Renovação das àreas comuns: Áreas renovadas valorizam condomínios

Espaços antiquados ou ociosos passam por obras de revitalização e são readequados, atendendo às demandas criadas por novos hábitos e conferindo um diferencial à edificação.

Com investimentos em torno de R$ 400 mil, o Conjunto Residencial Parque dos Pássaros II, em Interlagos, zona sul de São Paulo, passa há dois anos por uma verdadeira revolução. A quadra de bocha cedeu lugar a um minicampo de futebol, os halls de 63 dos 70 pavimentos já estão reformados, boa parte das instalações elétricas foi renovada, o bosque teve  a pista de cooper ampliada e os jardins também se expandiram.

O condomínio construiu um almoxarifado central, vestiários para funcionários e agora providencia a pintura da fachada, a reforma da portaria e uma nova demarcação nas garagens. “É uma redistribuição dos espaços, de áreas antes não utilizadas”, afirma o síndico Paulo Roberto de Castro. O condomínio ocupa um terreno de 45 mil metros quadrados e possui cinco prédios, com 560 apartamentos e cerca de 2500 moradores.

As intervenções no local envolvem, portanto, novas obras e equipamentos, manutenção, mas, sobretudo, a renovação de uso das áreas comuns. Esta é uma tendência do mercado, aponta o arquiteto Luiz Frederico Rangel, coordenador nacional do Grupo de Trabalho da Asbea (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura). “Antes, bastava uma sala de ginástica e um playground. Agora, o conceito de fitness foi incorporado a esta salinha, as crianças ganharam brinquedotecas e há necessidade de áreas para adolescentes.” Espaços gourmets, salas de internet e locais apropriados para pequenas reuniões de trabalho também entram na lista das novas demandas, afirma.

Os desembolsos nem sempre são elevados, comenta Rangel, que observa esta tendência de renovação nos edifícios que ganham uma população mais jovem. “Os idosos não têm muito interesse em revitalizar uma área comum, mas é uma forma limitada de ver o futuro, porque o patrimônio não está sendo valorizado”, analisa Rangel. O síndico Paulo Roberto relata ter sofrido resistências no início do processo, pela velocidade que imprimiu aos trabalhos. “Houve bastante conflito, principalmente com os idosos”, diz. Mas Paulo destaca que o valor dos imóveis valorizou quase 100% no período, “trazendo rentabilidade para todos”. O total gasto equivale a 20% da arrecadação do condomínio; apenas o custeio da pintura da fachada passa por um rateio extra. Para o restante das obras, a verba virá da renegociação com inadimplentes e da economia obtida pela centralização das compras e pelo planejamento das futuras manutenções.

Segundo o arquiteto Frederico Rangel, programar uma renovação exige estabelecer as prioridades da edificação e dos moradores. “É preciso antes um diagnóstico das instalações do prédio, por uma necessidade de economia”, ressalva. Feito o trabalho, é hora de conhecer os “anseios” dos moradores. Em um condomínio clube implantado no final dos anos 70, no Morumbi, zona sul de São Paulo, o arquiteto diz que há um “imenso espelho d’água”, quando faltam piscina para os condôminos e vagas de estacionamento para visitantes e moradores. Responsável pelo projeto de renovação do local, Frederico Rangel procurará dar nova vida aos salões de festas (“grandes, antiquados e ociosos”) e jogos, às churrasqueiras (“estão inadequadas”) e à quadra poliesportiva, além de propor a construção de uma piscina coberta e a implantação de 200 novas vagas de garagens, entre outras intervenções.


Matéria publicada na edição 139 set/09 da Revista Direcional Condomínios

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