Diante de altos índices de inadimplência, a saída dos condomínios para manter as contas em dia tem sido fazer de um tudo para tentar reduzir as despesas. A manutenção adequada, otimização do consumo de água e energia podem significar uma economia de 20% a até 50% nas despesas, a depender do serviço. A estimativa é do conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA) e coordenador adjunto da Câmara de Civil, Leonel Borba.
“O condomínio que quer buscar uma redução de custos precisa fazer manutenções periódicas e apostar em reformas nas áreas comuns, sobretudo, com intenção de otimizar o uso da água e da energia”, destaca Borba.
Em média, o valor de uma intervenção desse tipo chega a custar de R$ 10 mil a R$ 20 mil. Ainda que o investimento seja alto, as melhorias vão reverter os gastos com a obra em uma gordurinha a mais na receita do condomínio ou na diminuição da taxa condominial, como Borba acrescenta. “São investimentos que vão impactar bastante na diminuição dos gastos por conta da economia que proporcionam. O condomínio acaba pagando muitas vezes até três vezes mais caro com a falta de manutenção periódica, por exemplo”, garante.
Outras ações, como a individualização de água e gás, tornam o morador responsável pelo seu próprio consumo e saem da lista do rateio das despesas ordinárias mensais do condomínio. Do mesmo modo, investimentos em obras de impermeabilização, aproveitamento da água das chuvas e em placas solares são também reformas que podem baratear os custos a serem rateados.
Por isso, Leonel Borba recomenda que o trabalho de redução de custos se torne rotina nos condomínios que querem otimizar os recursos. “Se a prática de buscar alternativas para reduzir custos for mantida, isso vai permitir que se tire a taxa extra e que se reverta o valor investido em mais melhorias para o prédio”.
Obra útil
O síndico do Condomínio Portal das Velas, Sérgio Barreto, é um dos que não hesitam em buscar soluções para conseguir diminuir o valor da conta de luz. Localizado no bairro da Pituba, o condomínio começou a trocar a iluminação de lâmpadas comuns por de LED e viu o valor da conta de energia cair pela metade após a mudança, junto com a decisão de desligar um dos elevadores nos horários de menor circulação nas áreas comuns. “São medidas que vão atender todo mundo e ainda deixa o condomínio com um extra em caixa para investir em melhorias”, afirma.
Barreto também apostou na troca das torneiras das áreas comuns por torneiras de pressão. A medida quase zerou o rateio entre os moradores, que pagam, no máximo, 1% do metro cúbico por apartamento. A economia impactou até mesmo no reajuste da taxa mensal de condomínio, que em vez de 30% subiu 15% após quatro anos sem reajuste. “Hoje o investimento que estamos planejando é o pastilhamento da fachada para evitar ter que pintar o prédio a cada dois anos e meio”, planeja.
Recursos
Para o presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-BA), Kelsor Fernandes, a principal dificuldade em implementar essas mudanças tem sido causada pelo crescimento dos índices de inadimplência e a falta de recursos dos condomínios para investir nas obras.
“É preciso convencer os condôminos em sua totalidade de que vale a pena fazer esses investimentos, que não são baratos. O problema maior é que os índices de inadimplência dispararam, o que acaba muitas vezes inviabilizando isso (as reformas)”, reforça.
O mês de julho registrou um crescimento de 22,5% das ações de cobrança de taxa de condomínio, em relação ao mês de junho, na capital baiana. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o aumento foi de quase 80% (79,2%), uma vez que em julho de 2015 o número de ações de cobrança de despesas com condomínio em atraso foi 655. Os números são do levantamento realizado pelo Departamento de Pesquisa de Mercado Secovi-BA no Tribunal de Justiça da Bahia.
Por conta disso, empresas que prestam o serviço estão facilitando o pagamento para não perder o cliente nem deixar de sair da lista de prioridades da folha de pagamento dos condomínios.
Na Limpaut e Condomínio Certo, empresas que prestam serviços para condomínios na área de hidráulica, energia e refrigeração, os serviços estão sendo parcelados em até seis vezes. “Quanto mais barato para os condomínios, melhor. O serviço que tem tido maior procura é essa parte do retrofit, que consiste na troca de toda parte de iluminação convencional por um sistema mais econômico”, explica o sócio de uma das empresas, João Cláudio Santos.
Em média, o serviço em um prédio de médio porte com o projeto, com manutenção preventiva, troca, instalação, alinhamento da parte elétrica e acompanhamento trimestral custa na faixa de R$ 7 mil.
Planejamento
E para promover as reformas sem comprometer o orçamento vai ser preciso colocar isso na ponta do lápis e pesquisar muito com os prestadores de serviço e fornecedores.
Segundo o coordenador administrativo da Rane Administradora de Condomínios, Luis Alexandre, na hora de tirar o projeto do papel, o condomínio que quiser gastar menos vai ter que pechinchar. “O ideal é consultar diferentes empresas, materiais e profissionais em busca dos melhores valores e fornecedores. Porém, é importante que, além de apurar o menor preço, procurar por empresas confiáveis, que garantam bons resultados”, recomenda.
Alguns investimentos que reduzem custos
Energia elétrica – Avalie possíveis desperdícios de energia elétrica, com a realização de programações inteligentes para os elevadores, instalação de sensores de presença nas áreas das garagens, escadas de emergência e corretores nos andares. Com um preço cada vez mais atrativo, as lâmpadas do tipo LED vêm se popularizando no mercado condominial e garantem também uma redução significativa na conta de energia. As medidas podem reduzir em até 50% o consumo nas áreas comuns do condomínio.
Água – Adote a instalação de individualização da água. A medida incentiva a economia de água do prédio como um todo e isso pode tirar a conta de água do rateio do condomínio e torná-la responsabilidade de cada um dos condôminos. Busque também medidas para verificar possíveis vazamentos nas unidades e áreas comuns, instalar redutores de vazão. Pode ser construído também um reservatório para armazenagem de água das chuvas para ser reaproveitada na limpeza das áreas comuns e nos jardins.
Impermeabilização – A obra vai evitar a deterioração da pintura e as infiltrações, sobretudo em imóveis que ficam próximos ao mar. Segundo o conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA) e coordenador adjunto da Câmara de Civil, Leonel Borba, a depender da área que for impermeabilizada, os custos podem chegar a R$ 30 mil, mas o serviço só vai passar por uma manutenção após cinco anos.
Placas solares – O reaproveitamento da energia solar é também uma boa opção para os condomínios que querem reduzir os custos com energia. Ainda de acordo com o conselheiro do Crea-BA Leonel Borba, o investimento mínimo para instalar placas solares é de R$ 10 mil: “No entanto, é um investimento que vale a pena pela economia que representa”, pontua.