Enacon Secovi-SP 2016 discutiu novos caminhos da administração condominial

Encontro de administradoras de condomínios reuniu centenas de empresários e profissionais na sede do Secovi, entre os dias 5 e 6 de outubro, em São Paulo (Capital). Um dos destaques foi a mudança nos paradigmas de gestão e serviços nos condomínios.

Durante a abertura do encontro, o vice-presidente da Aabic (Associação das Administradoras de Bens, Imóveis e Condomínios de SP), Fábio Kurbhi, reiterou a importância do Enacon 2016, bem como a parceria feita com o Secovi-SP no desenvolvimento do Programa de Autorregulamentação da Administração de Condomínios (Proad). “Já temos 20 certificadas e contamos com os senhores para a ampliação deste número”, afirmou, acrescentando que o aperfeiçoamento dos profissionais e a modernização dos serviços devem ser constantes. “A tecnologia é uma grande aliada do nosso negócio. Porém, pode ser a vilã. A segurança digital merece atenção e investimento”, salientou Kurbhi.

Em seguida, Pedro Wähmann, presidente da CBCSI e do Secovi Rio, disse que dados dos últimos 10 anos mostram aumento contínuo de moradores em condomínios e que, consequentemente, os condomínios representam um admirável crescimento de consumidores de bens e serviços em todo Brasil. Segundo ele, para atender a demanda destes consumidores, há uma atividade intensa do Legislativo, com diversos projetos que afetam a vida condominial.

“Essa legislação, se não for bem tratada, pode interferir negativamente nos condomínios e no nosso ambiente de negócios. Temos buscado mostrar ao Legislativo uma visão mais racional da complexidade da vida condominial e da importância do trabalho das administradoras”, disse Wähmann, ressaltando a atuação da CBCSI que busca defender o setor, principalmente, no que se refere ao acompanhamento desta legislação.

O vice-presidente do Secovi-SP, Hubert Gebara, destacou o cuidado no planejamento e na realização do Enacon, que “busca oferecer às administradoras de imóveis e condomínios o que já de mais relevante e necessário para o sucesso de suas atividades”, mencionando as sucessivas transformações no universo das tecnologias, que repercutem diretamente nas relações e, consequentemente, na atividade de administração de condomínios.

“Da caneta tinteiro ao whatsapp, tudo aconteceu rápido demais. Hoje, fala-se em portaria virtual. Daqui a pouco a discussão será se a inteligência artificial substituirá o zelador, o síndico e, esperamos que não, as administradoras”, disse. “É preciso acompanhar a evolução tecnológica, utilizando os recursos para garantir eficiência na prestação de serviços. Isso implica em capacitar nossas equipes para adquirir novas habilidades, e o Enacon possibilita que tenhamos acesso a um rico”, completou.

Nelson Baeta, secretário-adjunto da Habitação do Estado de São Paulo, salientou a importância do segmento. “O sonho da casa própria vem atrelado ao setor de serviços, que cumpre papel importante na geração de empregos. Reconhecemos a importância deste segmento para a atividade econômica do Estado de São Paulo e do País”, afirmou Baeta, agradecendo o convite e cumprimentando os organizadores pela realização do evento.

Painel: tendências da administração de condomínios

Coordenado por Omar Anauate, diretor de condomínios da Aabic, o painel “Panorama da Administração Condominial” contou com palestras de Simone Camargo, vice-presidente de Condomínios do Secovi-RS, e Débora Mendonça, presidente da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi).

Anauate focalizou as novas tecnologias e serviços especializados que estão influenciando o segmento, destacando a mudança do perfil do condômino, que quer mais interatividade, automação e ferramentas com soluções práticas e efetivas. Citou alguns aplicativos como os de locação de curto prazo, de contabilidade, de cálculo de custos, entre outros.

“Não sabemos como será o mercado daqui dois, cinco ou dez anos. A tecnologia já está integrada nas relações com o consumidor”, disse, mencionando, entre outras plataformas digitais, moedas digitais, internet das coisas, pagamento online, comunicação visual e instantânea, realidade virtual, economia e consumo compartilhado. “As administradoras ainda não estão aproveitando esse movimento. Precisamos correr atrás, porque o tempo urge”, aconselhou Anauate.

Pesquisa com síndicos

Simone Camargo apresentou uma pesquisa realizada pelo Secovi-RS com 238 síndicos, mostrando que a maioria deles tem mais de 50 anos. “Será que essas tecnologias que hoje parecem interessantes serão para essas pessoas?”, indagou Simone. “Existem condôminos que nos cobram mais tecnologia. Mas, ao mesmo tempo, as pessoas que estão administrando os condomínios não têm familiaridade com isso. Existe esse paradoxo.”

Ela informou que 91% dos condomínios contam com a assessoria de uma administradora e 73% deles pediram mais agilidade das administradoras. “E também que os extratos sejam mais claros e transparentes”, destacou, chamando a atenção para a falta de fidelidade do cliente. “Muda o síndico e, muitas vezes, ele troca a administradora, demite funcionários, revê contratos, entre outras medidas.”

Simone disse ainda que, no Rio Grande do Sul, não existe carência de profissionais para os condomínios. “Apesar do aumento da 43% na quantidade de condomínios no Estado nos últimos nove anos, houve redução de 1,8% no número de funcionários em determinados cargos e função indeterminada.”

A maioria dos síndicos, informou a dirigente, utiliza itens tecnológicos nos prédios, como câmeras, sensores de presença, entre outros. Os temas de maior interesse, apontados pelos síndicos, são manutenção (78%), legislação (65%) e comportamento (63%). Os principais problemas em condomínios estão relacionados a comportamento, segurança e inadimplência.

Desafios da gestão

A presidente da Abadi, Débora Mendonça, traçou um breve panorama da administração imobiliária do Rio de Janeiro. “Contamos com empresas consolidadas, que buscam constante aprimoramento e investem em tecnologia. Esse mercado tem um potencial muito grande”, avaliou Débora, comentando a importância da associação e do Secovi Rio na defesa, no fortalecimento e na valorização da atividade condominial no Estado.

As empresas do segmento vêm evoluindo, partindo de uma administração tradicional – administrativa e financeira – para uma gestão integrada, que agregue valor para que a administradora não seja um intermediário, com o papel de pagar e receber contas.

“Precisamos buscar ser provedores de soluções. A administradora precisa ir no condomínio para fazer um diagnóstico de necessidades e um plano de ação, ajudando de fato o síndico na gestão operacional, indicou Débora, informando que algumas administradoras do Rio também já estão assumindo a função de síndico.

Débora destacou ainda a importância de as empresas atenderem o novo perfil de síndico, mais jovem, ativo profissionalmente e imediatista, que busca antecipação de suas necessidades. “Temos diversos tipos de clientes e precisamos de profissionais na equipe que possam dar conta desta relação complexa e contemplar as demandas diferenciadas. Esse é um dos principais desafios da gestão condominial”, afirmou, salientando a importância do treinamento e da preparação da equipe.

Ao falar sobre qualidade e melhoria dos processos, Débora mencionou a criação do Programa de Autorregulamentação da Atividade de Administração Condominial (Procondo), lançado há um ano e que já conta com diversas administradoras, que atendem 10 mil condomínios no Rio de Janeiro.

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