Edson Martinho é engenheiro eletricista, fundador e atual diretor-executivo da Abracopel
Assim como um carro, os portões da nossa casa, e mesmo nosso corpo, as instalações elétricas também envelhecem e precisam ser revisadas para que possam durar mais. Não há dados oficiais, mas ensaios mostram que uma instalação elétrica, se usada de forma correta dentro do dimensionado, pode durar até 20 anos. Mas será que uma instalação elétrica dimensionada para 20 anos atrás, está bem dimensionada ainda hoje? Será que os equipamentos que usamos atualmente não aumentaram em quantidade? Será que as potências dos chuveiros elétricos não aumentaram, e que não compramos mais eletrodomésticos como fritadeira elétrica, forno de indução, ar-condicionado, só para citar alguns? Pois bem, se uma instalação elétrica bem dimensionada para uma época já não serve para outra, então temos a certeza de que a instalação elétrica dura menos do que 20 anos. Isso acontece na minha, na sua e em todas as instalações elétricas, por esse motivo necessita de uma avaliação frequente. Da mesma forma que o nosso corpo precisa de um check-up anual e o nosso carro de uma revisão de tempos em tempos, a instalação também precisa de uma verificação para se ter a certeza de que está adequada para o uso, e se não estiver, de quais ajustes necessita para funcionar de maneira segura, econômica e com maior durabilidade.
Os componentes de uma instalação elétrica se desgastam assim como qualquer produto. Os fios e cabos (condutores) perdem sua propriedade isolante com o aquecimento ao longo do tempo, ficando quebradiços, condição que os colocam em situação de gerar um curto-circuito, podendo iniciar um incêndio. Uma tomada também tem número de inserções e retiradas – cada vez que um plugue é colocado e retirado da tomada, ocorre um pequeno desgaste. Se a tomada for de boa qualidade, suporta um maior número de manobras, mas se for de qualidade duvidosa logo sofre danos, inclusive no conector de mola, que garante a fixação da tomada. Se a ‘mola’ enfraquece, a tomada começa a apresentar o que chamamos de mau contato e com podem surgir pequenas faíscas, acarretando princípio de incêndio. O mesmo ocorre com interruptores convencionais, que em geral têm partes móveis que fecham e abrem um contato elétrico para acender ou apagar uma lâmpada. Esse movimento também sofre desgastes e precisa ser avaliado de tempos em tempos.
Mas a pergunta é: de quanto em quanto tempo eu devo fazer uma revisão? A resposta é: pelo menos a cada cinco anos se for uma instalação residencial, e a cada três anos se for comercial, ou imediatamente se a instalação apresentar alguma anomalia como sinais de superaquecimento em tomadas, piscada de iluminação, produção de faíscas ou algum outro problema relacionado.
Essa regra também se aplica às áreas comuns de condomínios, ou seja, deve-se fazer revisão periódica das instalações elétricas para avaliar as condições de tomadas, interruptores e dispositivos de proteção, como disjuntores DPS (Dispositivo de Proteção contra Surto) e IDR (Interruptor Diferencial Residual), conhecido como DR, além da inspeção de fios e cabos.
Todos os componentes da instalação devem ser verificados periodicamente, mas alguns têm a necessidade de uma frequência mais curta, como é o caso do DR e do DPS, que devem ser ensaiados bimestralmente. A cada dois meses deve ser feita uma avaliação pressionando o botão de teste na parte frontal do DR e verificando se ele atua (desliga). Se estiver tudo certo, é só religar. Isso garante que o dispositivo está atuando corretamente. No caso do DPS – Dispositivo de proteção contra surto, deve-se atentar se ele apresenta indicação de falha no seu frontal e se apresentar essa indicação deve ser substituído.
Para complementar a informação, é importante termos conhecimento dos limites da instalação e isso se aplica às instalações novas e antigas. Atualmente os condomínios têm promovido feiras de negócios, áreas de food truck ou mesmo feiras de legumes. Os expositores normalmente precisam de energia para ligar uma lâmpada, de uma tomada ou algum equipamento, e é aí que mora o perigo. É necessário conhecer o limite de potência que cada tomada pode suportar e informar os expositores para que não haja sobrecarga e desligamento. Essa prática também deve ser aplicada às festas, quando se contrata empresas para buffet ou máquinas de entretenimento.
Faça avaliações periódicas com profissionais qualificados e atualizados e garanta a segurança de todos.
“O carregamento veicular é o futuro, pois prioriza a sustentabilidade e traz inúmeros benefícios para a energia verde, porém, o estudo da qualidade e disponibilidade energética são essenciais para a segurança do carregamento e do condomínio.”
Walter Gonçalves, diretor técnico comercial, Kapplan Energy
“A reforma elétrica é essencial para a segurança dos condomínios, reduzindo riscos de incêndio e falhas. Além disso, amplia a vida útil dos equipamentos e pode valorizar o imóvel em até 30%, tornando-o mais eficaz e preparado para ar-condicionado e veículos elétricos.”
Rodrigo Henriques, diretor, Henrques Marques Engenharia
“Síndicos, atentem-se às instalações elétricas. O perigo pode estar na fiação desgastada. Ter uma boa empresa ao seu lado é vital e pode evitar acidentes”
Ademir Ramos Moura, Engenheiro eletricista, Triunfo Elétrica
“Jamais podemos nos esquecer das instalações elétricas do condomínio. Revisões e manutenções no sistema elétrico são investimentos que geram paz, preservam vidas e instalações”
Nilson achiles Merlini, engenheiro eletricisa, Merlini Engenharia
Matéria publicada na edição-308-fev/25 da Revista Direcional Condomínios
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Autor
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Engenheiro Eletricista, é diretor-executivo da Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade). Escreveu e publicou o livro "Distúrbios da Energia Elétrica" (Editora Érica, 2009).