O uso dos espaços comuns nos condomínios tem mudado conforme haja alteração no perfil do seu público.
No Edifício Hyde Park, residencial localizado no Brooklin, na zona Sul de São Paulo, o antigo salão de jogos, que era pouco usado, deu lugar a uma brinquedoteca concebida por um grupo de mães moradoras do local. A iniciativa foi liderada por Ana Carolina Moraes Biagioni Franco, mãe de uma menina, hoje com 3 anos. “Moro aqui há cerca de 5 anos, quando minha filha nasceu comecei a descer para a área de playground, junto com outras mães, mas em dias de chuva não tínhamos onde ficar”, relata. “Começamos a usar o salão de jogos, mas o local não possuía estrutura nem segurança para as crianças pequenas.” A ideia inicial era ocupar apenas um canto adaptado deste ambiente. Ana procurou a síndica, Cinthia Zaratini, que deu carta branca para que as mães desenvolvessem um projeto e apresentassem proposta a uma assembleia de condôminos.
A mobilização avançou para a redefinição de uso do espaço como brinquedoteca, o que acabou aprovado pela assembleia. De acordo com a síndica Cinthia Zaratini, a orientação dada às mães foi que a mudança não implicasse em custos elevados para o condomínio, os quais precisariam ser também deliberados pelos moradores. Por isso, a comissão de mães optou por um projeto simples, mas “que estimulasse o movimento e a criatividade”, contemplando um canto de leitura, lousa para desenho livre, um espaço para bebês e bancadas com brinquedos (tipo oficina, cozinha, gavetões com fantasias etc.).
As ideias foram coletadas através de enquetes realizadas entre as mães e pesquisas na internet, observa Ana Carolina, advogada que cursa atualmente graduação em Pedagogia. “Pesquisei fornecedores, valores e, com isso em mãos, fomos à assembleia apresentar o projeto para a deliberação dos condôminos.” Com a mudança aprovada, o condomínio fez a pintura interna das paredes, reforçou a iluminação do espaço e investiu na decoração com adesivos, “para criar uma ambientação mais lúdica”.
A aprovação ocorreu no final de 2018 e, em maio de 2019, a brinquedoteca estava inaugurada. Para a síndica Cinthia Zaratini, o movimento das mães do Hyde Park demonstra que os moradores podem ter uma participação ativa na vida do condomínio, desde que mudanças e/ou regras tenham a aprovação da coletividade.
Em 2020, por causa da quarentena do novo Coronavírus, o espaço foi temporariamente fechado, situação que permanecia até o final do mês de setembro. “As mães estão conversando para combinar as regras de uso, como retirar os brinquedos e livros e permitir o acesso de apenas uma família por vez”, afirma Ana Carolina. Segundo a moradora, a brinquedoteca contribuiu para valorizar o condomínio na região. As mesas de pebolim e pingue-pongue, que formavam o antigo salão de jogos, foram realocados para o de festas. Construído no final dos anos 70, o Hyde Park possui torre única e 72 apartamentos.
Fotos Rosali Figueiredo
Matéria complementar da edição – 261 – outubro/2020 da Revista Direcional Condomínios
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