Água do chuveiro, da pia e da máquina de lavar que, em vez de irem direto para o esgoto, voltam para as torneiras do apartamento.
Para estimular esse tipo de reuso de água em condomínios, a prefeitura colocará na lei incentivos para novos empreendimentos que adotarem tecnologias que fazem a água do edifício recircular.
Os empreendimentos que instalarem sistemas de reuso terão benefícios como descontos em impostos, no valor pago por metro construído ou permissão para construir empreendimentos maiores do que o liberado no local.
O melhor modelo de incentivo ainda está sendo estudado pela prefeitura e será incorporado à nova Lei de Zoneamento, cuja revisão começou em setembro. Um projeto de lei deve ser encaminhado à Câmara Municipal até o começo do ano que vem.
“Queremos dar benefícios reais para quem fizer reuso, em vez de um selo verde para o empreendedor fazer marketing”, diz Daniel Montandon, diretor do departamento responsável pela revisão.
Para o professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da USP José Carlos Mierzwa, quem deveria oferecer tratamento e reúso de água é a prefeitura. “Feito assim, em cada condomínio, vai sair muito mais caro para a cidade.”
Mierzwa diz acreditar que seria mais interessante incentivar sistemas de economia, como reguladores de vazão em torneira e chuveiros.
A água de reuso normalmente serve apenas para descarga, irrigação de jardins e limpeza. Segundo o professor da USP, esses usos correspondem a cerca de 30% do consumo de um edifício.
São Paulo já tem alguns condomínios com o sistema, como o Mundo Apto, na Barra Funda (zona oeste).
Segundo o zelador do conjunto de 324 apartamentos, Marcos da Costa, “nenhum pingo de água da Sabesp” é usado para regar jardins ou lavar pisos de áreas comuns.
Alguns vizinhos já chegaram a lhe dar sermão ao ver funcionários lavando o chão em meio à falta de água no sistema Cantareira, mas pediram desculpas ao saber que é água reusada.
O consumo de água da Sabesp pelo condomínio é de cerca de 30 mil m³, mesma quantidade de água que é tratada, mas a manutenção é alta, diz Costa.
“De hora em hora checamos o pH da água tratada”. Além disso, há uma limitação. Essa água não pode ficar parada. O que não for usado no dia tem que ser descartado, senão libera cheiro ruim.
A adoção de sistemas de reuso em prédios já construídos nem sempre é viável economicamente, diz o engenheiro ambiental Wagner Oliveira, da CTE, empresa de consultoria de sustentabilidade nas construções. Mas, em edifícios novos, “o sistema é totalmente viável”.
O custo de implantação vai de R$ 100 mil a R$ 400 mil, afirma Oliveira, e pode se pagar em 18 meses, caso de um edifício que implantou o sistema recentemente. A manutenção custa cerca de R$ 2.000 ao mês, diz.