Instalações, obras e uso de materiais sustentáveis pelos condomínios

Em artigo anterior, mostramos de que maneira o condomínio pode usar recursos como a água e energia, além de reaproveitar parte do “lixo” que gera, contribuindo para a sustentabilidade e o ambiente natural e urbano. 

Agora, neste texto, a abordagem recairá sobre instalações, obras, insumos e materiais de uso corriqueiro nas edificações, pois aqui também pode haver um cuidado ambiental relevante para fins de preservação da vida no Planeta.

– Instalações  

Lâmpadas: As lâmpadas LED são mais econômicas e têm vida útil maior que as incandescentes e fluorescentes. Mesmo com seu custo elevado, vale a pena o investimento. Antes de instalar ou trocar uma lâmpada é importante conferir qual tipo é mais adequado para o ambiente. Por exemplo, uma lâmpada que utilizamos em uma sala não deve ser a mesma para se instalar na parte externa das edificações;

Móveis de madeira: Ao comprar um móvel de madeira, verifique se esta matéria-prima provém de reflorestamento, pois isso significa que ela foi obtida de área plantada com a finalidade de extração, sendo que novas árvores irão repor aquelas que forem retiradas;

Piso drenante: Ótima opção para a área externa de condomínios. São capazes de drenar a água, evitando formação de poças e enchentes. Esses pisos permitem que a água infiltre no solo, ajudando a irrigar as plantas do jardim. São antiderrapantes e podem ser utilizados em diversos locais das áreas comuns. No mercado; é possível encontrar pisos drenantes feitos de material reciclável;

– Obras e resíduos  

Em uma obra devemos separar as embalagens dos produtos assim que abertas para que essas não sejam contaminadas pelo pó gerado durante a obra. Assim, as embalagens poderão seguir para a reciclagem. Caso estejam cobertas por muita poeira, sua reciclagem poderá ser inviabilizada.

No caso do entulho gerado, há duas opções, em obras pequenas é possível leva-lo até um Ecoponto da cidade de São Paulo, desde que seu volume máximo fique em até 1m³ por dia. Em obras maiores, porém, será necessário alugar uma caçamba. O entulho deverá ser destinado para aterros específicos para esse tipo de resíduo.

Mas além de embalagens e entulhos, obras civis podem gerar outro tipo de transtorno ambiental: o barulho. Muitas vezes não conseguimos evitá-lo, tanto nos serviços realizados nas áreas comuns quanto nas unidades. A dica é executar as atividades que causem maior barulho quando houver o menor número de vizinhos em casa e pelo menor período possível. Isso pode ser orientado ao condômino, assim como sugerir que ele evite, também, fazer o corte de materiais, como peças de mármore, dentro do apartamento; o ideal é tirar as medidas e apenas fazer a instalação no local.

A política da boa vizinhança é de grande ajuda para evitar confusões, é importante ainda comunicar a todos quando será o início e o fim da obra, se algum vizinho tem bebê é possível combinar horários para que não atrapalhe o horário do sono da criança.

Por fim, existe a produção da poeira gerada pelas obras. Se possível, manter fechadas portas e janelas que dão para corredores e halls. Para que a poeira não passe por debaixo da porta, o morador pode colocar um pano úmido. Caso a poeira atinja áreas comuns por serviços realizados pelos moradores ou condomínio, é preciso limpar o local com frequência.

– Insumos (materiais de limpeza, sacos de lixo, copos, toalheiros de papel etc.)  

Produtos de limpeza: Prefira os produtos de limpeza concentrados, estes são mais sustentáveis pois economizam matéria-prima, gastam menos com transporte (distribuição do produto) e utilizam menos embalagens plásticas, gerando quantidade menor de resíduos. Além disso, é interessante sempre buscar produtos que tenham refil, já que esses economizam nas embalagens plásticas.

Alguns produtos naturais podem substituir os produtos de limpeza, como o vinagre que é utilizado para tirar manchas e lavar pisos e rejunte. O limão pode ser aplicado com sucesso para limpar vidros e espelhos, remover ferrugem e dar brilho em objetos de metal. O bicarbonato de sódio também tem várias utilidades, como tirar o mau cheiro da geladeira do salão de festas ou lixeiras, desentupir pias, entre outros.

