Manutenção no condomínio: Guarda-corpo em edificações

Relação dos principais itens que devem ser analisados em guarda-corpos, platibandas, desníveis e correlatos, para garantia de solidez e segurança de edificações.

Os guarda-corpos e parapeitos compõem o sistema de vedação vertical da edificação e têm função fundamental no quesito de segurança contra queda de pessoas, principalmente crianças, devendo resistir à ação dos esforços mecânicos que ocorram durante as atividades de uso, operação e manutenção, em toda a vida útil do sistema, conforme NBR 15.575-4 (ABNT, 2013).

Vale ressaltar que hoje a normatização técnica só prevê requisitos para edificações residenciais e comerciais, não sendo aplicada a áreas de uso coletivo, tais como, shopping centers, museus, hospitais, cinemas, teatros, igrejas, indústrias, aeroportos, viadutos etc. Talvez, porque esses locais requerem dimensionamentos especiais com maiores esforços mecânicos. Porém, por não haver qualquer recomendação, acabam sendo menos seguros que as edificações residenciais e comerciais. Não tendo referência técnica para esses casos, o bom senso e a prevenção a segurança nos fazem julgar as normas válidas também para esses casos, dentro de certas adaptações.

Aplicações

Segundo a NBR 14.718 (ABNT, 2008), os guarda-corpos e/ou parapeitos devem ser instalados em qualquer local de acesso livre a pessoas, onde haja um desnível para baixo maior do que 1,0m, até mesmo em planos inclinados com ângulo maior ou igual a 30º, conforme Figura 1.

Figura 1: Desnível vertical com instalação obrigatória de guarda-corpo.

Altura de proteção

A altura mínima de proteção dos guarda-corpos varia de acordo com as condições de acesso, mais ou menos facilitadas. Mas 1m de altura, medido do local onde se possa ficar de pé sem esforço, serve como referência geral.
Casos específicos devem ser consultados na NBR 14.718 (ABNT, 2008).

Figura 2: Altura de proteção de guarda-corpo

Configuração geométrica

Um item muito importante nos guarda-corpos, para evitar queda de crianças, são suas dimensões. Em guarda-corpos tipo gradis, os vãos abertos entre perfis não devem ser superiores a 11cm, conforme Figura 3.

Figura 3: Distância entre perfis verticais.

Os perfis também não podem ser na horizontal até 45cm de altura, para evitar escalada por crianças, conforme Figura 4.

Figura 4: Distância entre perfis horizontais.

Nas situações em que o guarda-corpo possua formas ornamentais, os vãos abertos não devem permitir a passagem de um gabarito prismático de (25x11x11) cm, simulação o tamanho de uma criança, conforme Figura 5.

Figura 5: Passagem de gabarito prismático em vãos entre perfis.

E nas situações em que o guarda-corpo seja instalado projetado para além do piso, conforme Figura 5, a distância que ele pode estar projetado deve ser inferior a 5cm.

Figura 6: Guarda-corpo projetado além do piso

Resistência a esforços

Segundo a NBR 15.575-4 (ABNT, 2013) e a NBR 14.718 (ABNT, 2008), os guarda-corpos e parapeitos de janelas, situados nas áreas privativas e comuns da edificação (apartamentos, áreas de lazer, solários, terraços, jardins etc.) devem atender aos esforços mecânicos, no caso de impactos de corpo mole, esforço estático horizontal e esforço estático vertical, confirmados através de ensaio em laboratório ou em campo, de acordo com os métodos de ensaio descritos na ABNT NBR 14.718.

Segundo a NBR 15.575-5 (ABNT, 2013), no caso de guarda-corpos e parapeitos situados onde haja acesso de veículos até sua proximidade, devem resistir à carga horizontal concentrada de 2,5 tonelada-força aplicada a 50cm do piso (simulando uma batida de um veículo).

Casos irregulares

Abaixo será exemplificado algumas condições irregulares de guarda-corpos, em relação aos critérios normativos, que infelizmente são mais frequentes do que deveriam.

No caso da Figura 7 foi identificado guarda-corpo de balaústres com vãos maiores que o corpo prismático permitido pela norma. Onde foi sugerido a instalação de tela de poliéster como medida paliativa.

Figura 7: Vista de guarda-corpo de balaústres.

No caso da Figura 8 foi identificado guarda-corpo com perfis na horizontal com espaçamento maior que 11cm, favorecendo a escalada e passagem de crianças pelo vão, onde os próprios usuários já tinham percebido o risco de queda e instalado tela poliéster como medida paliativa.

Figura 8: Vista de guarda-corpo com montantes na horizontal.

Conclusão

Os guarda-corpos e parapeitos devem ser concebidos em projeto com base nos requisitos normativos, para que tenham a segurança e desempenho esperados, sendo que toda e qualquer irregularidade trará risco aos usuários e maior ônus para correção.

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 14718: Guarda-corpo para Edificação. Rio de Janeiro, 2008. 29p.
______. NBR 15575-4: Edificações Habitacionais: desempenho – Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas. Rio de Janeiro, 2013. 63p.
______. NBR 15575-5: Edificações Habitacionais: desempenho – Parte 5: Requisitos para os sistemas de coberturas. Rio de Janeiro, 2013. 73p.

Não reproduza o conteúdo sem autorização do Grupo Direcional. Este site está protegido pela Lei de Direitos Autorais. (Lei 9610 de 19/02/1998), sua reprodução total ou parcial é proibida nos termos da Lei.

Autor

  • Marcus Vinícius Fernandes Grossi

    Engenheiro Civil, é doutorando em tecnologia da construção pela USP; mestre em Tecnologia da Construção de Habitações pelo IPT; especialista em Excelência Construtiva e Anomalias pelo Mackenzie; em Gestão e Tecnologia da Construção pela POLI-USP; Inspetor de Estruturas de Concreto pelo IBRACON, ABECE e ALCONPAT. Atua como Perito Judicial, Assistente Técnico da Defensoria Pública e Ministério Público do Estado de São Paulo; professor universitário; palestrante de cursos de perícia e patologia das construções. É sócio-gerente da Fernandes & Grossi Consultoria e Perícias de Engenharia, onde atua com consultoria, perícias de engenharia, inspeção predial, entrega de obras, auditoria de projetos, normatização técnica, desempenho e qualidade das construções. Atualmente é membro da Divisão Técnica de Patologia das Construções do Instituto de Engenharia e associado da ALCONPAT - Associação Brasileira de Patologia das Construções. Lançou a obra “Inspeção e Recebimento de Obras/Edificações Habitacionais” (LEUD Editora, 2020).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

9 − seis =