Inovação: Futuro da segurança eletrônica foi destaque no Congresso ABESE 2019 em SP

O evento também tratou de desafios como regulamentação do setor, capacitação e parcerias público privadas. Entidade lançou Guia de Boas Práticas do Síndico.

Em evento realizado no início de dezembro de 2019, no Centro de Convenções Rebouças em São Paulo, e que recebeu mais de 850 pessoas, a ABESE tratou de temas relevantes para o ecossistema da segurança eletrônica, desde integração com o poder público, regulamentação, empreendedorismo, à políticas de inovação, educação e tendências econômicas, com a análise da Denise Campos de Toledo que fechou o evento.

A ABESE reuniu no Congresso importantes representantes do Poder Público de todas as esferas – Federal, Estadual e Municipal -, e de respeitáveis organizações da iniciativa privada, que em comum enxergam a importância da segurança eletrônica para o desenvolvimento da segurança em seu sentido mais amplo.

A presidente da ABESE, Selma Migliori, durante a abertura oficial do evento, tratou sobre a integração de políticas de segurança e ressaltou os andamentos do Projeto de Lei do Estatuto da Segurança Privada que reconhece a segurança eletrônica como o mais novo pilar da segurança privada no brasil. “A segurança eletrônica se apresenta como mais uma alternativa para os tomadores de serviços, sejam eles da iniciativa privada ou pública, e a integração se traduz na soma de esforços, na junção de diferentes recursos de segurança, respeitada a autonomia dos mercados e a flexibilização nas formas de contratação dos diferentes tipos de serviços. O texto do Estatuto da Segurança Privada reafirma isso, e apresenta as características de cada pilar da segurança privada”, concluiu Selma. A ausência de regulamentação ainda hoje gera uma série de contratempos para as empresas prestadoras de serviços de segurança eletrônica, desde carga tributária incompatível à ônus trabalhistas e previdenciários, completou a presidente da ABESE.

Para ilustrar essa realidade Selma Migliori lembrou ações que a ABESE promoveu ao longo do ano de 2019 em defesa da livre iniciativa, e recente participação em audiência pública realizada no Senado que tratou sobre o Estatuto da Segurança Privada. “A regulamentação é fundamental para o nosso mercado em suas diferentes verticais, videomonitoramento, portaria remota e rastreamento, por isso há anos a ABESE concentra energias para garantir não só o reconhecimento formal do setor, como também seu crescimento sustentável, a livre iniciativa e a livre concorrência”, destaca Selma.

A Presidente esclareceu ainda que as regras visam elevar a segurança jurídica e com este intuito a ABESE lançou oficialmente o e-Book “Estatuto da Segurança Privada, Segurança Eletrônica em Foco”, que apresenta a análise do projeto de lei na visão da ABESE, com a meta de contribuir com o esclarecimento de todas as partes interessadas.

Empreendedorismo

A gestão do negócio enfrenta diferentes tipos de desafios. Pensando nisso a ABESE estruturou o painel Empreendedorismo com a presença da Diretora Executiva da Virtueyes, Taize Wessner, a especialista em marketing, Thays Abrantes, e o apresentador do programa Inova360 da Record, Reginaldo Pereira, que falaram sobre liderança, marketing digital e inovação, em painel comandado por Patricia Roccato, advogada da ABESE.

Para Taize um ambiente inovador depende de atitude, investimentos, mas também da valorização de boas ideias. A inovação tem direto impacto na performance de vendas do negócio, e nesse contexto Thays apontou o poder das plataformas digitais e provocou: “sua empresa está nessas plataformas?”. Como destacou Reginaldo “Inovar significa melhorar a vida das pessoas e gerar mais nota fiscal para minha empresa”, revelando que o sucesso do negócio depende de resultados efetivos.

Programa Nacional de Inovação Terra2 Inova e políticas de inovação

O crescente investimento do setor público em videomonitoramento e a consolidação do conceito de Smart Cities – que aposta em soluções inteligentes para resolver problemas cotidianos dos municípios – aumentou a busca pelo setor de Segurança Eletrônica. O novo cenário exige a atualização constante sobre novas tecnologias e o debate sobre a sustentabilidade do ecossistema de inovação nacional. Por isso, um dos momentos mais aguardados do evento foi a apresentação da plataforma de inovação brasileira, Terra2 Inova, e o centro de competência para tecnologias habilitadoras de Internet das Coisas (IoT), apresentados por Selma Migliori e Gabriel Marão, presidentes da ABESE e do Fórum Brasileiro de IoT, respectivamente.

