Nova realidade de consumo da energia elétrica: é preciso adaptar condomínios e unidades autônomas

Vamos imaginar nossa casa há alguns anos atrás. Ou melhor, há alguns bons anos atrás, cerca de 20, por exemplo, na metade dos anos 1990. Agora tente lembrar o que havia de eletroeletrônicos? Uma geladeira, máquina de lavar roupas, uma ou duas televisões, micro-ondas, um ou dois chuveiros elétricos de 4.400 Watts, um computador de mesa com impressora e alguns outros eletrodomésticos, que eram usados de vez em quando.

Hoje em dia as coisas mudaram, os eletrodomésticos ficaram mais acessíveis e a gama de ofertas é enorme. Então, dentro de uma casa encontramos várias televisões; vários computadores; ventiladores; máquinas de lavar, de secar, de lavar carro, de lavar louça; chuveiros que subiram a potência, e hoje têm de 5.600 a até 7.500 Watts, ar condicionado em condições de gelar ou esquentar, o que aumenta o consumo de energia, e por aí vai.

É fato que os equipamentos atuais são mais eficientes e, tirando o chuveiro elétrico, os demais diminuíram suas potências e seus consumos de energia, tornando-se mais eficientes. Entretanto, o número de equipamentos aumentou significativamente e, com isto, as instalações elétricas ficaram mais vulneráveis.

Outro fator sobre o qual chamamos a atenção é com relação à vida útil destas instalações elétricas.

Não há normas que informam o tempo de vida útil de uma instalação elétrica, já que estes dados dependem totalmente das condições em que elas foram projetadas, e como estão sendo usadas ao longo do tempo.

Se uma instalação elétrica foi projetada para ampliações futuras, provavelmente foi superdimensionada na época e hoje deve estar atingindo sua capacidade máxima, o que faz com que sua vida útil seja estendida.

O mesmo acontece se, ao longo dos anos, esta instalação elétrica foi utilizada dentro da sua capacidade, fazendo com que os condutores não sofressem estresse por aquecimento, o que contribuiu para evitar danificação do isolamento.

Por outro lado, e como mostramos no início do artigo, nem sempre é assim. Novos equipamentos ligados na energia elétrica normalmente são introduzidos sem estudo algum da capacidade da rede elétrica. Assim, é comum que os usuários recorram a dispositivos como: Benjamim, TE, extensões e filtros de linha. Estes são usados para inserir os equipamentos na rede elétrica sem critério algum de avaliação, aumentando assim a potência utilizada no circuito e causando aquecimento nos condutores.

Entendendo minimamente o circuito elétrico / Riscos de curto circuito

Para explicar melhor, vamos fazer um parêntesis aqui.

  • O que determina a capacidade de condução de corrente elétrica de um condutor é:
  • Sua seção transversal (sua bitola ou mesmo espessura do cobre);
  • O material do isolamento da qual é composta;
  • A quantidade de condutores em um mesmo conduto (popularmente conhecido como eletroduto ou conduite, por exemplo);
  • A distância que este condutor percorre (quanto maior a distância, maior deve ser a sua seção);
  • A configuração das seções mínimas. Ou seja, cada situação deve considerar uma seção de condutor mínima para garantir a segurança e outros parâmetros mais técnicos como curto circuito.

Desta forma, qualquer parâmetro que seja alterado acarretará em modificações do comportamento do condutor, as quais poderão ser para melhor ou pior.

Vamos retornar para a condição de vários equipamentos usados em um mesmo circuito. Há naturalmente um aumento de passagem de corrente, que é o resultado entre a potência do equipamento e a tensão do equipamento, e com isto há um aquecimento maior nos condutores. Este aquecimento faz com que as propriedades do isolamento sejam modificadas, deteriorando-o e, com isto, o condutor fica vulnerável e pode causar um curto circuito, que é um dos principais iniciadores de incêndios conhecidos.

Portanto, vale a pena pensar em uma verificação da instalação elétrica de tempos em tempos, pelo menos a cada cinco anos. Nos próximos artigos, vamos falar de outros componentes da instalação elétrica que também sofrem com o tempo e, principalmente, compõem este conjunto tão importante, como é o caso dos disjuntores ou fusíveis. Então até lá!

São Paulo, 16 de março de 2014.

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Autor

  • Edson Martinho

    Engenheiro Eletricista, é diretor-executivo da Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade). Escreveu e publicou o livro "Distúrbios da Energia Elétrica" (Editora Érica, 2009).

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