“O condomínio pode garantir energia de qualidade para os moradores!”
Sempre que há falta de energia por um período de tempo mais longo, a primeira coisa que se fala é: devemos comprar um gerador para o prédio, não é mesmo!? Esta pode ser uma solução, mas deve ser bem ponderada, avaliando-se previamente a qualidade do serviço de energia que o prédio está recebendo ou mantendo. O que eu quero dizer com isto é que a energia é importante sim e só quando ficamos sem, damos o devido valor a ela. E, na maioria das vezes, as pessoas esquecem que cuidar da energia é algo que deve fazer parte do dia a dia.
A falta de energia, tecnicamente falando, é conhecida como interrupção de tensão. Ela pode ser de curta duração (caso em que oscila de uma piscada à queda por alguns segundos) ou de longa duração. Esta ultrapassa os segundos e pode prosseguir durante horas. A interrupção acontece por vários motivos. Um deles, e o mais comum, decorre de problemas na rede da distribuidora, que apesar do investimento e melhorias na sua infraestrutura, está sujeita a ocorrências como árvores que caem, carros que batem em postes e até roubos de cabos. Nestes casos não podemos prever quando isto acontecerá e quanto tempo vai durar, então, resta-nos torcer para que não aconteça.
Outras causas de interrupção podem ocorrer no próprio condomínio, como pequenos curtos-circuitos; atuação de dispositivos de proteção (disjuntores, por exemplo) motivada por alguma sobrecarga; ou mesmo por falta de manutenção. Porém, ao falarmos em energia de qualidade, vamos além da interrupção de tensão, já que vários outros problemas podem afetar a eficácia do serviço. São eles, por exemplo, a variação ou surtos da tensão, as harmônicas (distúrbios que deformam a forma de onda senoidal, causando problemas de aquecimento nos componentes de uma instalação elétrica, envelhecendo-os rapidamente), além de outros tantos distúrbios que até assustam. Muitas vezes estes problemas são causados internamente e podem ser resolvidos com o apoio técnico de profissionais especializados.
Eu já abordei em artigos anteriores a importância de se realizar uma verificação da instalação elétrica de tempos em tempos. Aproveite esta avaliação para também contratar uma conferência completa da situação do fornecimento da energia, se há sobrecargas e se o transformador (caso seja do prédio) está em condições de atender à demanda do condomínio. Preocupe-se ainda em averiguar o fator de potência, que se ultrapassado poderá ocasionar acréscimo na conta de energia do prédio, algo que frequentemente os síndicos ou condôminos não percebem e pagam alto pela desatenção ou desinformação.
Voltando ao caso do gerador, uma das perguntas que se deve fazer é: Quantas vezes tive interrupção de energia no meu bairro a cada mês ou ano no último biênio? Em seguida, observe quanto tempo dura em média cada interrupção e o que acontece neste período de tão grave que justifique o investimento em um gerador? Outra questão importante: verifique se o gerador será usado somente nos casos de queda de energia ou poderá ser empregado como alternativa para abastecer o condomínio durante os horários de pico, no sentido de amenizar o consumo proveniente da rede da distribuidora? Em caso afirmativo, faça os cálculos e confira se convém utilizá-lo para essa finalidade, já que o gerador trabalha com combustível fóssil e a conta final poderá ser mais cara.
Pois bem, como eu disse, o gerador pode ser a solução, mas sem uma avaliação prévia de toda a qualidade da energia e sem respostas a várias perguntas sobre o uso deste equipamento, ele será somente um insumo a mais, com gastos para serem administrados pelo condomínio. Às vezes, o retorno poderá nem existir. Assim, finalizo com a sugestão: Esgote os recursos para minimizar os efeitos antes de investir em soluções. E se decidir investir, que seja com uma boa base e um bom retorno.
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