Sabão: Ao comprar sabão de qualquer tipo, é importante verificar se utilizam “tensoativo biodegradável”. Este é um componente sintético que provoca a união de substâncias que em seu estado natural não se misturam, como água e óleo. Os fabricantes de detergente já são obrigados a utilizarem tensoativo biodegradável, porém os de sabão em pó, por exemplo, não são.

Bucha: A bucha sintética, aquela que usamos para lavar a louça e para limpeza em geral, pode ser substituída pela vegetal. A bucha sintética é feita de plástico (derivado do petróleo) e tem vida útil curta, já a vegetal vem de uma planta, sua descontaminação é mais simples e barata, além disso ela é biodegradável, tem maior durabilidade e não risca a louça. Sempre depois de utilizar a bucha vegetal é importante deixá-la secar completamente para evitar a proliferação de bactérias.

Sacos de lixo: A opção para o saco de lixo é comprar um que seja biodegradável ou orgânico, desta forma eles serão facilmente degradados sem causar poluição. Outra opção é comprar sacos feitos de plástico reciclado – este ainda pode causar poluição no meio ambiente ao ser descartado, porém, ao menos reduz a extração de matéria-prima necessária a para sua fabricação.

Copos, talheres e pratos descartáveis: Nos salões de festas de condomínios é comum utilizarmos copos, talheres e pratos descartáveis pela facilidade de não ter que lavar, porém estes são os grandes vilões do meio ambiente. Por serem descartáveis, as pessoas normalmente os utilizam uma vez e os jogam fora, e se necessitam usar outra vez, pegam um novo. Dessa maneira, a geração de resíduos é muito grande ao se utilizar esses produtos. Recomenda-se utilizar copos, talheres e pratos de materiais duráveis, como vidro, metal etc. Algumas pessoas questionam sobre o gasto com água para lavar esses objetos, mas a água demandada na fabricação dos descartáveis é maior; além disso, pode-se utilizar uma lava-louças, assim o gasto com a limpeza diminui.

Toalheiros de papel: São três opções que devemos considerar nesse tópico: toalhas de papel, secador de mãos e a toalha de pano. Existem diversos estudos sobre esse assunto para verificar qual opção é mais higiênica e sustentável. O problema desses estudos é que a maioria é encomendado por empresas fabricantes desses produtos, portanto, não são imparciais.

Em questão de sustentabilidade, a toalha de pano apresenta mais vantagens, pois pode ser utilizada diversas vezes, com apenas o custo da lavagem; já o secador de mãos consome matérias-primas para ser produzido e gasta energia ao longo do seu uso. Quanto à toalha de papel, esta se apresenta como a que mais impacta o meio ambiente, pois necessita muita matéria-prima para sua produção e gera muito resíduo. A respeito do quesito higiene, a toalha de papel e o secador de mãos estão empatados, já a toalha de pano depende do local que será usado. Se este for de grande circulação de pessoas, esta não será a melhor opção. Porém, para um banheiro dos funcionários do condomínio e de salão de festa, não será um problema se ela for trocada com frequência para lavagem.

Selos ecológicos: Os selos ecológicos são encontrados em produtos que respeitam o meio ambiente e o ser humano. Ao buscar a sustentabilidade é importante observar alguns selos nos produtos adquiridos. Exemplos:

– Procel: Eletrodomésticos e eletrônicos;

– Ecocert: Produtos orgânicos;

– Rainforest Alliance Certified: Produtos agrícolas;

– ISO 14001: Fábricas de qualquer segmento podem ter essa certificação, demonstrando que suas atividades são realizadas de modo sustentável;

– FSC: Produtos de reflorestamento, como madeira e papel;

– Selo verde: Empresas ambientalmente amigáveis; e,

– IBD: Produtos de limpeza, cosméticos, alimentos.

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Autor

  • Nathália Vegi Bohner

    Engenheira Ambiental graduada pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), pós-graduada em Sistemas de Gestão Integrados pelo Senac. É sócia da empresa ECOPRO Engenharia e Projetos Ltda. Com conhecimentos na área de Gestão de Resíduos Sólidos, já atuou em indústria multinacional e possui experiência em Educação Ambiental, incluindo treinamentos de condôminos, síndicos e funcionários. Atua também na área de Avaliação de Passivos Ambientais.

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