Idosos em condomínio, uma parceria que traz resultados para todos

A projeção de longevidade hoje no Brasil está em 75 anos para homens e 78 para mulheres, conforme estudos do IBGE e de pesquisas em gerontologia. Esta idade atualmente é a média da nossa população, sendo que cada dia se torna mais normal encontrar idosos com 80 ou 90 anos circulando, trabalhando, produzindo e partilhando conhecimento conosco. Este grupo que vem crescendo cada vez mais já descobriu que moradia é algo como um investimento, mas muito além do dinheiro – é um investimento em qualidade de vida. Segurança, tranquilidade, facilidade e praticidade são elementos que decidem quando o idoso pensa na sua moradia; isso explica a vinda maciça de idosos para condomínios de apartamentos em detrimento das casas e sobrados de outrora.

“Cuidar de uma casa grande já não compensa”, diz a senhora que criou os filhos num sobrado amplo e hoje vive feliz com o esposo num apartamento de um dormitório, num prédio com lazer completo, lavanderia coletiva, próximo a uma avenida bem servida pelo transporte público e a menos de um quilômetro do metrô. Os filhos, hoje adultos, não só vem visitar como encontram o casal em shopping centers para uma refeição, já que a senhora hoje cozinha pouco e prefere sair para comer. “Já cozinhei muito”, explica, “e eventualmente gosto, mas deixou de ser a rotina”.

Como ela, outros idosos pensam de forma semelhante, inclusive morando no mesmo condomínio. A situação se repete em outros empreendimentos, sendo que já vi (e inclusive morei) em um condomínio onde o grupo de idosos, que se intitulava “os amigos”, promovia quinzenalmente uma roda de conversa e música no salão de festas aos finais de semana: cada integrante trazia ou uma bebida ou comida, e os talentosos traziam seus instrumentos, cantavam, tocavam e dançavam. Chegaram a formar uma ala para sair no carnaval em uma escola de samba. Os jovens também participavam, estimulando um ambiente agradável, inclusivo e de amizade compartilhada – quando um morador ficava tempos sem aparecer, era comum verificar se precisava de alguma ajuda, uma conversa amiga, um apoio.

Idosos com restrições de saúde e limitações físicas também preferem ambientes com maior controle, como é o caso dos condomínios.

Os funcionários normalmente ajudam, seja para segurar a porta do elevador facilitando o acesso com a cadeira de rodas, como também o fazem para quem chega com um carrinho de bebê e compras; os próprios moradores auxiliam na cortesia do dia a dia, que se mostra no simples ato de abrir a porta e segurar para que idosos, cadeirantes e moradores com crianças de colo, animais possam sair à rua com segurança. Coisas que quem mora em casa dificilmente terá pelo fato natural de ter menos acesso aos vizinhos.

Síndicos e administradores já perceberam a força desta população crescente, e torna-se comum pedir aos idosos a participação ativa no dia a dia do condomínio, participando do conselho, das reuniões de condomínio e também em atividades informais como a integração de novos moradores. Muitas vezes são estes condôminos mais experientes que têm o tato e cordialidade, além de tempo (em alguns casos) para auxiliar na socialização de quem chega, quem acaba de se mudar. Pela bagagem que possuem de anos ativos, sabem avaliar qualidade de serviços, são criteriosos (por vezes muito exigentes!) com a manutenção do condomínio e acessíveis para uma boa conversa – numa integração feliz de gerações que estimula, acima de tudo, qualidade de vida para todos!

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