Estratégias para otimizar o sistema hidráulico durante a estiagem em condomínios

Chegamos ao período de menor volume de chuvas e de redução na oferta de água potável. Podemos (e devemos) evitar perdas desse recurso dentro dos condomínios.

Torneira pingando

A manutenção já faz parte da rotina dos condomínios, seja ela preventiva (mais eficiente e com respostas mais rápidas) ou corretiva. Perder água no verão tem alto custo, porém ainda há disponibilidade na rede da concessionária. Mas agora chegamos na época crítica de oferta e não podemos nos dar ao luxo de ter perdas dentro do condomínio. Portanto, é hora de colocar o sistema hidráulico em dia para não ter dor de cabeça. Precisamos também tomar ações que ajudem a reduzir o consumo.

A primeira ação para prevenir o problema de falta de água dentro do condomínio é colocar avisos em todos os meios de comunicação sobre a necessidade de reduzir o consumo, uma vez que estamos entrando em época de estiagem. Todos os anos há falta de água, principalmente em regiões mais altas da cidade, resultado da queda da pressão na rede da concessionária.

Os reservatórios estão com um volume superior ao de outros anos (de acordo com o site dos mananciais da SABESP em https://mananciais. sabesp.com.br/Home). Mas é bom lembrar que o consumo aumentou também, portanto, não há desculpa para deixar a manutenção para depois.

Em condomínios residenciais a água é certamente o insumo mais caro, considerando-se que a tabela progressiva da concessionária penaliza quem consome mais, por isso é necessário tomar ações efetivas. Em edifícios comerciais o preço é mais alto ainda e é indispensável um sistema sem vazamentos e desperdícios. Naqueles onde o sistema de ar-condicionado possui torres de resfriamento, o inverno trará redução natural pelo menor uso do sistema, mas é imprescindível que coloquem hidrômetros na entrada das torres, mas só vale se dimensionar corretamente.

Cada torre tem uma vazão nominal e é importante colocar um bom hidrômetro e se for possível, fazer telemedição, o que ajuda na operação. Setorizar o consumo é uma condição que ajuda na gestão interna e permite gerar ações mais assertivas em busca de vazamentos. Mãos à obra.

Minha sugestão é colocar em prática algumas táticas simples que sempre ajudam no controle e na redução do consumo, seja em condomínios residenciais ou comerciais. Vamos às dicas:

  1. A forma mais fácil de manter o condomínio sob controle é conhecer seu consumo. Basta anotar a leitura do hidrômetro de entrada diariamente. Faça a leitura duas vezes por dia, sempre no mesmo horário: de manhã, antes do horário de pico, e de noite, cerca de 1h após o pico de uso, preferencialmente. Isso porque os reservatórios provavelmente estarão cheios, sem grande necessidade de reposição, e assim a leitura de consumo diário será mais confiável. Alguns condomínios adotam leituras por volta das 6h da manhã e depois das 23h. Aqueles que possuem portaria virtual ou não possuem funcionários para a medição, podem escolher um horário fixo fora do horário de pico de consumo;
  2. Em época de estiagem é importante saber quanto tempo dura o volume dos reservatórios para não ser pego de surpresa pela falta de água. Para tanto, basta dividir sua reserva total pela média de consumo diário (item 1 acima);
  3. Se houver indício de vazamento com aumento do consumo, considere também inspecionar a rede do sistema de combate a incêndio. Já visitei condomínios onde a tubulação e combate a incêndio apresentava vazamento em tubos de ferro ou cobre;
  4. Verifique vazamentos em registros e válvulas nos barriletes, principalmente na saída de limpeza. O mesmo vale para todos os registros da área comum, incluindo os existentes em cozinhas, banheiros e outras áreas molhadas do condomínio. Azulejos que começam a apresentar manchas podem indicar que há vazamento dentro da parede.
  5. Síndicos não são especialistas em hidráulica, então em caso de dúvida sobre a localização de vazamentos, procure uma empresa ou um especialista. Fui chamado em um condomínio em Sapopemba, zona leste, que há mais de um ano tinha uma despesa extra de R$ 6.000,00 na conta de água devido a um vazamento que ninguém localizava. Fiz uma vistoria estudando a rede local e indiquei onde deveria estar o vazamento. Pouco tempo depois um conselheiro me informou que o localizaram onde indiquei e encerraram o problema. Não esqueça que um bom especialista também pode ajudá-lo, pois esse profissional se utiliza de conhecimento valioso para redução de custo;
  6. Verificação dos reservatórios: fazer a limpeza agora é mais adequado porque, com a estiagem avançando, se torna interessante mantê-los saudáveis e cheios;
  7. Dê atenção às bombas de recalque (que enviam a água do reservatório inferior ao superior), exija toda a atenção da empresa de manutenção preventiva;
  8. No cavalete da SABESP há um registro, porém há inúmeros casos em que ele está travado ou não fecha. Verifique se funciona, pois se houver algum problema de vazamento na sua rede de entrada você não conseguirá fechar a água e isto causará perdas enormes. É sempre recomendável um registro adicional dentro do condomínio, antes de qualquer derivação de ramal e do reservatório hidráulico.
  9. A rede de entrada de água em geral alimenta alguns pontos no térreo e subsolo. O ideal é que as derivações para esses pontos tenham registros, pois se algum deles vazar você fecha somente o ponto de consumo que apresenta problema e não impede a água de chegar ao reservatório;
  10. Além disso, verifique e coloque avisos para os condôminos sobre vazamentos em vasos sanitários, válvulas de descarga e outros aparelhos. Nas áreas comuns veja se há água aparecendo onde não deve.

Matéria publicada na edição 290 jun/2023 da Revista Direcional Condomínios

Não reproduza o conteúdo sem autorização do Grupo Direcional. Este site está protegido pela Lei de Direitos Autorais. (Lei 9610 de 19/02/1998), sua reprodução total ou parcial é proibida nos termos da Lei.


Autor

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

5 × 3 =