Levantamento aponta que 7 em cada 10 vigias de condomínios dormem em trabalho noturno

Empresa instalou câmeras para aumentar a segurança. Nos condomínios monitorados, 70% dos porteiros da madrugada cochilaram ou dormiram.

Um levantamento feito em condomínios de São Paulo mostra que sete em cada dez porteiros e vigias dormem durante o trabalho noturno. Ficar acordado durante a madrugada é realmente difícil. Mas a preocupação dos moradores é que esses cochilos podem representar risco.

É um perigo, porque se um morador está do lado e precisa entrar, fica exposto na rua. Sem falar que algum ladrão pode invadir o prédio. E é para diminuir esses riscos, que alguns condomínios estão investindo em equipamentos de, vamos dizer assim, espionagem.

Vida de porteiro de prédio grande é agitada. Abre portão, fecha portão, libera carro, atende telefone. Quer dizer, nem sempre é agitado assim.

O problema é de madrugada. Quando ninguém mais entra ou sai. Quando não tem carro nem movimento nenhum na rua. E o porteiro sozinho. Em uma sala pequena, escura, silenciosa. Aí já viu.

Depois das 3h30, a cabeça vai ficando pesada. E a pescaria começa. O bravo porteiro até tenta resistir. Mas perde a guerra contra o sono.

Uma empresa de monitoramento começou a instalar câmeras nas portarias, para aumentar a segurança contra os arrastões em condomínios. Acabou confirmando em números o que muita gente já sabia na prática.

Ao todo, 70% dos porteiros da madrugada dos 66 condomínios monitorados cochilaram, ou dormiram mesmo, nos últimos seis meses.

“Os condomínios estão com aquela falsa impressão de segurança, ou seja, todo mundo dormindo, pensando que tem alguém lá tomando conta, principalmente para controlar o acesso do edifício. Na verdade, isso não está acontecendo”, afirmou Marcelo Lancellotti, sócio da empresa.

E a empresa começou a fazer a vigilância dos vigilantes. O porteiro dorme, eles ligam para acordar. O Chico não trabalha mais na madrugada.

“Rapaz, a noite é cruel, viu. Eu duvido, quem é que não dorme”, disse o porteiro.

Com 20 anos de bons serviços no condomínio, ele está meio cismado com a câmera olhando para ele o tempo todo.

“Sei lá porque colocaram isso aí, eu acho que nunca precisou, agora, colocar para quê?”, questiona o porteiro.

O síndico do prédio garante que o sistema nunca foi para punir os porteiros. Ele diz que, depois da câmera, todos estão mais seguros.

“Para ele também é segurança. Para ele também. Não fica. Qualquer coisa que acontecer, ele sabe que vão tomar uma providência”, destacou Alexandre Garcia do Souto, síndico.

O Bom Dia Brasil perguntou, na central de monitoramento, se não tinha perigo do vigia que fiscaliza o porteiro também dormir. E a resposta foi que, na central, isso não acontece porque tem bastante gente e bastante coisa para fazer.

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