Kit enxoval enxuto para condomínio

A implantação de um condomínio é momento delicado, com formação de caixa e condôminos às voltas com gastos. É preciso critério ao equipá-lo; nessa fase, o supérfluo não tem vez.

O kit enxoval tem elementos essenciais para a boa funcionalidade da edificação, seja em condomínios já estabelecidos ou naqueles em fase de implantação. Nesses últimos, o tema é abordado na AGI, sigla para Assembleia Geral de Instalação, momento em que se aprova o rateio para compra do enxoval e, vale lembrar, no qual os moradores estão às voltas com despesas como ‘parcela das chaves’, envidraçamento da sacada, entre outras. “As pessoas estão endividadas e ficam temerosas com os custos, mas faço questão de esclarecer a elas que manteremos o pé no chão e, em um primeiro momento, compraremos o essencial”, relata o síndico profissional Mauro Conte, responsável pela implantação de mais de 40 condomínios na capital paulista.

Síndico profissional Mauro Conte

Síndico profissional Mauro Conte: pé no chão

Antes desse encontro, Mauro visita o empreendimento para elencar as necessidades do condomínio e no dia da reunião apresenta uma lista com o respectivo orçamento. “Os moradores nunca me pediram para excluir algum item, só lembro de alguns questionarem o porquê de a construtora não entregar o banheiro do salão de festas, por exemplo, com tampa no vaso sanitário, mas eu explico que é uma característica do mercado”.

Cada empreendimento tem suas particularidades, mas a título de curiosidade vale mencionar que no mês passado Mauro fechou em R$ 60 mil o enxoval para um condomínio de classe média alta na Aclimação, com 96 unidades e extensa área de lazer. “Eu sempre incluo algum dispositivo de abertura do portão da garagem e identificação veicular, o que encarece um pouco a lista, mas é preciso haver uma proteção mínima até o condomínio se decidir por um sistema de segurança mais completo, e isso leva alguns meses”, comenta.

Lista de compras

Em um enxoval básico, não podem faltar acessórios e produtos para atividades cotidianas. São itens como carrinho de supermercado e trava-cartão, dispenser para sabonete, papel toalha e álcool em gel, escada de alumínio, caixa de ferramentas, quadros de aviso, mobília da zeladoria e do refeitório, eletrodomésticos para os funcionários, cones, espelho convexo para a garagem, lixeiras, protetor de elevadores e de piso. “Eu coloco no enxoval molas aéreas para as portas de vidro dos salões e da academia. Assim elas não batem com o vento, evitando quebras de vidros”, diz Mauro.

Produtos e utensílios para limpeza do condomínio, manutenção da piscina e do jardim, também são aquisições essenciais. Sobre a procedência dos produtos, Mauro orienta: “Não adianta só buscar preço, tem de ter qualidade. É preciso verificar a origem, ficha técnica e se tem um químico responsável. Do contrário, pode causar algum problema e o síndico será responsabilizado”.

Outras aquisições

Inagê Costa Porto, síndico profissional com experiência em implantações de condomínios na capital paulista, comenta que as construtoras tendem a dar mais ênfase ao aspecto visual na entrega dos seus empreendimentos, preenchendo espaços de uso coletivo com móveis, tapeçaria e objetos decorativos; academia com equipamentos; e salões de festas com eletrodomésticos. “Normalmente o restante fica para o condomínio comprar, caso do sistema de segurança patrimonial, medidores de água e gás, aparelho de ar-condicionado para área comum ou aquecedor de piscina”. São itens de valores mais altos, portanto a aprovação de compra não deve ser tema da AGI, mas sim de uma nova assembleia, decorridos quatro a seis meses da primeira.

Síndico profissional Inagê Costa Porto

Síndico profissional Inagê Costa Porto: nova assembleia para aprovar itens mais caros

O síndico reconhece que a implantação é a fase em que mais se gasta ao mesmo tempo em um condomínio. “São frentes simultâneas de gastos, é necessário cuidar do fluxo de caixa para não ter surpresas”, alerta. Os condôminos estão com as finanças apertadas, não é o momento de despesas altas, mas é preciso certo critério para balizar a compra de acessórios e equipamentos de acordo com o perfil do empreendimento. “O síndico tem de seguir o padrão estabelecido pelo profissional de interiores a fim de não deixar o empreendimento inacabado ou desfigurado”.

Comodidade no salão

Síndico Bruno Ferreira Luize

Síndico Bruno Ferreira Luize equipou salões de festa com pratos, copos e talheres

Às vezes, decorridos os primeiros anos de vida do condomínio, se torna possível investir em detalhes que valorizam o ambiente e trazem comodidade. É o que fez Bruno Ferreira Luize para atender aos anseios dos condôminos do You Vila Mariana, zona sul, do You Vila Formosa e do Residencial Belatto, Vila Bertioga, zona leste, todos dotados de áreas comuns agradáveis para eventos e celebrações. “Os moradores aprovavam os salões, mas tinham de alugar pratos, copos e talheres quando iriam receber, o que acabava gerando um transtorno financeiro. Quando vieram me procurar, cheguei a pensar se não seria algo para eles resolverem, mas me dei conta de que ter esses utensílios à mão facilitaria na organização de uma festa”.

Bruno levou a questão aos respectivos conselhos, que aprovaram, com ressalvas. Um colaborador teria de registrar a quantidade de itens no ato de entrega da chave do salão e, no pós-evento, o pessoal da limpeza faria a contagem. Segundo: a responsabilidade de lavar a louça não ficaria com o condomínio, e peças quebradas seriam cobradas.

O síndico orçou e comprou os artigos em lojas especializadas na região central de São Paulo. Adquiriu peças extras como forma de prevenção. “Algum item pode quebrar, ou um buffet levar por engano alguma peça que tenha se misturado com coisas dele”. Para os pratos, preferiu modelos brancos e resistentes, similares aos de restaurantes. A verba usada foi proveniente da locação de salões e churrasqueiras.

Para Bruno, ter uma louça padronizada, enobrece o ambiente, mas não é só. “Muita gente que não alugava esses itens, usava as versões descartáveis, que não têm requinte, nem tem a ver com práticas sustentáveis, tão necessárias. É impressionante o quanto diminuiu o lixo gerado com as festas”, diz o síndico.


Matéria publicada na edição – 280 – jul/2022 da Revista Direcional Condomínios

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