A presença dos geradores nos condomínios ganhou status de prioridade, em função de três principais benefícios, de acordo com síndicos e especialistas entrevistados: Por assegurar a acessibilidade, notadamente de pessoas com dificuldades de mobilidade e/ou residentes nos andares mais altos; pelo conforto de garantir energia também para as unidades privativas; e por evitar a interrupção do trabalho de quem atua em home office ou nos prédios comerciais.
O síndico Diógenes Radaelli Ferrero, do Condominio Világio de Assisi, indica outro ponto importante: O gerador é peça essencial para moradores que dependem do uso de respiradores mecânicos e não dispõem de um sistema redundante na falta de energia. Em seu condomínio, localizado na Pompeia, zona Oeste de São Paulo, Diógenes conseguiu disponibilizar uma tomada energizada pelo gerador em todos os halls dos 84 apartamentos. É para uma emergência, diz. “O custo é mínimo para o prédio, já o benefício é imenso, é um cabo a mais que levamos para o andar.” Diógenes afirma que gostaria de ter estendido a ligação para cada apartamento, mas, na época, o custo era elevado para os condôminos.
“O gerador é um equipamento extremamente necessário, ele tranquiliza o síndico e os moradores. É fundamental para a acessibilidade, pois garante a mobilidade de pessoas que apresentam dificuldades de locomoção, sejam idosos, cardíacos, mães com crianças pequenas, entre outros. Antes do gerador passamos por inúmeras situações dramáticas, como o caso de um senhor que precisou ser retirado de maca pelas escadas. A queda de energia no bairro da Pompeia, zona Oeste de São Paulo, era muito frequente quando o condomínio aprovou em assembleia a sua compra e instalação. Foi uma das assembleias de maior presença que tivemos.”
O gerador, de 170 KVA, começou a operar no condomínio nos últimos dias de 2015, desde então, o síndico relata que houve somente um problema, a queima da placa justamente pela queda de energia na região. O seguro ressarciu o conserto. O prédio tem 21 andares com apartamentos, além dos subsolos de garagem. Todas as instalações da área comum estão ligadas ao gerador (os dois elevadores, portões, sistema de iluminação etc.). O próprio síndico sente-se hoje dependente do equipamento, já que, com problemas crônicos na coluna, ele não consegue usar as escadas para entrar ou sair de seu apartamento.
Unidades sem queda de energia
Em outro residencial da zona Oeste de São Paulo, com apenas 21 imóveis, um por andar, a energia do gerador cobre todos os pontos das unidades privativas. De acordo com o síndico, o empreendimento foi entregue pela construtora, há cerca de dez anos, com um gerador que atendia às áreas comuns. Localizado em uma região que tinha interrupções frequentes na rede elétrica, os condôminos aprovaram então o upgrade do sistema. O gerador original, de 100 kVA, foi trocado por um de 250 KVA. Para cobrir 100% dos apartamentos, foi preciso instalar um novo quadro no centro de medição, responsável pelas transferências individuais.
Os investimentos ficaram em torno de R$ 200 mil, além da entrega do equipamento anterior. Depois disso, o entorno do prédio chegou a ficar mais de 48 horas sem eletricidade, no entanto, o novo gerador garantiu o abastecimento para as unidades durante todo o período. Como o tanque de combustível (interno) possui capacidade para 200 litros e dez horas de funcionamento em média, é preciso fazer o reabastecimento, explica o engenheiro elétrico responsável pela instalação.
Inovação tecnológica
O profissional, que atua há 21 anos no segmento, afirma que nos condomínios comerciais é cada vez mais comum se instalar usinas de grupos geradores que cubram 100% da demanda de energia, incluindo áreas comuns e privativas. Há projetos com cinco geradores de 750 KVA cada, que trabalham em sistema de redundância. “O próprio sistema analisa a carga da rede e a necessidade ou não de operação simultânea dos geradores; um serve de backup para o outro.”
Manutenção
Enquanto isso, nos residenciais, muitos ainda não fizeram a lição básica de providenciar o oxicatalisador na saída do escapamento, medida obrigatória na cidade de São Paulo. O acessório reduz drasticamente a emissão de gás carbônico e demais compostos químicos. Quanto ao ruído, também é possível minimizar as emissões. Ele observa que o gerador com carenagem acústica deve gerar até 75 decibéis a uma distância de sete metros (equivalente a uma camionete potente a 1.800 rpms) e, com “silencioso tipo hospitalar” (acessório extra), até 65 decibéis nesta distância.
E para evitar que o gerador falhe justamente quando o prédio mais precisa dele, o síndico Diógenes destaca a importância das manutenções periódicas. “A cada semana, durante meia hora, deixamos o gerador em funcionamento, para verificar se está tudo certo. Ele não deve ficar muito tempo inativo. E todo ano é feita uma revisão técnica, com limpeza, lubrificação, retirada de excesso de óleo etc.” No final do ano passado, o condomínio instalou um tanque externo de combustível, com contenção, para facilitar a limpeza e melhorar “a conservação do motor”.
Já no prédio onde o gerador atende a 100% das unidades, a revisão técnica é mensal. Muitas empresas, inclusive, disponibilizam atualmente um serviço de monitoramento remoto, via internet, por meio do qual é possível verificar a tensão da bateria, pressão do motor, temperatura de água etc., ou seja, o funcionamento geral do equipamento.