O programa Cartão Verde surgiu para averiguar a qualidade da separação dos resíduos no Distrito Federal.
Uma campanha do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) avalia bem de perto o lixo descartado pelos brasilienses. E como um bom árbitro numa partida de futebol, está “distribuindo cartões” para quem não segue as regras da coleta seletiva.
O programa Cartão Verde surgiu para averiguar a qualidade da separação dos resíduos pelo Distrito Federal. Em sua primeira semana em campo, o SLU aplicou 68 cartões vermelhos, 62 amarelos e 51 verdes num total de 181 contêineres analisados. Cabe aos garis, no momento do recolhimento dos resíduos, adesivar os contêineres e lixeiras de casas e condomínios residenciais da capital.
A regra é clara: se no contêiner houver pelo menos 90% de material reciclável, cartão verde para os moradores do local. Se houver separação parcial, recebe o amarelo. Se não estiver acontecendo a separação devida, será colado um cartão vermelho. As cidades de Ceilândia, Gama e o bairro Noroeste foram as primeiras avaliadas.
“É uma campanha de conscientização, na qual usamos essa referência do esporte. Fizemos uma mobilização e um trabalho de orientação antes e agora estamos em campo. É uma coisa tão simples, que faz toda a diferença na hora em que as cooperativas fazem a triagem do material a ser reciclado”, explica o diretor-presidente do SLU, Jair Tannús.
Segundo o órgão, as casas das quadras QNO 2, 4 e 6 de Ceilândia ganharam vários cartões verdes. Já a maioria dos condomínios do Noroeste foi advertida com um amarelo. Os coletores serão adesivados uma vez por semana, por três semanas.
Ao término desse prazo, a Secretaria DF Legal será acionada para notificar as residências e condomínios que tiverem recebido três cartões vermelhos. Se não se adequarem, podem levar multas que vão de R$ 500 a R$ 2 mil.
“Nosso objetivo é que a cada semana os amarelos e vermelhos virem verdes. A qualidade da separação dos resíduos ainda é baixa, com muitos resíduos secos e orgânicos misturados. E vamos envolver síndicos, zeladores e os catadores como nossos multiplicadores nesse processo”, destaca o analista de resíduos sólidos do SLU, Adriano Gusso.
Conscientização e divulgação
Com apenas 1/3 do total, o número de cartões verdes e o desempenho dos moradores das três cidades foi baixo na primeira semana. Mas para a coordenadora do conselho de síndicos do Plano Piloto, Celeste Gliosci, a campanha é novidade e a tendência é melhorar.
“O SLU começou a avisar os moradores, a falar da campanha tem pouco tempo. Acho que tudo melhora com o diálogo, com a orientação bem feita. Vamos reunir moradores e funcionários dos prédios para reforçar que a coleta seletiva não pode parar”, adianta Celeste, que lidera a associação que reúne 330 síndicos e subsíndicos da região.
Zeladora de um edifício de seis andares no Noroeste, Eliane Rodrigues, 34 anos, é cuidadosa com a separação dos resíduos. No prédio em que trabalha, os sacos de lixo têm cor diferenciada para orgânicos e recicláveis. E os contêineres, também. Mas, segundo ela, os catadores de recicláveis atrapalham.
“Os moradores estão bem educados. O papelão, as latinhas, os potes de iogurte têm vindo sempre separado dos restos de comida e orgânicos. Mas os catadores mexem no lixo, rasgam sacos e bagunçam tudo”, explica. Edson Nascimento também é o responsável pela condução do lixo em outro prédio do bairro. Já para ele, conscientizar é o mais importante.
“Às vezes, chega um morador novo, não conhece o processo, e mistura o lixo. Mas a gente sempre explica como funciona. Cada lata de plástico é para uma coisa”, informa. Os edifícios de ambos foram amarelados.
Após as três semanas iniciais, o SLU fará um balanço e mudará o Cartão Verde para três novas RAs. E os garis continuarão aplicando seus cartões por todo o DF. (Edição: Freddy Charlson)