Funcionários: Colaboradores muito especiais

Deficientes físicos têm condições de desempenhar – e muito bem – diversas funções em um condomínio, como limpeza, portaria e zeladoria.

A LEGISLAÇÃO brasileira estabelece quotas para o preenchimento de postos de trabalho com portadores de deficiências. A lei se aplica às empresas com mais de 100 funcionários, sendo que o total de vagas destinadas a deficientes vai de 2% até 5% (para aquelas com mais de mil empregados). “No caso dos condomínios, que muito raramente chegam a 100 colaboradores, as contratações de deficientes são espontâneas, indicando uma preocupação social, e não legal, dos condôminos e do síndico”, lembra José Roberto Graiche, presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC).

Segundo a legislação, as deficiências podem ser: física, auditiva, visual e mental, em diferentes graus de intensidade e possibilidade laboral. “Devem ser adotadas medidas que promovam o desempenho das tarefas, quer seja no aspecto da comunicação e sinalização, como visual e tátil, e na acessibilidade, otimização de sanitários, entre outros”, diz Graiche.

“Um cadeirante, por exemplo, não teria muitas restrições para atuar como recepcionista ou porteiro, desde que tivesse acesso às dependências do prédio, com rampas e espaço adequado entre os batentes”, completa Paulo Roberto Ferrari, presidente do Sindicato dos Empregados de Edifícios de São Paulo (Sindifícios). “Já uma pessoa com prótese numa perna pode exercer inúmeras atividades num condomínio, praticamente sem nenhuma adaptação do posto de trabalho, com perfeita integração com colegas de trabalho e moradores”, lembra o presidente da AABIC.

É o caso do zelador José Zilmar Miranda, de 41 anos, que trabalha em condomínios há 23. Mesmo tendo a perna esquerda 10 centímetros menor, em consequência de uma artrite aos 14 anos de idade, ele realiza todas as tarefas de um zelador, como pintura, jardinagem e manutenção em geral. “Existe muito respeito e sou tratado como profissional. Nunca me senti discriminado pela deficiência física. Tenho vários apelidos e a minha resposta é sempre o bom humor”, conta o zelador, que trabalha há 19 anos em um condomínio de Moema, na capital paulista, e acaba de ser nomeado diretor do Sindifícios.

“O desempenho desses profissionais depende de três fatores”, resume Graiche. “Adaptabilidade do ambiente físico de trabalho às suas necessidades especiais, treinamento adequado e integração ao grupo de pessoas com os quais convive no ambiente profissional. Atendidos estes requisitos, a eficiência deles pode ser até superior à de pessoas sem necessidades especiais, tendo em vista o comportamento natural do deficiente que deseja provar sua utilidade dentro de um concorrido mercado de trabalho”, acredita o presidente da AABIC. 

“Todos os trabalhadores com algum tipo de deficiência que conheço têm um ótimo desempenho profissional. A discriminação, quando existe, é só na cabeça da gente. Levo uma vida normal, nunca deixei de fazer nenhuma atividade rotineira, como ir ao shopping ou estudar,” diz José Zilmar. “Tenho dezoito cursos na minha área e adoro a minha profissão”, garante o zelador.

“O tema da inclusão de deficientes tem sido uma preocupação constante da AABIC, a tal ponto que deve gerar uma pesquisa junto às administradoras. A idéia de nossa associação é incentivar, socialmente, esse tipo de contratação”, informa Graiche.


Matéria publicada na edição 126 jul/08 da Revista Direcional Condomínios

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