Homenagem da Direcional a mulheres síndicas

MULHERES SÍNDICAS, NÃO TEM PARA NINGUÉM

Em confraternização pelo Dia Internacional da Mulher (comemorado em 8 de março), a Revista Direcional Condomínios promoveu, pelo segundo ano consecutivo, um alongado e aconchegante café da manhã com mulheres síndicas além de profissionais que atuam na área, em justa homenagem àquelas que dedicam seus dons de organização, liderança e flexibilidade para profissionalizar a gestão condominial.

Sentadas à mesa, em meio à degustação de sucos, café, frutas, quiches, pão de queijo, brownies e cookies, 24 síndicas, subsíndicas, consultoras, conselheiras e profissionais que atuam na área condominial conversaram de maneira descontraída durante o café da manhã oferecido pela revista Direcional Condomínios no último dia 24 de fevereiro, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Este foi o segundo ano em que a Direcional promoveu o encontro das mulheres síndicas, desta vez no espaço acolhedor do “Quinto Pecado Café”, uma fábrica de doces e salgados artesanais, parceira da Livraria Nove Sete, localizada na Vila Mariana.

No cardápio dos temas que circularam junto às mesas, as responsabilidades ou desafios relatados nem sempre foram tão leves ou doces quanto o menu da degustação, mas o tom das conversas foi sereno e amistoso, de mulheres que estiveram ali para compartilhar experiências, com o intuito de ensinar e também aprender um pouco mais. Não à toa, a advogada Evelyn Roberta Gasparetto anotou que a presença das mulheres no comando dos condomínios cresce a cada ano. Também a assistente comercial Olga Antunes, que há 20 anos atua na área de elevadores, observa maior participação feminina na função. “Isso aumentou muito de dez anos para cá”, afirmou, destacando que elas vêm imprimindo novo perfil à gestão condominial. “As síndicas dão muita ênfase ao conhecimento, à participação e, mesmo que não tenham o conhecimento técnico sobre o mecanismo de funcionamento de um elevador, por exemplo, querem saber o porquê do uso de cada peça. Elas têm uma grande força.” E não se furtam a aprender com as colegas – afinal, são novos contatos e até amizades que acabam formando a partir de um evento como este.

No grupo reunido no final de fevereiro, uma das características mais marcantes foi a diversidade das experiências, com mulheres com “30 anos e meio” na função de síndica, caso de Neyde Helena Dini, ou recém-eleitas, situação da subsíndica Fernanda Parnes. Mas outras novatas, como Vera Regina Nogueira de Sá, há dois meses no cargo, e Cybele Belschansky, com mandato de oito meses, muito contribuíram com suas dúvidas, inquietações e disposição de colocar logo a casa em ordem. A troca de informações foi vista como “frutífera, produtiva e instrutiva”, alguns dos adjetivos que as participantes utilizaram na avaliação final do encontro. Pois até síndicas mais experientes, como a jornalista Luiza Oliva, presença constante na produção das reportagens da Direcional Condomínios nos últimos dez anos, não estão livres de surpresas ou novos aprendizados.

Luiza é síndica há oito anos do edifício em que mora, no bairro de Moema, e levou um susto no final do ano passado, quando recebeu uma notificação do Contru, informando que seu prédio não havia apresentado o RIA – Relatório de Inspeção Anual, obrigatório aos elevadores em São Paulo. A responsabilidade pelo envio do documento à Prefeitura é da empresa que faz a manutenção dos elevadores, mas a prestadora descumpriu com uma das tarefas pelas quais está contratada pelo condomínio. O que fazer, então, em uma situação dessas? Aí surgiram dúvidas, entraram relatos de situações parecidas e surgiram ideias, até mesmo a de destituir a empresa via decisão de assembleia. Luiza disse que a empresa foi acionada através da administradora e regularizou a situação rapidamente.

Do tema elevadores, a conversa enveredou para o campo das assembleias, uma questão sempre espinhosa aos síndicos de forma geral, não apenas às mulheres. Como convocar, organizar, mobilizar os condôminos com direito a voto, expor um problema, aprovar uma alteração de contrato ou de prestador de serviço, aprovar uma obra e até mesmo atualizar uma Convenção? Nesse sentido, em uma das mesas, por exemplo, a ex-síndica e atual consultora condominial, Maria Cecília Fonseca Genevcius, deixou uma ideia interessante às colegas: quando um assunto exigir quórum de dois terços, como a mudança da Convenção, “deixe a assembleia aberta, por prazo determinado de 30 dias, e vá colhendo as assinaturas dos proprietários, que tenham escritura lavrada”.

Foi assim que Maria Cecília conseguiu atualizar a convenção de seu condomínio quando esteve no cargo, à frente do City Park, na Vila Mariana. Síndica por duas gestões, Maria Cecília propôs e obteve a aprovação de norma que impede mais do que uma reeleição para o síndico. Por isso, hoje está como subsíndica e aproveita a experiência acumulada para dar consultoria a outros cinco condomínios, em um dos quais assumirá o comando em breve. O tema proposto por Maria Cecília chamou a atenção das colegas, que apresentaram dúvidas, questionaram e se interessaram em conhecer melhor o tema “assembleia aberta”.

A advogada Evelyn Gasparetto ponderou que a questão não é tão simples, alegando que isso sempre dará margem à contestação judicial caso haja algum condômino insatisfeito com o desfecho das decisões. “É uma ideia nova e o resultado da contestação vai depender do entendimento do juiz”, explicou. No entanto, Maria Cecília comentou que se a síndica fizer, antes da assembleia, um “trabalho de conscientização dos condôminos pela mudança da Convenção”, a proposta da assembleia aberta poderá funcionar. Foi assim que o City Park conseguiu inserir no documento instrumentos para combater a inadimplência – “tínhamos 26 unidades devedoras e hoje todas estão em dia” – e proibir a formação de repúblicas nos apartamentos de seus quatro edifícios.

