Iluminação: Por que fazer um projeto?

Planejamento integra comunicação, segurança e economia

Como evitar que as luzes da garagem fiquem acesas o tempo todo, gerando enorme desperdício e elevando a conta da energia ao final do mês? Por outro lado, como instalar sensores de presença ou temporizadores de forma a garantir um acendimento automático e rápido, que ilumine o ambiente em período suficiente enquanto o usuário estiver no local? Neste caso de acende-apaga, qual a lâmpada mais adequada? “A lâmpada fluorescente não convém a um sistema de minuteria, que acaba com a vida útil dela, pois os reatores são feitos para funcionarem o dia todo e não ficarem neste movimento de liga-desliga”, exemplifica a arquiteta Esther Stiller, presidente da Associação Brasileira de Arquitetura de Iluminação (AsBAI).

Apesar de corriqueiro, este já configura um exemplo forte o suficiente para justificar a contratação de um profissional especializado para desenvolver projetos de iluminação nas áreas comuns dos condomínios. “O projeto ajuda a especificar as instalações mais apropriadas para cada ambiente, aberto, semi-aberto ou fechado”, acrescenta Esther. Ele considera ainda a presença ou ausência de vigas de concreto, item importante para definir a posição e altura das luminárias. As normas técnicas também devem ser consideradas, pois trazem orientações quanto à quantidade mínima de luminância em cada tipo de espaço, observa a arquiteta.

O objetivo é assegurar um fluxo luminoso suficiente para garantir a comunicação entre o espaço e o usuário, bem como a segurança, pondera o engenheiro eletricista Marcio Missao Babazono, empresário do setor de elétrica. As garagens escuras, por exemplo, “podem provocar acidentes e desconforto aos moradores”. A NBR 5413/92, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), especifica que as garagens tenham entre 200 a 300 lux em qualquer ponto. Já em locais não planos, como rampas, escadas e declives, “o fluxo luminoso deve ser maior e, em caso de rotas principais de fuga, sinalizado com adesivos adequados (luminosos ou refletivos)”, orienta o engenheiro Marcio Missao. Outro aspecto fundamental a ser abordado nos projetos é a iluminação de emergência para situações de falta de energia, a qual “deve sinalizar adequadamente as rotas de fuga”, lembra o engenheiro.

Responsável pela remodelação da iluminação do Edifício Alitalia, um residencial localizado na Vila Olímpia, zona Sul de São Paulo, Marcio Missao mudou o sistema de acendimento automático da garagem do local. Conforme a descrição feita pelo zelador Paulo Martins da Silva Neto, foi instalado um “pequeno transformador, que aciona todas as lâmpadas ao mesmo tempo”, ao contrário do esquema anterior, em que havia um sensor para cada fase. “Melhorou muito, porque agora as lâmpadas permanecem acesas enquanto houver gente circulando, o que garante a eficiência do sistema de CFTV”, comenta o zelador. Na verdade, o novo projeto veio mesmo atender a demanda da área de segurança do condomínio, acrescenta Paulo Neto.

Segundo ele, o edifício realiza uma gestão mensal de toda a iluminação das áreas comuns com empresa especializada. Para a presidente da AsBAI, Esther Stiller, a consultoria profissionalizada auxilia no atendimento dos requisitos de desempenho do fluxo luminoso, de eficiência energética, sustentabilidade e estética. A entidade, criada há dez anos, pretende justamente “instrumentar os profissionais da área para que tenham mais condições, conhecimento e habilidade criativa no desenvolvimento dos projetos de iluminação”.


Matéria publicada na edição Nº 156 em abril de 2011 na Revista Direcional Condomínios

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