“Nosso elevador chegou ao fundo do poço”. Assim a síndica Maria de Fátima Brito Gibelli David define a situação vivida no Condomínio Edifício Alida. O prédio, construído há 45 anos e localizado nos Jardins, em São Paulo, sofreu alguns reveses em sua história, como o calote de uma administradora. Sem dinheiro em caixa e com seguidas gestões descuidando da manutenção, os elevadores foram dos itens que mais sentiram o abandono. “Houve uma pane total e o elevador social não tinha mais condições de funcionamento”, lembra.
A única saída foi a modernização – tanto técnica quanto da cabina. “É incrível, mas nosso elevador não era sequer aterrado. Consegui negociar a reforma para pagamento em 24 meses e hoje colhemos os ganhos. Os visitantes comentam como o prédio mudou com o elevador reformado. Percebemos a diferença em relação ao de serviço, que ainda é antigo: o social ficou muito mais silencioso e notamos também a economia de energia”, conta Fátima, feliz com os resultados. “Tenho certeza que valorizou muito o prédio. Colocamos no elevador o mesmo piso de granito do hall e ficou muito bonito.”
Visual atualizado, incluindo botoeiras adequadas às normas, funcionamento sem quebras constantes, economia na manutenção e na conta de luz. Os resultados são inúmeros quando se trata da modernização técnica e estética dos elevadores. Conforme o engenheiro mecânico Francisco Thurler Valente, autor de publicações técnicas e consultor na área de elevadores, com experiência de 40 anos no setor, a modernização deve ser analisada pelo síndico em algumas situações: quando uma parte do elevador apresenta riscos de acidentes graves e o mercado traz nova solução que proporciona a necessária segurança aos usuários; quando uma parte não existia e foi criada para prevenir situações perigosas aos usuários; se uma lei, regulamento ou norma assim o determinar (por exemplo, atendimento às normas da ABNT); e ainda quando há paradas frequentes, ocasionadas, por exemplo, pelo quadro de comando a relés, fita seletora, operador de porta etc. Fernando explica que certos casos exigem mesmo a troca do elevador. “Porém, instalações bem conservadas deveriam passar por um filtro levando em conta o custo e benefício da modernização”, aponta.
ATUALIZAÇÃO ELÉTRICA E MECÂNICA
Rogerio Meneguello, diretor do Seciesp (Sindicato das Empresas de Conservação, Manutenção e Instalação de Elevadores do Estado de São Paulo), afirma que a modernização técnica consiste em atualizar o elevador tanto na parte elétrica quanto na parte mecânica. “Ela poderá ocorrer de forma total ou progressiva, ou seja, por etapas. A modernização técnica padrão envolve a troca de quadro de comando, sensores de nivelamento, fiação completa (tanto fixa, quanto móvel), botoeiras de cabina e pavimento, caixa de inspeção na cabina e no poço e limites finais. É claro que existem mais itens, porém estes são os básicos.” Para Rogerio, é importante lembrar que na troca do quadro de comando o modelo a ser instalado deverá possuir um dispositivo acoplado chamado de VVF ou Inversor de Frequência. “Este dispositivo permite deixar a cabina sempre nivelada no pavimento independentemente da quantidade de peso existente dentro dela, elimina trancos na partida e na parada, alonga a vida útil da máquina de tração e motores e diminui o gasto com energia elétrica.” Ele explica como a economia de energia acontece: no momento da partida, todo motor elétrico, incluindo o do elevador, consome durante poucos segundos até cinco vezes mais que o consumo nominal. Conforme o diretor do Seciesp, o Inversor elimina esse pico, que é o responsável pelo desperdício de energia.
BELEZA E FUNCIONALIDADE
Certamente num processo de modernização as botoeiras serão substituídas. “Botoeiras muito antigas normalmente são incompatíveis com os comandos atuais”, afirma o engenheiro Francisco Valente. E devem ser trocadas principalmente porque são a parte mais visível dos elevadores para o usuário. “Nenhum morador tem acesso à casa de máquinas, à parte superior da cabina ou dentro do poço, onde serão substituídos componentes para a modernização. É claro que o usuário vai notar o conforto do elevador. Mas há o efeito psicológico, as botoeiras estão diante dos olhos”, pondera Meneguello.
Além de embelezar cabinas e pavimentos e mostrar ao morador que algo foi feito no elevador, as botoeiras modernas são mais funcionais. “As botoeiras também envolvem os displays que estão acoplados nela. Os displays são os números digitais que mostram o andar em que a cabina está. Hoje, atualmente, faz parte das normas técnicas ter displays nas botoeiras, e se o condomínio pretende modernizar seus elevadores, deve colocar itens de norma e deixar o elevador atualizado”, orienta o diretor do Seciesp. Geralmente os elevadores antigos que precisam passar por modernização técnica não possuem displays e sim as setas de sentido subindo e descendo. “Isso é coisa do passado, que ainda funciona com lâmpadas. Devemos considerar as botoeiras como um item básico numa modernização”, define, completando que também as identificações dos botões em Braille são exigência de normas técnicas.
Conforme Rogerio Meneguello, as botoeiras são itens fabricados sob encomenda para cada elevador. “É como fabricar uma roupa em um alfaiate. As medidas variam de prédio para prédio, assim como as tensões de alimentação e a forma com que as botoeiras são ligadas. Elas se adaptam a qualquer elevador desde que as medidas e informações técnicas forem passadas para o fabricante”, orienta.
Mas já são realidade elevadores sem botoeiras nas cabinas, especialmente em grandes condomínios comerciais. “São os elevadores ditos de chamada antecipada, que utilizam tecnologia de última geração. É um sistema de distribuição de chamadas muito sofisticado e eficiente que substitui as botoeiras de pavimento por terminais colocados no hall de entrada do edifício”, conta o engenheiro Francisco Valente. Segundo o especialista, ao invés de utilizar uma botoeira para realizar a chamada, o usuário interage com uma interface IHM (Interface Homem-Máquina), informando ao terminal seu pavimento de destino. O terminal então mostra o elevador que irá transportá-lo. “Já no elevador selecionado, o passageiro é levado ao piso de destino. Não há botoeira dentro da cabina, visto que a chamada de destino foi efetuada antes de entrar no elevador”, finaliza.
Matéria publicada na edição 158 jun/11 da Revista Direcional Condomínios
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