O abastecimento de água dentro de um condomínio depende não apenas da disponibilidade da rede pública, como também do funcionamento constante das bombas de recalque, o qual pode ser afetado por problemas na instalação, conservação inadequada ou, ainda, pela queda de energia (caso o prédio não disponha de geradores nem motobombas). Por isso, os síndicos estão sempre às voltas com a manutenção desses sistemas e, em geral, celebram contratos permanentes com empresas especializadas.
Para que esses gestores disponham de informações precisas e didáticas sobre equipamentos tão importantes, a Direcional Condomínios solicitou ao engenheiro Ayrton Barros, da área de perícias e segurança do trabalho, a formulação de um breve guia relativo ao assunto, reproduzido a seguir. Além das bombas de recalque, outras são fundamentais aos condomínios, como as de drenagem e incêndio.
‘ABC’ DAS BOMBAS
Por Ayrton Barros
Edição Rosali Figueiredo
BOMBAS DE RECALQUE
Elas mandam a água da caixa inferior (normalmente no subsolo) para a superior (no topo da edificação). Ou seja, o equipamento serve para ‘empurrar’ a água de um ponto a outro mais elevado. Elas podem ser de estágio simples (para prédios mais baixos) ou multiestágios (para edifícios mais altos). Neste caso, a pressão será maior, pela maior altura em que recalcam a água. O ideal é que os condomínios tenham duas delas ligadas em paralelo e que funcionem de modo alternado.
Elas são acionadas por quadro de comando, através de chaves tipo boia, que ligam e desligam automaticamente.
OBS.: Essas chaves são boias dotadas de circuito elétrico interno, que ficam dentro das caixas d’água superior e inferior, ligando e desligando a bomba. Na superior, elas ligam a bomba quando o nível do reservatório está baixo e desligam quando a mesma está cheia. Já na caixa inferior, é o contrário: a chave boia permite que a bomba seja ligada enquanto houver água neste reservatório ou impede o acionamento quando o nível se encontra baixo.
BOMBAS DE DRENAGEM (ÁGUAS PLUVIAIS)
Elas servem para retirar a água pluvial ou do lençol freático do subsolo e mandá- -la à rede pluvial. Elas podem ser centrífugas (indicadas para águas limpas) ou submersíveis (indicadas para quando houver resíduos misturados à água).
Normalmente deve haver duas bombas de drenagem ligadas em paralelo, funcionando de modo alternado. Elas são acionadas automaticamente por quadro de comando, que as ligam e desligam através de chaves tipo boia. Esse quadro possui internamente uma chave contatora (responsável por ligar e desligar a bomba, a contatora é acionada pela chave boia).
QUADRO DE COMANDO
Ele possui internamente a chave contatora que liga e desliga a bomba, e é acionado pela chave boia. O quadro de comando também faz o revezamento do funcionamento das bombas de recalque. Na verdade, este revezamento pode ser manual ou automático. No manual, semanalmente o zelador alterna a bomba que deverá funcionar. No automático, quadros modernos respondem por esse serviço, acionando qual a bomba será utilizada para recalque.
CADA TIPO DE BOMBA POSSUI QUADRO DE COMANDO PRÓPRIO E ACIONAMENTO ESPECÍFICO
O quadro de comando deve ser diferente, pois no caso das bombas de recalque existe a possibilidade de trabalhá-las alternadamente; já para as bombas de drenagem, o ideal é um quadro que possa fazê-las funcionar também simultaneamente em caso de precipitação de chuva em volume anormal. Quando ambas funcionam desta forma, elas aumentam a capacidade de escoamento do reservatório, reduzindo o risco de transbordamento.
OBS.: Há um pré-requisito importante para instalar esse sistema nas edificações – a tubulação por onde a água vai passar deverá ser dimensionada para o volume das duas bombas de drenagem funcionando simultaneamente.
BOMBA DE PISCINA
É acoplada a filtros e têm a finalidade de fazer a água circular para limpeza do fundo, semelhante a um aspirador de pó. Pode ainda fazer a água circular somente para sua filtragem ou retrolavagem do filtro. Pode estar ligada a um sistema de timer para filtragem automática, mas as funções são selecionadas manualmente através da manobra de registros.
BOMBA DE POÇO ARTESIANO
Em geral, é de recalque, pois está montada na extremidade inferior da tubulação de captação da água dentro do poço, que é encamisado [revestido interiormente]. É de múltiplos estágios, pois existem poços artesianos bastante profundos.
BOMBA DE INCÊNDIO
Fica normalmente no topo da edificação, próxima aos reservatórios superiores. Sua finalidade é pressurizar a tubulação dos hidrantes, para que nos andares altos o sistema possua a pressão mínima desejada. O acionamento da bomba de incêndio pode ser manual (através de caixas pequenas e vermelhas que ficam nos últimos andares de um edifício; deve-se quebrar o vidro para acioná-la) ou automático (com pressostato [instrumento de medição de pressão] presente na tubulação dos hidrantes, que liga automaticamente a bomba caso a pressão caia, ao se abrir um dos registros do hidrante).
Recomenda-se um teste semanal devido à sua importância para a segurança da edificação. A primeira ação do bombeiro ao adentrar o prédio em caso de incêndio é cortar a energia. A bomba de incêndio e o sistema de pressurização das escadarias são energizados por outro ramal, cuja alimentação vem diretamente da rua. Sua energia não é cortada.
BOMBA DE CHUVEIRO AUTOMÁTICO (SPRINKLER)
O sistema de chuveiros automáticos possui uma ou mais bombas de pressurização, acionadas apenas quando ele entra em pleno funcionamento. Além dessa bomba principal, existe outra pequena, chamada de Jockey, cuja função é manter o sistema pressurizado.
ALERTAS SOBRE MANUTENÇÃO E/OU MODERNIZAÇÃO
– O quadro de comando, independente do tipo e função das bombas, deve receber manutenção regularmente;
– Quando o quadro for antigo, ou com componentes comprometidos, é necessária sua manutenção e, dependendo da idade e sistema de acionamento empregado, recomenda-se modernização. Por exemplo, um quadro de comando com fusível tipo cartucho ou chaves tipo faca não oferecem a garantia e qualidade dos sistemas atualmente empregados, sem contar o risco que oferecem de choque devido a partes vivas [energizadas] expostas;
– As bombas podem sofrer manutenção e ou substituição sem necessidade de substituição do quadro de comando, desde que esses tenham sido modernizados;
– As bombas podem ser ligadas a geradores, pois caso falte energia e a bomba de drenagem de águas pluviais/servidas não funcione, haverá inundação do subsolo.
Colocá-las em circuito energizado pelo gerador é de boa valia, prevenindo problemas e indenizações;
– Síndicos e zeladores não devem mexer nas bombas, pois, independente de seu uso, elas devem receber manutenção de empresas especializadas. Não recomendo que pessoas não habilitadas façam a manutenção. Por exemplo, uma simples inversão de fase da bomba faz com que ela gire em sentido contrário e provoca sua queima.
Matéria publicada na edição – 209 – fev/2016 da Revista Direcional Condomínios
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