Métodos alternativos de soluções de conflitos

Convidada para ser colunista do site da Direcional Condomínios, fiquei pensando sobre o que escreveria. O veículo é dirigido para condomínios, porque a cidade de São Paulo, como tantas outras cidades, mudaram muito nos últimos 30 anos. A verticalização é constante e desordenada.

Recordo de quando eu era criança, como as pessoas se relacionavam com seus vizinhos, nos bairros, independentes das classes sociais. Para a geração mais nova é difícil visualizar, mas se emprestavam alimentos (não havia nada que funcionasse 24 horas do dia), emprestava-se telefone, não eram todos os bairros ou casas que possuíam o serviço. Automóvel era raro, portanto, somente uma minoria da população possuía. Com toda esta interdependência, a relação entre vizinhos era de amizade fraternal. O vizinho era visto quase como um membro da família, pois em quaisquer emergências, socorriam-se mutuamente.

Hoje em dia nos condomínios, os vizinhos, geograficamente, estão muito mais próximos, mas o inverso aqui é notável, visto estarem cada vez mais distantes uns dos outros. A vida moderna fez com que o anonimato dentro de um edifício ficasse cada vez mais constante. Simplesmente, cumprimenta-se o vizinho, rapidamente, e nada mais.

A realidade aponta que nem todos os condomínios têm como característica a agradável paz dos bairros de outrora. São comuns as disputas geradas dentro desse ambiente por diversas razões: mau uso dos recursos e áreas condominiais, particularização de espaços coletivos, inadimplência dos condôminos, entre tantos outros problemas. Quando não existem vínculos, portanto, até mesmo que sem qualquer intenção alguém ocasione algum problema para seu vizinho, muitas vezes isso termina em processo judicial.

Procedimentos judiciais costumam ser demorados e dispendiosos. Os tribunais de arbitragem e mediação oferecem soluções mais efetivas e céleres a muitos destes conflitos, porém, a melhor opção ainda é o dialogo entre os envolvidos.

A minha atuação como advogada fez com que eu procurasse uma especialidade na qual eu pudesse resolver os conflitos de forma mais ágil e também segura, por isso optei pelos Métodos Alternativos de Soluções de Conflitos.

Importante ressaltar o papel do sindico, ele representa legalmente os condôminos, mas também é um líder e como todos os dirigentes atuais, precisa equilibrar a atuação operando com objetividade, tato e sensibilidade.

Sim, não é tarefa fácil, mas se o que se busca dentro desta sociedade chamada condomínio é o bem-estar coletivo, não há motivo para que não se tente fazê-lo por meio de uma boa dose de sensibilidade e compreensão.

Problemas como o mau uso de recursos e áreas do condomínio podem ser resolvidos com ações educativas simples junto aos condôminos. O conflito entre áreas coletivas e particulares pode ser apenas uma questão de falta de informação. A inadimplência, talvez um dos maiores problemas enfrentados pelos síndicos, também requer sensibilidade e dialogo.

Oferecer acordos dentro da esfera condominial é solução rápida e de grande eficácia. Entender quais motivos geram a inadimplência pode fazer com que o condômino se sinta mais seguro e estimulado a resolver sua situação.

Criar um ambiente acolhedor dentro de um espaço coletivo é tarefa árdua, mas os resultados a médio e longo prazo podem ser incrivelmente satisfatórios.

Então, se você é sindico ou tem participação na administração de seu condomínio, tente se aproximar dos condôminos causadores de problemas e ofereça ajuda e orientação. Peça àqueles que já colaboram com seu trabalho, para que também assumam posturas mais sensíveis e solidárias. E lembre-se, o segredo dos antigos bairros pacíficos e agradáveis era a proximidade e solidariedade criada entre seus moradores.

Havendo necessidade utilize-se de um profissional especializado para tentar resolver o problema através da negociação, mediação, conciliação ou arbitragem antes de se dirigir ao Judiciário.

São Paulo, 3 de outubro de 2011

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