O programa é resultado do engajamento entre diversas entidades junto ao Ministério da Tecnologia (MCTIC), Governo do Estado, entre outros. A apresentação contou com uma discussão sobre iniciativas públicas que visam incentivar e consolidar estratégias de inovação na sociedade.

O coordenador de Inovação Tecnológica e IoT do MCTIC, Guilherme Corrêa, esteve presente para elucidar o Plano Nacional de IoT e seus impactos na inovação brasileira. “O Plano Nacional de IoT é hoje uma das políticas prioritárias do Ministério da Tecnologia, inclusive em termos da Presidência da República. A Internet das Coisas (IoT) é uma das várias tecnologias de transformação digital, com expectativas de investimento da ordem de 155 bilhões de 2019 a 2022”. Guilherme ressaltou que o plano é apoiar plataformas de inovação em IoT, reunindo empreendedores, investidores, universidades, poder público e outros players, e eu o Programa Terra2 Inova, integrado por Robson Arantes, que também é o coordenador do COMITÊ DE IOT DA ABESE, pode ser a primeira plataforma apoiada pelo Ministério.

Ana Paula Bruno, coordenadora-geral de Apoio à Gestão Regional e Urbana (MDR), e Marcos Vinicius de Souza, subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, também integraram o painel para compartilhar outras iniciativas relacionadas à Internet das Coisas, Inteligência Artificial e Big Data, materializadas na forma de parcerias que buscam agregar valor para a iniciativa privada, em projetos que ABESE foi convidada a participar para promover a ponte com seus associados.

Tecnologias de inovação na Segurança 4.0

Ainda sobre inovação, o Congresso ABESE trouxe um painel sobre o impacto das novas tecnologias no cenário da segurança 4.0. O presidente do Centro Interdisciplinar de Tecnologias Interativas da Universidade de São Paulo (CITI-USP), Marcelo Zuffo, apresentou os trabalhos do CITI USP e projeto piloto junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com a parceria da ABESE.

“O plano nacional de internet das coisas é um projeto nacional e isso mostra o quão importante é. Nós do CITI-USP fabricamos coisas porque a inovação, a evolução tecnológica, passa necessariamente pela sua democratização. É uma exigência da revolução 4.0. Em parceria com a ABESE, a partir do ano que vem atuaremos no case piloto do BNDES. O projeto visa criar uma rede de sensoriamento móvel para a melhoria da efetividade dos serviços de emergência e vigilância urbana, utilizando a inteligência artificial (AI) para identificação de ocorrências”, explicou Zuffo.

Community Manager da IA Brasil, Thaissa Bueno Sanches, tratou da importância dos dados. “Não existe inteligência artificial sem dados. Por isso, a primeira etapa é obter os dados para que assim possam ser analisados. A partir deste processo e dos testes de validação da solução é que podemos descobrir insights e o valor que você poderá gerar no seu negócio”, disse.

Com o crescimento dos dados, é preciso cuidar da segurança. Lucimara Desiderá, analista de segurança do CERT.br/NIC.br – Cyber Security, reforçou que a IoT exige cuidados. “As câmeras que eram para ser a segurança da casa podem se tornar um risco caso a cibersegurança não seja levada em conta. A tecnologia é maravilhosa, mas exige cuidados porque existem pontos vulneráveis causados pela negligência sobre a segurança durante o desenvolvimento destes dispositivos. É preciso que a indústria pense segurança desde a concepção do produto e em todos os processos. Se não for assim desde o início, a negligência custará mais caro no final”, alertou.

