Já faz alguns anos que não vemos mais aquele porteiro idoso, de cabelos grisalhos e desprovido de conhecimentos tecnológicos cuidando dos acessos aos condomínios. Raramente se vê hoje um porteiro sem aparelho de telefonia celular, ou que o possua mas não saiba utilizá-lo na sua plenitude. Tampouco temos entre esses profissionais aqueles que não conhecem e nem utilizam computador.
De outro modo, se temos um profissional mais preparado tecnologicamente, com muita exceção observa-se alguém que tenha visto o nascimento de várias crianças no condomínio, hoje adolescentes; ou que enxergue seu serviço como uma carreira e queira se aposentar na profissão. Enfim, aquele profissional tido como “da família” acabou, definitivamente este profissional não existe mais.
Em seu lugar temos um porteiro mais novo, que se conecta às redes sociais do próprio smartphone (ou tablet pessoal – sim, ele tem um tablet), ao mesmo tempo em que assiste TV, ouve rádio, observa câmeras de segurança, abre e fecha portões, recebe mercadorias, usa o interfone, o computador etc.. O novo porteiro faz tudo isso durante o turno de serviço, simultaneamente, mesmo sabendo que assim ele aumentará a possibilidade de cometer falhas operacionais. E olha que elas ocorrem e muito!
Na verdade, esse perfil de profissional moderno é irrequieto, ambicioso, vislumbra não morrer nesta profissão, pois almeja ser “promovido” a vigilante, ou líder de portaria, ou mesmo ser supervisor operacional com salários que podem chegar a mais de R$ 4.000,00 mensais.
Enfim, temos hoje um profissional desapegado do lugar onde trabalha e que anseia alcançar mais, muito mais…
Analisando empiricamente os quase 500 currículos que chegam mensalmente às nossas mãos, observamos claramente uma característica comum a todos: “falta de estabilidade no trabalho”. São poucos os candidatos que nos apresentam histórico de permanência superior a dois anos na mesma empresa.
Diante desta constatação, observamos prestadores elaborando planos de carreira visando reter alguns profissionais, mas cientes de que vários outros “baterão asas” rumo a outros objetivos.
Aos síndicos e demais moradores, a sugestão que deixamos é que entendam e aceitem que estamos diante de uma nova realidade de desapego profissional, o que gera rotatividade e, por conseguinte, insegurança, mas que veio para ficar. Nossa orientação, visando minimizar os efeitos deste desapego, é proporcionar um ambiente de trabalho estimulante, com salários maiores e benefícios diferenciados.