Desdobrando-se do tema das assembleias para a inadimplência e comportamentos antissociais, recolheram-se ali, à mesa, outras diferentes experiências vividas pelas síndicas. Uma das mais curiosas foi trazida por Gabriela Reis Miranda Nicolellis, há seis anos no comando de um edifício de alto padrão localizado em Perdizes, zona Oeste de São Paulo. Uma das unidades do prédio vinha sendo alugada para um jogador de futebol de um grande time da Capital e, não raro, gerava problemas pelo barulho excessivo e confusões causadas pelo consumo de bebidas alcoólicas e a presença indiscreta de garotas de programa. “Recolhemos evidências dessas situações, incluímos a aplicação de valores elevados de multas na Convenção e aí, diante do passivo acumulado, o proprietário tirou o inquilino”, relatou Gabriela. Mas nem precisava ter alterado a Convenção, conforme lembraram as demais síndicas: segundo o Código Civil, ao bebedor contumaz e ao comportamento antissocial podem ser aplicadas multas até dez vezes o valor do condomínio. Mas feito está, a regra agora é parte da Convenção do condomínio de Gabriela, e reitera que quem incorrer nessas infrações terá que arcar com uma multa superior a R$ 10 mil.

NO CARDÁPIO DO ENCONTRO, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA

Sob o patrocínio da Elevadores Primac, o café com as síndicas contou com uma programação variada, incluindo a palestra da personal trainer Juliana Crepaldi. Sócia da Ser Ativo, empresa de consultoria em esportes que atende a corporações e condomínios, Juliana promoveu uma palestra descontraída sobre “Atividade Física, Saúde e Qualidade de Vida”, intercalando-a com algumas dinâmicas entre as participantes. Graduada em Educação Física e pós-graduada na área pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Juliana defendeu a mudança dos hábitos sedentários que ainda caracterizam a vida de grande parte da população.

“Segundo parâmetro da Organização Mundial da Saúde (OMS), não é sedentário quem pratica atividade física pelo menos três vezes na semana, em períodos mínimos de 30 minutos”, destacou. E São Paulo, complementou Juliana, oferece muitas opções aos moradores, com suas praças e parques e até mesmo dentro dos condomínios, em que as salas de ginástica e musculação representam hoje um item obrigatório. Pois não é demais lembrar que o sedentarismo está relacionado à maior incidência de estresse, obesidade, colesterol elevado, disfunção glicêmica e menopausa, entre outros.

Durante a exposição de Juliana, as síndicas observaram que é crescente a procura pelos espaços de fitness em seus condomínios e, por isso, começa a surgir a necessidade de disciplinar mais o uso desses locais, instruindo-se os moradores com dicas básicas, entre elas, portar sempre uma toalha de rosto e uma garrafinha d’água e realizar aquecimento antes dos exercícios. Mas, conforme orientou a personal trainer, a prática regular da atividade física exige outros cuidados prévios. “É interessante realizar um check-up médico, solicitar um atestado e pedir orientação a um profissional de Educação Física.” Isso porque, o especialista irá definir os tipos e a intensidade dos exercícios, a forma de revezá-los, bem como um programa de introdução de novos estímulos ao organismo, que com o tempo acaba se acostumando à carga inicial e anulando seus efeitos, explicou Juliana.

O 2º encontro promovido pela Direcional Condomínios com as síndicas teve início às 8h, com a recepção das convidadas e um breve café, acompanhado ainda por sucos e salgados. A palestra da personal Juliana começou pouco depois das 9h, seguida de uma exposição bastante produtiva da empresa Elevadores Primac e, às 10h, todas se sentaram às mesas para um serviço mais completo. Ao final, houve uma rodada de depoimentos de cada participante, com a troca de contatos. E o compromisso da diretora da Direcional, Sônia Inakake, de ampliar o formato em 2012. “Afinal, os condomínios precisam de vocês mulheres e temos que valorizar isso”, destacou Sônia.

A TROCA DE IDEIAS À MESA DO CAFÉ

O café promovido pela Direcional Condomínios em homenagem às síndicas contou com palestra e dinâmicas promovidas pela personal trainer Juliana Crepaldi, além de um bate-papo com a assistente Olga Antunes (Elevadores Primac). Mas boa parte das conversas aconteceu mesmo à mesa do café, quando as convidadas puderam se conhecer um pouco mais e falar de suas experiências pessoais. Na 2ª foto da coluna da esquerda, reproduzida na capa, temos, em pé, no sentido da esq. para a direita, a editora Rosali Figueiredo, Cybele Belschansky, Christianne Milk Prioste, Lurdes de Fátima A. Anton, Olga Antunes, Nelza Gava de Huerta, Ângela Merici Grzybowski, Fernanda Parnes, Ana Luiza Pretel, Rosana Candreva, Vera Regina Nogueira de Sá, Margarete Z. Alvarez, Gabriela Reis Miranda, Marina P. Bacini e Maria Cecília F. Genevcius. Sentadas, da direita para a esquerda, Luiza Oliva, Ana J. Severino Pereira, Cleide Alcini, Neyde Helena Dini, a diretora da Direcional – Sônia Inakake, Cristina Muccio Guidon, Evelyn Roberta Gasparetto, Elisângela Mendonça Davini e Rejane de Albuquerque.


Matéria publicada na edição 155 mar/11 da Revista Direcional Condomínios

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