina

Gláucia La Regina: rigor nos acessos

Por ocasião de ampla reforma de um apartamento desocupado, a síndica novamente comprovou o rigor dos operadores da portaria na liberação dos acessos. Segundo Gláucia, arquiteto, gesseiro, pintor ou pedreiro que não estivessem na listagem do sistema da portaria, não passavam da calçada. “Havia um protocolo, que foi seguido à risca”.

A gestora comenta que o condomínio da zona oeste já possuía boa estrutura de segurança antes da portaria eletrônica (como guarita blindada, eclusas e sistema de CFTV atualizado), mas que a proteção se tornou ainda mais robusta para receber o sistema remoto. “Fizemos adequações nos portões de pedestre e garagem, sendo que nestes últimos, revisamos fiação e motor”, diz Gláucia, e acrescenta: “Inclusive, há pouco tempo, reforçamos os portões com eletroímã mais potente para impedir a entrada de gangue de garagem, que furta bicicletas; agora, não cedem de forma alguma”.

De acordo com a gestora, após a migração da portaria física, os moradores se sentem mais protegidos também fora do condomínio, ao voltarem para casa de carro tarde da noite. “Se tiverem receio ou notarem algum movimento estranho, eles contatam a portaria por telefone, que os acompanham remotamente até estacionarem na garagem”. Gláucia, aliás, cita que um dos artefatos de segurança interessantes instalados pela portaria remota é um totem ao lado do portão da garagem. “Possui duas câmeras, botão de emergência e pisca ostensivamente à noite”, enumera.

Na zona leste, nos arredores do Jardim Anália Franco, o síndico morador Roberto Rodrigues relata que o condomínio onde vive há quatro anos, e do qual é gestor há somente seis meses, aderiu ao sistema de portaria remota tempos atrás, praticamente quando o segmento despontou no mercado. “O condomínio teve uma experiência frustrada no início, pois faltava preparo à empresa contratada”. Já a segunda prestadora que serviu ao condomínio era uma empresa de maior porte, porém o gestor comenta que deixava a desejar em alguns quesitos de proteção perimetral e foi substituída.

Síndico Roberto Rodrigues

Roberto Rodrigues: ‘estudo do terreno’

Militar da reserva, Roberto conta que foi treinado para estudar o terreno onde pisa e, portanto, avaliou a atual empresa detalhadamente antes do fechamento do contrato. Compartilha dicas para colegas que estejam pensando ao sistema de portaria eletrônica: “Visitar a base da empresa é fundamental, conhecer a tecnologia por detrás, saber quantos condomínios cada operador tem na tela, verificar como atua a supervisão desses operadores, tudo isso é muito importante. Assim como é importante que a empresa visite o condomínio e apresente um estudo de vulnerabilidade personalizado e minucioso. Não significa que um meliante não vá invadir um condomínio com segurança reforçada, porém sabemos que o mal intencionado não quer ter trabalho, então vai preferir locais de acesso mais fácil”.

O síndico comenta que a tecnologia está bastante favorável a segurança dos condomínios. “Existem empresas de portarias que dispõem de totens para serem colocados na calçada, com câmeras de monitoramento, e algumas dessas câmeras, as mais sofisticadas, captam imagens a distância, e se capturar a imagem de um foragido, o sistema faz a interface com a polícia”, aponta.

Prevenção Contra “Gangue da Garagem”

Meliantes, alguns bastante jovens, que se agrupam para arrombar portões em condomínios residenciais, são conhecidos como ‘‘Gangue da Garagem’’. Os criminosos adentram garagens e promovem um arrastão, furtando bicicletas, motocicletas e objetos como capacete – em agosto último, levaram até mesmo um veículo de um condomínio no Campo Belo, na zona sul. Para coibir essas ações criminosas, o Oficial da Polícia Militar – ESP José Elias de Godoy, especialista em segurança em condomínios e autor dos livros “Manual de Segurança em Condomínios’’ e “Técnicas de Segurança em Condomínios”, dá as seguintes orientações:

  1. Nos acessos de veículos deve-se tomar um cuidado especial uma vez que são locais de alta vulnerabilidade. É aconselhável que os prédios possuam sistema de enclausuramento (duplos portões) e que estes sejam intertravados, de forma que somente se abra o posterior após o fechamento do anterior, isso para se ter uma segunda barreira a fim de dificultar a invasão forçada.
  2. É imprescindível que se tenha travas especiais e reforçadas instaladas junto aos portões, que podem ser do modelo de pinos com solenoides. As travas são enterradas na parte de alvenaria, do chão e/ou nas laterais.
  3. Também pode-se instalar no portão fechaduras ou travas de eletroímã, de alto poder de empuxo, no mínimo com 300 kgf, de maneira que bloqueiem e impeçam o seu arrombamento.
  4. É necessário adaptar o reforço das travas para haver compatibilidade com o sistema de abertura dos portões, quer seja basculante, deslizante ou mesmo o pivotante.
  5. As entradas de veículos devem ser monitoradas por câmeras de CFTV, além de haver sensores de alarmes nos portões, os quais deverão estar ligados a sirenes, tudo ativado nas centrais de monitoramento.
  6. Os locais de fixação das bicicletas também devem ter sensores de alarmes.
  7. Os gestores dos condomínios precisam estar atentos para que a manutenção preventiva ou corretiva dos equipamentos não falhe, a fim de que funcionem corretamente e não causem surpresas no momento de necessidade e urgência.
  8. Acrescido a isto, deve-se treinar os funcionários para terem consciência para identificar situações suspeitas e terem conhecimento de como acionarem a polícia em situações emergenciais.

Matéria publicada na edição 293 set/2023 da Revista Direcional Condomínios

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