Prateleiras abastecidas com pão de forma a creme dental, passando por pilhas alcalinas; geladeiras de bebidas; e freezers de sorvetes e congelados práticos. Tudo disposto em espaço reduzido, com equipamentos de autoatendimento e câmeras de segurança. Assim são os minimercados que se proliferam nos edifícios da cidade seguindo conceito honest market: o consumidor pega e paga. Para os condôminos, a vantagem traduz-se em praticidade. E para o condomínio?
Síndica orgânica do Maison Thyber, na Saúde, desde 2012, Ana Maria Cristina Afonso relata que o prazo para locações e vendas de apartamentos foi acelerado após a implantação do mercadinho. “Tivemos o feedback desses novos moradores, confirmando que consideraram essa facilidade na escolha do imóvel”.
O síndico profissional Gustavo Oliveira atua em condomínios da capital e adjacências e avalia que mais de 20% de sua carteira dispõe de minimercados, e que nestes condomínios as unidades para venda ou aluguel ficam vagas por menos tempo. Outra vantagem para o empreendimento é receber o repasse de 4% a 6,5% do faturamento mensal bruto do mercadinho. “O condomínio não deve ter por objetivo aferir lucro, mas uma vez que existe esse retorno financeiro, e que pode ser útil na reforma do salão ou manutenção da churrasqueira, acho válido”.
O síndico profissional Gustavo Oliveira avalia que mais de 20% de seus condomínios possuem mercadinhos
Tanto Ana Maria quanto Gustavo foram persistentes na primeira experiência com mercadinhos. Como a síndica administra um condomínio com apenas 60 unidades, custou a encontrar quem se interessasse por um edifício mais enxuto. “Na época, as empresas exigiam um mínimo de 100 unidades para entrar no condomínio, mesmo assim, fui insistente e argumentei com uma delas que o investimento valeria a pena, pois além dos moradores, poderíamos somar os colaboradores das unidades e do condomínio. Destaquei que no entorno não havia nenhum mercado. Além disso, me disponibilizei a fazer divulgação pelos canais de comunicação do condomínio de forma constante”.
“O minimercado veio contribuir com a segurança que todos nós buscamos quando falamos em condomínio, pois o morador não precisa sair à rua em busca de produtos. Além disso, proporciona conforto e praticidade.”
(Rosângela Lima, CEO, Go3 Market)
A argumentação funcionou e a inauguração da loja autônoma no Maison Thyber aconteceu em fevereiro de 2020, um mês antes de ser decretado isolamento social em decorrência da pandemia. “Essa instalação foi bem-vinda em uma época de circulação e comércio restritos”, avalia. O mercadinho deu tão certo que só saiu do condomínio em março deste ano, por causa de mudanças internas na empresa. No mês passado, outra bandeira passou a operar no edifício. “Com essa transição, ficamos só 20 dias sem mercadinho, mas todo mundo sentiu muita falta”.
Já Gustavo Oliveira precisou driblar a barreira do conselho ao propor a instalação de um minimercado, também em 2020, em um condomínio de médio padrão em Higienópolis, com 150 unidades. “Os cinco conselheiros alegaram que a proposta não interessava ao condomínio. Sugeri então que ouvíssemos os moradores por meio de uma enquete e ficou claro que a maioria esmagadora apoiava a ideia. Depois de instalado o minimercado, o resultado foi uma comunidade mais feliz e satisfeita, incluindo os conselheiros. Isso só demonstra como síndicos podem promover transformações através de iniciativas inovadoras.”
Ana Maria Cristina Afonso: inauguração do minimercado no Maison Thyber antecedeu o isolamento social de 2020
Gustavo e Anamaria ressaltam alguns pontos a serem observados por quem pretende instalar um mercadinho: a) a relação entre o condomínio e empresa tem de ser benéfica para ambos, visando sempre o bem-estar das famílias; b) alinhar o método de self-checkout ao perfil etário; c) estabelecer em contrato isenções de quaisquer ônus ao condomínio; d) aprovar ou ratificar a instalação em assembleia, bem como destinação do cashback.
“A solução em minimercados traz comodidade, praticidade, economia de tempo, segurança, renda extra e valorização ao condomínio.”
(Renan A. da Silva, sócio-proprietário e gerente operacional, All Time Market)
Matéria publicada na edição 300 mai/24 da Revista Direcional Condomínios
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Jornalista apaixonada desde sempre por revistas, por gente, pelas boas histórias, e, nos últimos anos, seduzida pelo instigante universo condominial.