Máquinas e Equipamentos

Quais máquinas e ferramentas devem fazer parte do acervo do condomínio para a manutenção básica? Conheça os itens essenciais para manter o prédio em ordem.

O barulho foi de estremecer naquela manhã, há pouco mais de um ano. Quem estava dormindo, acordou. Quem estava acordado, saiu às janelas para verificar o que havia acontecido. Batida? Explosão de transformador de energia? A causa foi outra: um jacarandámimoso, talvez secular, doente, apodrecido por fungos, não resistiu e tombou no meio da rua. Felizmente, não encontrou ninguém pelo caminho.

O jacarandá encantava os moradores do Condomínio Maison André Courrèges, em Moema, do qual sou síndica, com suas flores de um azul violeta. A calçada, porém, já não resistia ao volume de suas raízes e estava desnivelada. O tombamento da árvore agravou ainda mais o estado da calçada: o contrapiso e a pedra miracema usada no revestimento ficaram danificados. O conserto que vinha sendo adiado era urgente: com a retirada dos restos do jacarandá, sobrou uma calçada à espera de reforma.

Nosso condomínio conta com uma razoável estrutura para manutenção: um zelador habilidoso e conhecedor dos diversos sistemas prediais e um funcionário de manutenção que cuida de pequenas pinturas, vazamentos e outros serviços rotineiros para que o prédio, construído há 15 anos, continue em ordem. Em um armário de aço são guardadas as principais ferramentas. Mas, quem diz que todo nosso maquinário seria suficiente para quebrar o concreto da calçada? “Na marreta e na talhadeira, o serviço seria muito mais custoso e demorado, já que o concreto estava muito duro. Alugamos um martelete e retiramos tudo em três dias”, lembra o zelador Devanildo Evangelista Lima.

LOCAÇÃO OU COMPRA?

A locação é sem dúvida uma saída interessante, inclusive para outras situações, como diante da necessidade de se utilizar andaime para a troca de lâmpadas ou na limpeza de coberturas. “Algumas vezes locamos andaime para limpar a cobertura de policarbonato que cobre o salão de festas e para trocar lâmpada no poste de iluminação da quadra de tênis”, lembra Devanildo, salientando que a compra do andaime não interessou porque o condomínio não teria onde guardar o equipamento. “Não compensa comprar para usar apenas esporadicamente”, avalia.

Mas para a realização das tarefas rotineiras, é prudente que o condomínio tenha uma relação mínima de máquinas e ferramentas. Para Fábio Sternberg, gerente de uma administradora de condomínios, as necessidades básicas passam por ferramentas manuais, como jogo completo de alicates, chave de boca e de fenda, grifos, marreta, talhadeira, pá de pedreiro, régua de nível, fita métrica e martelo. A lista inclui ainda uma furadeira elétrica profissional, máquina de rebite, além de acessórios úteis, como teste de voltagem, fita isolante, veda rosca e cola plástica. “Pela descrição da função de zelador, ele não pode realizar tarefas de manutenção. Mas se não faz, certamente é criticado pelos moradores. Ele pode resolver algumas pequenas situações do dia a dia”, afirma, completando que não recomenda que o prédio invista em ferramentas específicas, como a serra mármore, o que implicaria em certo treinamento para ser utilizada e poderia trazer riscos para os menos habilidosos.

CRIATIVIDADE E ORGANIZAÇÃO

O zelador Juraci Lins da Silva, há 29 anos trabalhando na área, confirma que o zelador que não souber um pouco de manutenção predial acaba tendo dificuldades para lidar com a rotina condominial.

“Muitas vezes enfrentamos demora no retorno de um fornecedor e precisamos resolver o problema. Já troquei coluna de água em uma véspera de Natal, pois o esgoto entupiu e estava invadindo um apartamento. O que mais eu poderia fazer?”, questiona.

Vitorino de Jesus Andrade é outro zelador experiente, há 35 anos trabalha em condomínios, 21 anos deles na função. “Conheço zeladores que não sabem trocar uma lâmpada. Eu me viro em qualquer situação. Troco um reator, um reparo de válvula, uma boia, torneira ou chuveiro. Na emergência, é preciso resolver”, sustenta. Já Devanildo Lima diz, por sua vez, que para facilitar o trabalho acrescenta outros itens ao rol básico de ferramentas, caso de pá, enxada, picareta, riscador para cerâmica, guia para passar fios e facão (também conhecido como podão, o qual, fixado a um cabo comprido, é utilizado para cortar folhas altas de coqueiros). A criatividade do funcionário conta pontos quando se trata de equipar o condomínio: Devanildo improvisou um esmeril, retirando o motor de uma esteira que um morador jogou fora e adaptando a ele uma pedra de fiar. “É útil para afiar ferramentas”, diz. O condomínio possui ainda uma bomba de sucção pequena (para tirar água de algum local em caso de emergência) e um maçarico com botijão, para pequenos serviços em canos de cobre. Mas certamente um dos equipamentos mais utilizados é a mola para desentupir encanamentos. O desgaste do material é grande e Devanildo lembra que o condomínio já teve que repor esse tipo de mola manual.

Por outro lado, contar com as ferramentas indispensáveis não é garantia de manutenção bem feita.

Organização é fundamental, assim como controle do que o condomínio possui. Ao assumir como síndica do Condomínio Edifício Cellini, no Campo Belo, há cerca de dois meses, a engenheira Vera Regina Nogueira de Sá resolveu tomar pé da situação e encontrou um bom depósito de materiais, improvisado embaixo da rampa da garagem. “Porém, verifiquei que era preciso organizar os itens. O prédio é pequeno, são 38 unidades, mas temos zelador e um funcionário de manutenção que conhecem bem o edifício e também atendem os moradores em qualquer necessidade, fora do horário do trabalho no condomínio. Isso é uma facilidade para os condôminos, ter alguém que conheça bem a planta do apartamento e saiba resolver problemas rotineiros”, aponta a síndica.

Para o zelador Osvaldo Oliveira Santos e o encarregado de manutenção Genivaldo Queiroz da Silva, Vera fez uma exigência fundamental ao assumir: o uso de EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) nos serviços de manutenção. Ela sugere que os condomínios tenham itens essenciais, caso de luva de raspa, luva de borracha, bota de borracha, luva de pelica, lanterna, óculos, máscara e protetor auricular.

Vera complementa que o síndico deve avaliar os principais itens que necessitam de manutenção no edifício ao investir em ferramentas. “Temos um deck de madeira na piscina que necessita de manutenção periódica. Mas não compensa comprar uma lixadeira para usar uma vez por ano”, explica. A relação de Vera para uma caixa de ferramentas para o condomínio inclui: grifo médio, jogos de chave de fenda, de boca e de chave Philips, alicates de pressão, normal, de bico e de corte, martelo, pregos, parafusos, porcas, buchas, fita isolante comum, fita isolante alta tensão, fita teflon, silvertape, durepox, superbonder, silicone e furadeira. E certamente, pela disposição que vem demonstrando em colocar o condomínio em ordem, dará muito uso a esses equipamentos.


Matéria publicada na edição 155 mar/11 da Revista Direcional Condomínios

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