A equipe de trabalho engloba funcionários próprios, colaboradores terceirizados, prestadores de serviços e fornecedores em geral. Quando motivada, equivale a um verdadeiro “patrimônio imaterial” de valor muitas vezes inestimável, devido às dificuldades e investimentos de tempo e recursos necessários para a sua formação.
Porém, é sabido que a gestão de pessoas é um dos maiores desafios para toda liderança. Busca-se a melhor relação entre um bom ambiente corporativo e os resultados.
No segmento condominial a situação não é diferente, por envolver síndicos, gerentes, coordenadores e moradores, que simpatizam com determinados colaboradores, e, às vezes, colocam-se como protetores, dificultando propostas de substituições, tanto de funcionários, quanto de terceirizados, criando discórdia entre os membros da equipe.
Deste modo, cabe ao síndico (normalmente recém-eleito/contratado) avaliar este “patrimônio imaterial”, a fim de identificar a necessidade de adequações e substituições na equipe que acabou de assumir. Porém, apesar de evidentes deficiências na prestação de serviços por determinados colaboradores, a existência de uma espécie de blindagem causada por condôminos faz com que substituições importantes, que deveriam ser rápidas e discretas, tornem-se verdadeiras disputas internas, que chegam a colocar em risco tanto o projeto de gestão, quanto o cargo do síndico, não sendo raro, síndicos e gerentes prediais, serem destituídos ou demitidos, em razão de dispensas efetuadas sem os cuidados e consultas necessárias.
Por outro lado, também pode acontecer que síndicos recém-contratados/eleitos, sem qualquer critério ou análise da situação do condomínio, sem aprovação dos condôminos, mas visando contratar profissionais e empresas de sua confiança e alegando querer formar o seu “time”, simplesmente “desmontam” equipes inteiras, que muitas vezes contam com membros competentes e de confiança, que levaram anos para serem treinados.
Para que o novo síndico seja respeitado e possa implantar o seu plano e ritmo de trabalho, é aconselhável formar uma comissão de condôminos e que todas as mudanças sejam feitas de acordo com procedimentos prévios definidos em assembleia.
Após as entrevistas, avaliações, análise da equipe e aprovação em assembleia, é necessário a transparência na implantação do novo plano de gestão.
O procedimento acima, visa, além da preservação da rotina, evitar resistências e ameaças às substituições de determinados funcionários e/ou colaboradores, possibilitar o acompanhamento pelos condôminos e reduzir eventuais abusos e excessos do novo gestor/sindico, que possam causar problemas no caixa ou prejuízos de outras ordens ao condomínio.
Cumpre ressaltar a importância de avaliação de todos os que, de alguma forma, fazem parte do mecanismo que movimenta o condomínio, porém, mais em razão dos riscos econômicos, jurídicos e de andamento do trabalho, a substituição de empresas fornecedoras de mão de obra terceirizada, requer muita atenção, pois, além de envolver vários colaboradores “novos”, também envolve a transmissão de informações sensíveis e confidenciais dos condôminos/moradores que se encontra em poder do condomínio e também a própria rotina. Em razão disso, recomenda-se a criação de outros procedimentos e cuidados, tanto na avaliação da atual prestadora quanto de sua eventual substituta, notadamente na observância da prestação de serviços e cumprimento das obrigações ante a atual legislação trabalhista e fiscal, tanto na forma presencial, quanto virtual, tema este, que devido à sua importância, poderá ser abordado em outra oportunidade.
Oliveira Pereira da Costa Filho
Advogado especialista em Direito Empresarial, com atuação há mais de 15 anos no ramo do Direito Condominial, é sócio da Oliveira Costa & Silva Sociedade de Advogados.
Mais informações: oliveira@oliveiracostaesilva.adv.br
Matéria publicada na edição – 274 – jan/2022 da Revista Direcional Condomínios
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