Espírito natalino e solidariedade em pauta nos condomínios

Nem só de temas espinhosos como conflitos entre condôminos, negociações com fornecedores e o complicado dia a dia da administração vivem os síndicos. É possível estimular ações sociais entre os moradores, além de incluir as datas festivas na agenda do condomínio.

Natal do Condomínio Plaza Athénée

O Natal do Plaza Athénée tem sacadas iluminadas e caixa de correspondência para as cartinhas endereçadas ao Papai Noel, além da clássica árvore

Final do ano se aproximando e chega aquele período em que tiramos a decoração de Natal das caixas e pensamos em como enfeitar a casa para receber a família. No condomínio, o Natal também faz parte da rotina dos síndicos. São raros os condomínios que não investem em ao menos algumas luzes para enfeitar o gradil ou o jardim.

Ana Josefa Severino, síndica profissional com seis condomínios sob sua gestão, acredita que a iluminação proporcionada pela decoração de Natal renova o espírito natalino em todos. No condomínio Plaza Athénée, em São Caetano, onde Ana é síndica há seis anos, ela aprovou em assembleia a instalação de cascatas iluminadas em todos os terraços. “A iluminação vem do barrilete e é acionada e desligada automaticamente. No primeiro ano o zelador teve que entrar em todas as unidades para instalar os ganchos nas sacadas. Depois, todos os anos ele entra nos apartamentos para colocar as cascatas iluminadas. É uma decoração padronizada e com lindo efeito”, conta. Em 2020, pela dificuldade de entrar nos apartamentos imposta pela pandemia, Ana optou pela instalação de uma iluminação com estrelas, instalada no topo do prédio, mantendo a decoração padronizada.

A síndica comenta um detalhe importante: evitar itens religiosos na decoração. “Em um condomínio com cinco torres, com uma grande área comum, certa vez pensei em colocar um presépio iluminado, mas fui desaconselhada por alguns moradores, já que condôminos de outras religiões poderiam se sentir melindrados”, lembra. Já um item que Ana não dispensa é a árvore de Natal no hall, a menos que não haja espaço suficiente. Ela recomenda comprar uma árvore de boa qualidade e guardar com cuidado de um ano para o outro especialmente laços de fitas, para que não amarrotem.

Gestora de dois imensos condomínios- clubes – um com 1.196 unidades e 10 torres e outro com 920 unidades e 11 torres -, Nilvea Ito Ricardo Alcalai recomenda muito cuidado especialmente ao armazenar a iluminação. “É necessário acomodar em caixas e recipientes adequados e etiquetados e, se o condomínio não tiver espaço, vale até alugar um pequeno box, já que é um investimento alto e que não pode ser reposto todos os anos”, pondera. Sobre as despesas com festas, Nilvea leva para aprovação em assembleia. “Mesmo assim, costumo fazer com que as festas se paguem. Se chamo food trucks, por exemplo, cobro uma taxa desses prestadores de serviços, que costumam cobrir os custos com energia elétrica ou brindes. E principalmente as festas de Natal têm um custo maior, com Papai Noel ou locação de brinquedos”, conta.

Além da decoração convencional, o Natal permite usar a criatividade. Ana Josefa instala uma caixa de correspondência no jardim do condomínio para que as crianças coloquem suas cartinhas para o Papai Noel – e faz questão de responder uma a uma, de forma personalizada.

Corações Generosos

Final de ano é a época em que mais lembramos de ajudar o próximo. Porém, temos visto ações solidárias acontecerem durante todo o ano em muitos condomínios. Nilvea Alcalai cita que em um de seus condomínios foram instituídas as Caixas do Bem. Mensalmente é selecionado um tipo de doação: fraldas geriátricas para um asilo, brinquedos para crianças carentes ou ajuda para ONGs de pets. “São ações simples, sem custo algum para o condomínio, mas que precisam ser bem-organizadas. Sempre há uma comissão de moradores responsável”, pontua.

Claudvanea Smith Monteiro elenca várias iniciativas solidárias nos condomínios que administra. No Sphera, com duas torres e 224 unidades, localizado na Pompeia, moradores doam tampinhas e lacres de latinhas para ONGs de pets. Agasalhos e roupas são doados para a ONG Unibes. Recentemente, os próprios moradores do Sphera levaram à síndica a necessidade de iniciarem uma campanha de doação de alimentos. “Arrecadamos 171 quilos de alimentos. Entregamos para a ONG Banco de Alimentos, que repassa tudo para entidades parceiras. E sempre me preocupo em registrar a entrega de todas as doações e prestar contas aos condôminos. Também não envolvo políticos nem instituições religiosas. Devemos respeitar a ideologia e a crença de cada um, ajudando a todos”, justifica Vânia, nome pelo qual é mais conhecida nos condomínios. A gestora enumera também várias ações capitaneadas pelos próprios moradores e relata que no condomínio Itassugui, em Perdizes, houve coleta de cestas básicas. As doações eram armazenadas no salão de festas e o morador Manoel Carvalho (que junto com outros amigos cuida de dois projetos de voluntariado, Amigos em ação e Amigos doando cestas) cuidava para que as cestas fossem entregues nos projetos Castelinho (na esquina da rua Apa com Av. São João, no centro de São Paulo) e Cozinha do Povo das ruas, do Padre Júlio Lancelotti.

Moradora do Sphera, a engenheira de alimentos Amanda Faria Querido oferece semanalmente uma caprichada cesta de frutas para os funcionários do condomínio (o custo é dividido com outras duas vizinhas), e sempre entrega as frutas no refeitório com uma frase simpática estimulando o consumo. Já Sueli Ferreira de Oliveira pensou em como podia melhorar a praça localizada em frente ao Sphera. Começou há dois anos e meio aos sábados, auxiliada por um dos jardineiros do condomínio. A própria Sueli e alguns vizinhos custeavam o jardineiro e materiais. O condomínio fornece mangueira e água de reuso para rega da área.

Há cerca de um ano e meio, um senhor se ofereceu para ajudá-los. Morador de rua, ele voltava todos os sábados. Depois, passou a ir diariamente. Varria, recolhia o lixo, cuidava das plantas. Sueli adotou a praça na Subprefeitura da Lapa e o ajudou a se inscrever no programa zelador de praça da Prefeitura. Hoje, Divaldo, que morou na rua por 20 anos, recebe um auxílio da Prefeitura e também dos vizinhos da praça, e aluga um quarto em uma pensão próxima ao condomínio – e continua cuidando da praça com muito capricho. “Estamos melhorando a praça, deixando o entorno do condomínio mais bonito e ainda ajudando o Divaldo. Isso não tem preço”, resume Sueli.

Ações solidárias do Condomínio Sphera

No Sphera, condôminos arrecadam alimentos para campanha; fornecem frutas aos colaboradores do prédio e cuidam da praça pública, onde mudaram a realidade de um ex-morador de rua


Matéria publicada na edição 284 – nov-dez/2022 da Revista Direcional Condomínios

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