O Inmetro alongou neste ano os prazos originalmente contidos na Portaria 144, de 13 de março de 2015, relativos à distribuição e comercialização das lâmpadas LED conforme novos parâmetros técnicos.
O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia estimou períodos distintos até que se interrompa definitivamente, em princípios de 2018, a venda de produtos sem selo Inmetro e certificação do órgão no País. De qualquer maneira, já a partir deste mês de outubro os fabricantes e importadores não mais poderão lançar no mercado materiais fora da normatização.
Para o síndico Rogério Garcia, especialista luminotécnico, palestrante e defensor do LED, toda essa regulamentação é importante para sedimentar de vez a presença da tecnologia nos condomínios. “O LED não é mais futuro, é presente, veio para ficar”, aposta. Garcia afirma que uma das mais importantes determinações técnicas do Inmetro já está presente no mercado: “As características de formato e tamanho dos produtos já estão compatíveis com a luminárias”, exemplifica. Outra mudança é que os materiais certificados trazem a relação correta entre consumo e lúmens (unidade de medida do fluxo luminoso).
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE
O síndico e especialista recomenda o investimento no LED, pela redução do consumo de energia e sustentabilidade, mas ressalva que seu custo é elevado. Por isso, “tenham muito cuidado para não comprar gato por lebre”, alerta. Gestor do residencial Splendor Tatuapé, localizado na Zona Leste de São Paulo, ele conta que o empreendimento é hoje “100% LED”, substituição processada nos últimos dois anos no empreendimento de duas torres e 108 unidades.
Segundo Garcia, os principais benefícios da tecnologia residem, entre outros, na:
– Queda da conta de eletricidade (cerca de dez vezes), menor gasto com manutenção e durabilidade maior (cerca de oito vezes);
– Ausência de emissão de calor ou radiação ultravioleta e infravermelha;
– Facilidade de instalação (pois possui lâmpadas sem drives ou reatores);
– Acendimento automático;
– Possibilidade de reciclagem;
– Flexibilidade no uso de cor e de automação (dimerizável, com regulação da intensidade de brilho).
COMPARATIVO DE CONSUMO DAS LÂMPADAS
Entretanto, nem todos os ambientes comportam o LED, a exemplo das quadras poliesportivas, aonde os refletores com vapor metálico ainda são mais eficientes, diz. Segundo Garcia, um retrofit baseado no LED deverá visar pontos com lâmpadas fluorescentes, halógenas e incandescentes, dando-se prioridade aos locais de maior consumo de energia. A luz de emergência também poderá entrar nesse escopo, a exemplo do trabalho realizado no Splendor Tatuapé. “Mas existem porcarias”, observa. O síndico revela que o primeiro lote adquirido para o condomínio, com 200 unidades, “durou apenas 30 dias” e foi substituído pelo fornecedor. “As lâmpadas LED de emergência foram lançadas para durar e economizar mais, porém, o que manda aí é a bateria interna, autocarregável, que possui o efeito memória. É importante que a cada três meses o condomínio as desligue durante seis a oito horas, para que descarreguem totalmente. Depois, ao ligá-las novamente na energia, elas serão carregadas. A bateria precisa ter a oportunidade de trabalhar”, orienta.
O síndico Paulo Lima, do Condomínio Edifício Boulevard, na Bela Vista, optou pela substituição gradual das lâmpadas por LED, incluindo as de emergência. A mudança foi iniciada neste ano e já está concluída na garagem, onde houve troca das luminárias; substituiu-se as calhas de duas lâmpadas de 40 W cada por uma LED com luminescência equivalente. O investimento visa a economizar energia, já que o condomínio realizou a automatização da portaria, com previsão de aumento do consumo. A expectativa é concluir o projeto neste ano. De qualquer maneira, o valor da conta já baixara de R$ 1.051,44, em março passado, para R$ 889,88, em agosto. “Ele vem caindo gradualmente conforme faço as trocas, então, acredito que nos próximos dois meses teremos o montante da economia real”, finaliza o gestor.
TROCA SEGURA: TIRE SUAS DÚVIDAS
O engenheiro civil Rodrigo de O. Vieira, que desenvolve projetos de LED em condomínios, observa que o retrofit da iluminação comporta particularidades a serem consideradas pelos síndicos, como: a troca ou não de calhas; possíveis queimas das lâmpadas causadas pela oscilação de energia; e incompatibilidade com os antigos sensores de presença. “Não recomendo instalar LED em calhas antigas pois geralmente os conectores (plug) apresentam fuga de corrente e isso faz queimar as lâmpadas”, pontua. Também as oscilações de energia podem queimar o LED, em correntes acima de 240 volts, aponta o engenheiro, lembrando que, nesses casos, o condomínio deverá comunicar o fato à concessionária de energia. Quanto aos sensores de presença, ele explica que a maioria dos dispositivos instalados ocasiona fuga de energia. O analista de produtos Vinícius Teixeira, da Sylvania Brasil, acrescenta demais recomendações:
– Todas as lâmpadas são substituíveis por LED?
“As principais lâmpadas utilizadas em residências e condomínios possuem modelos equivalentes com tecnologia LED.” Mas é preciso conferir essas equivalências com a tecnologia anterior, destaca o analista. O Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) exige que os dados comparativos estejam na embalagem. “Antes da publicação da portaria do Inmetro, somente alguns fornecedores informavam na embalagem o fluxo luminoso e a paridade com a incandescente. A partir de outubro deste ano, os fabricantes e importadores poderão comercializar apenas lâmpadas LED com o selo do Inmetro.”
– Troca das calhas e fuga de corrente
Tudo depende da forma como for realizada a instalação. Para o funcionamento correto da lâmpada de LED em uma estrutura anterior, é preciso que “todos os cabos e equipamentos auxiliares desnecessários” sejam removidos, “efetuando a ligação de maneira correta”. “Equipamentos auxiliares esquecidos ou deixados nas luminárias e, às vezes, desligados somente das bases das luminárias e não da rede, podem gerar fuga de corrente”.
– Compatibilidade com sensores de presença
“Alguns modelos de sensores de presença podem apresentar incompatibilidade com o LED, pois, alguns minutos depois de desligado, ainda existe uma corrente residual no circuito e, como este funciona com baixa corrente, isso acaba acionando a lâmpada, fazendo-a piscar. Dessa forma, em alguns casos é recomendada a troca do sensor de presença por um que tenha uma corrente residual muito próxima a zero.”
– O LED é ecoeficiente?
“Um dos grandes diferencias do LED é o fato de ser mais eficiente se comparado às tradicionais tecnologias como incandescentes, halógenas e fluorescentes, gerando uma economia de energia considerável. Mas, além deste fato, no processo do LED, ao contrário da lâmpada fluorescentes, não é utilizado chumbo ou mercúrio, ambos nocivos ao meio ambiente. Dessa forma, podemos dizer que sim, o LED é uma excelente tecnologia ecoeficiente.”
Matéria publicada na edição – 217 – out/16 da Revista Direcional Condomínios
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