Conforme pesquisa do Secovi-SP, as vendas do mês confirmam a recuperação do mercado na cidade de São Paulo em meio à pandemia.
A Pesquisa do Mercado Imobiliário, realizada pelo departamento de Economia e Estatística do Secovi-SP, indica a continuidade de recuperação do setor na cidade de São Paulo, principalmente em termos de vendas. Em outubro, foram comercializadas 5.552 unidades, a maior quantidade contabilizada para o mês, desde o início da série histórica em 2004. O crescimento em relação às 5.147 unidades vendidas em setembro foi de 7,9%. Comparado à comercialização de 4.023 unidades em outubro de 2019, houve alta de 38,0%.
O VGV (Valor Global de Vendas) atingiu R$ 2,9 bilhões em outubro, resultado 6,5% abaixo do registrado no mês anterior (R$ 3,1 bilhões) e 23,1% superior ao volume percebido em outubro de 2019 (R$ 2,3 bilhões) – valores atualizados pelo INCC-DI (Índice Nacional de Custo da Construção) de outubro de 2020.
Os imóveis econômicos – enquadrados no programa Casa Verde e Amarela – responderam por 54% das vendas do mês de outubro, com 3.020 unidades comercializadas, e tiveram participação de 20% no VGV. No segmento de mercado de médio e alto padrão, a pesquisa identificou 2.532 unidades vendidas e VSO (Vendas Sobre Oferta) de 13,8%.
“A reação nas vendas de imóveis vem ocorrendo desde maio, quando superamos a fase mais crítica da quarentena. Contudo, vale destacar que, de agosto a outubro, foram comercializadas 17.049 unidades, 45% do total das vendas do ano”, destaca Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP.
No acumulado de janeiro a outubro, foram vendidas 38.287 unidades, o que representa um crescimento de 5,6% em relação ao acumulado do mesmo período do ano passado (36.267 unidades).
“Importante lembrar que, em 2019, tivemos recorde de vendas. Em valores monetários, o VGV acumulado no ano apresentou redução de 7,3% em termos reais, considerando a correção pelo INCC. Neste ano, foram comercializados R$ 17,9 bilhões e, no ano passado, R$ 19,3 bilhões”, diz Emilio Kallas, vice-presidente de Incorporação e Terrenos Urbanos do Secovi-SP.
Lançamentos
De acordo com dados da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio), os lançamentos totalizaram 6.220 unidades em outubro, volume praticamente estável em relação a setembro, mês em que foram lançadas 6.238 unidades. Na comparação com outubro do ano passado (6.946 unidades), a redução foi de 10,5%. No ano, foram lançadas 32.696 unidades na cidade de São Paulo, uma redução de 22,3% em relação ao mesmo período do ano passado (42.088 unidades).
Os empreendimentos econômicos de 2 dormitórios, com área útil entre 30 m² e 45 m², foram o destaque do mês. “Esse desempenho explica o crescimento das vendas em número de unidades habitacionais, mas a redução em termos de VGV”, justifica Kallas.
“A economia começa a apresentar sinais de retomada e a atividade imobiliária teve papel fundamental neste movimento de recuperação. Com exceção dos momentos mais agudos da pandemia, o setor imobiliário manteve números positivos, a exemplo do agronegócio”, ressalta Basilio Jafet, presidente do Secovi-SP.
Diversos fatores têm colaborado para o bom desempenho do setor imobiliário, de acordo com os dirigentes da entidade. A começar pela decisão de não paralisar as obras em março. “A determinação do governo federal em classificar a construção civil como atividade essencial foi acertada, porque é enorme a nossa capacidade de gerar empregos, movimentar a economia e atender a uma forte demanda por imóveis”, diz Jafet.
Contribuem ainda para o cenário favorável as baixas taxas de juros e os preços acessíveis dos imóveis, aspectos que encorajam as famílias a adquirirem a casa própria. “O momento está formidável para essa tomada de decisão”, afirma Kallas.
Jafet acrescenta que a redução da taxa de juros foi decisiva para a ampliação dos recursos do crédito imobiliário. “Os financiamentos com recursos da poupança somaram R$ 13,9 bilhões em outubro, conforme apontam dados recentes da Abecip.”
Apesar de favorável, o desempenho do setor desperta preocupações, que incluem o aumento de preços e a falta de insumos básicos da construção, e as restrições da atual Lei de Zoneamento de São Paulo, dentre outras.
“A expectativa é que a revisão do Plano Diretor Estratégico prevista para 2021 corrija os atuais entraves que dificultaram por anos as atividades imobiliárias na cidade”, ressalta o presidente do Secovi-SP, alertando ainda para os significativos reajustes dos custos dos insumos da construção e os problemas gerados ao empreendedor pela escassez desses produtos no mercado. “Se não superarmos esses obstáculos, será difícil atender a demanda por imóveis diante desse mercado aquecido”, conclui.