Representante do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (CPQD), Emilio Nakamura tratou sobre o crescimento do Blockchain. “Um dos mecanismos importantes da revolução 4.0 é o blockchain, que permite as moedas digitais. Neste momento de transformação, o blockchain é a tecnologia que pode revolucionar os negócios. Para a Segurança Eletrônica, teremos dispositivos mais potentes, com conectividade, mais inteligência e autonomia. Assim, podemos aproveitar a evolução tecnológica para evoluir na questão da privacidade. O blockchain possibilita o processamento descentralizado e o CPQD está discutindo com a ABESE e com a Terra2 Inova como abordar a padronização e a governança do blockchains na Segurança Eletrônica pensando na evolução do setor como um todo”.

Pedro Silveira, gerente de Marketing para Virtualização da Vivo Empresas contribuiu com o painel compartilhando visão sobre a importância da privacidade de dados e da segurança cibernética no dia a dia da companhia. “É um desafio muito grande manter a Rede 4G em pé, garantindo que está segura e que os dados de todos os nossos clientes estejam seguros”. O painel contou com a moderação de Maurício Casotti, gerente de desenvolvimento de negócios e cidades inteligentes, que moderou também o painel anterior.

Segurança e Educação

As constantes transformações tecnológicas impõem o aprofundamento das discussões sobre o tema educação. Afinal, o mercado de segurança exige profissionais cada vez mais preparados para lidar com o futuro, e foi pensando nisso que a ABESE incluiu na programação painel envolvendo percepções de docentes, gestores de segurança e consumidores finais, sob a moderação de Cláudio Procida, que coordena a Academia ABESE.

A falta de investimentos em capacitação foi um dos gargalos apontados, como destacou Dostoiévscki Vieira Silbonne, gestor de condomínios. No mesmo sentido, Antônio Neves, gestor de segurança da Heineken, ponderou que é preciso combater a política do ‘achismo’, ressaltando que a humanização do segmento também está ligada ao desenvolvimento profissional.

A professora da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Roseli de Deus Lopes, aponta que tão importante quanto é a qualidade da formação dos profissionais da área de segurança. Silvio Cesar Martin, gestor de projetos da Sabesp, compartilhou com o público experiências práticas e expectativa de que os prestadores de serviços invistam mais na preparação dos profissionais.

O professor Mario Gonçalves Garcia Junior, coordenador de projetos da Fundação Santo André (FSA) e do Instituto FSA, considera indispensável uma postura crítica sobre o tema, ressaltando a importância da segurança também da informação. No mesmo sentido, o coordenador do Núcleo de Inovação em Negócios e Empreendedorismo (NINE) do Instituto Mauá de Tecnologia, professor Angelo Sebatião Zanini, apontou que cada vez será preciso equilibrar segurança e privacidade, lembrando, inclusive dos desafios que a LGPD estabelece para compor a segurança em meio aos valores humanos.

Para fechar o painel Cláudio Procida ressaltou os trabalhos que a ABESE promove com a meta de promover o desenvolvimento de empresários e de colaboradores de empresas prestadoras de serviços de Segurança Eletrônica através da Academia ABESE, que oferece cursos presenciais e à distância (EAD).

Expectativas para 2020

Para a palestra de encerramento a jornalista e comentarista de economia da Jovem Pan e TV Gazeta, Denise Campos de Toledo, apresentou panorama sobre o cenário econômico e político nacional e internacional de 2019 e as implicações para 2020. Sobre o mercado, a especialista recomendou aos empresários um otimismo cauteloso, mas relembrou que o Brasil terminará o ano com indicadores ascendentes – o que é animador.

Para o setor de tecnologia e segurança eletrônica, Denise Campos de Toledo afirmou que a palavra-chave é adaptação. “Quando se fala em tecnologia as mudanças são constantes, este fato exige adaptação constante, inclusive da legislação. Outro ponto é que é impossível pensar em modernização sem a incorporação do novo ao nosso dia-a-dia. A portaria eletrônica é um exemplo de tantas oportunidades que estão sendo oferecidas pelo segmento, a incorporação de tecnologia melhora o ambiente econômico”, finalizou.

Antes de fechar o evento a ABESE ainda lançou o Guia de Boas Práticas do Síndico que contrata serviços de Portaria Remota, em trabalho conduzido por Cláudio Procida com a valiosa contribuição de Edimilson Hornhardt, Coordenador do Conselho de Síndicos da ABESE, Margareth Ferreira Bariani, Nally Quaresma de Moura e Pedro Nagahama, Conselheiros.

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