Primeiro foi a impermeabilização das lajes sob os jardins, já recompostos; agora, vem uma nova bateria de obras para enfrentar: arrancar 660 metros quadrados de piso da área externa, impermeabilizar a base e assentar um novo revestimento. “O grande problema que tenho hoje, pelo tamanho da área, é escolher bem o piso”, diz a subsíndica Suzanah Carvalho, do Bloco 10 do Condomínio Edifício Marajoara Sol, na zona Sul de São Paulo. Suzanah está correndo muito atrás de fornecedores e feiras de expositores (como a Revestir 2010), com vistas a descobrir um material resistente, antiderrapante, bonito, de fácil manutenção e preço acessível. A versão atual é uma espécie de pedra mineira, chamada luminária, que não agrada mais aos condôminos. “Queremos algo mais clean, moderno”, explica.
Para o arquiteto Benedito Abbud, que lançou recentemente uma nova versão de piso cerâmico drenante, a escolha do material deve atender antes a outro critério. “É preciso definir bem como vão usar a área, pois muita gente passa grande parte de suas vidas dentro dos condomínios”, observa. Como as edificações mais antigas acabam, necessariamente, em algum momento, passando por obras de impermeabilização, como é o caso do edifício do Marajoara Sol, Abbud recomenda que os condôminos aproveitem a ocasião para reavaliar a destinação da área comum. “Vamos pensar principalmente neste espaço para uso da criança e do adolescente”, acrescenta.
Assim, é possível aproveitar uma área grande para implantar um mix de pisos, cada um delimitando a finalidade do espaço. “Para a circulação entre a portaria e o hall, por exemplo, recomendo fazer uma praça de chegada, que sirva ainda como local de convivência entre as pessoas.” Basta atender a alguns critérios básicos, que servem para o revestimento de qualquer ambiente externo: o material tem que ser antiderrapante, fosco e resistente à abrasividade (no mínimo, um PI 4). Dependendo da finalidade do lugar, deve ainda ser macio, mas, de forma geral, com as cores harmonizadas, em tonalidades próximas ao bege. “Os pisos escuros absorvem muito calor”, alerta o arquiteto.
Segundo ele, os condomínios podem recorrer aos revestimentos emborrachados nas áreas e equipamentos infantis e naquelas frequentadas pelos adolescentes. O piso asfáltico entra como alternativa; por ser maleável, é indicado para quadras de usos múltiplos ou campos de spiribol, nova prática esportiva que vem conquistando a garotada. Já nos espaços dos adultos, como as churrasqueiras, a escolha pode recair sobre o porcelanato fosco, que não escorrega nem absorve gordura. O importante é que crianças, jovens, adolescentes e adultos sejam contemplados em suas necessidades de lazer e circulação, em que cada espaço traga “um piso organizado para o seu uso”.
O arquiteto divide os revestimentos em quatro grandes grupos. No primeiro, se encontram os cerâmicos e porcelanatos, que permitem a combinação de cores às vezes em uma única peça, além de composições “sempre bonitas”. No segundo estão as pedras, como a luminária, o mosaico português e ardósia. Mas esta é uma opção já descartada pelos condôminos do Bloco 10 do Marajoara Sol, uma vez que seu tratamento e manutenção exigem mais cuidados e nem sempre dão os resultados desejados, observa a subsíndica Suzanah. Outros dois grupos de revestimentos são os de base cimentícia (como o granilite) e os emborrachados.
A ideia é que se repense o conceito de uso do espaço, ressalta Benedito Abbud, compondo-se um mix entre essas soluções. Mesmo nos ambientes internos, observa o arquiteto, a tendência é o uso dos tipos foscos e práticos, que facilitam a limpeza e a manutenção. Quanto ao piso drenante recém-lançado, o arquiteto explica que o revestimento é próprio para calçadas dos passeios públicos e recuos das edificações, em locais sem lajes na base. A primeira versão é de 2006, feita à base de pedrisco e cimento. Agora em 2010, durante a Feicon (18ª Feira Internacional da Indústria da Construção), realizada no mês de abril em São Paulo, Abbud lançou o Drenac, em associação com um grande fabricante do segmento cerâmico. “O Drenac é ecologicamente mais correto, porque feito com cerâmica reciclada moída selecionada.” Ele apresenta um nível de até 82% de absorção da água, é atérmico e confortável para a caminhada, finaliza.
PASSEIO PÚBLICO
A Prefeitura de São Paulo instituiu há cinco anos o Programa Passeio Livre, como forma de padronizar as calçadas da cidade, as quais são de responsabilidade dos proprietários dos imóveis. Com base no Decreto Lei 45.904/2005, elas devem atender a toda uma normativa para garantir a acessibilidade, segurança, conforto, continuidade do deslocamento, qualidade estética, entre outros. O passeio deve ser subdividido em três faixas (de acesso, livre e de serviço), adotar um sistema construtivo pré-determinado e utilizar somente três tipos de pisos (placas pré-moldadas em concreto, ladrilho hidráulico ou concreto). Em termos de acessibilidade, principalmente para idosos, portadores de deficiência ou pessoas com mobilidade reduzida, ele determina critérios para rebaixamento de guia, sinalização tátil, de direcionamento e guias de balizamento. A Prefeitura editou uma cartilha bastante didática sobre o assunto, que pode ser baixada via internet do endereço http://ww2.prefeitura.sp.gov.br/passeiolivre/pdf/cartilha_ passeio_livre.pdf.
A padronização dos passeios está prevista no Plano Emergencial de Calçadas (PEC), baseado na Lei 14.659/07, da vereadora Mara Gabrilli (PSDB), a qual por sua vez foi regulamentada pelo Decreto 49.544/08, visando assegurar de uma forma mais rápida a mobilidade acessível. O dispositivo estipula as rotas emergenciais que deverão receber prioridade nas fiscalizações e intervenções. Cada subprefeitura tem um programa de ação.
Matéria publicada na edição 146 jun/10 da Revista Direcional Condomínios
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