O crescimento de internações psiquiátricas na infância e adolescência

Continuação da edição anterior: O crescimento de internações psiquiátricas na infância e adolescência

Em minha experiência, como psicólogo clínico, nos atendimentos do público jovem, a participação dos pais é quase nula, com raras exceções A grande maioria, limita-se somente pagar o tratamento e nada mais.

Será que o problema não está com eles também? Vários adolescentes conversam comigo assuntos que poderiam falar com seus pais, mas não conseguem alegando que os mesmos “trabalham demais”. Outro ponto a ser observado é que os pais oferecem celulares ou tablets para os filhos para que eles, pais, possam ter uma refeição mais “sossegada”. E assim cada um fica no seu mundinho. Os pais tem muitas dificuldades de impor limites. Não sentam para brincar, para conversar, nem leem livros de orientações. A educação escolar e psicológica acabam sendo um meio de cuidar dos filhos deles.

Eu já me perguntei como será que esses pais se sentem ao terem que internar seu filho ou filha de 7 anos de idade em uma instituição psiquiátrica?

Com certeza devem se perguntar:

  • Onde foi que errei?
  • Como isso foi acontecer?

Outro ponto que também devemos chamar a atenção é o crescente aumento de consumo de álcool e outras drogas pelos adolescentes e até por crianças. E essa situação também vem provocando casos de internações psiquiátricas pelos efeitos causados no cérebro. Ou seja, está mais do que claro que devemos ficar muito mais atentos ao que acontece com nossos filhos; devemos sim nos informar através dos estudos, livros, palestras, uma forma de buscarmos uma aproximação dos filhos, e entendermos que tudo isso não tem nada de frescura.

Eu sempre oriento os pais a buscarem tratamento psicológico para saberem lidar com as dificuldades dos filhos como forma de melhorar a relação afetiva, mas infelizmente a maioria não se dispõe; oriento a provocarem reuniões semanais nos horários noturnos, ou na melhor das hipóteses, nos finais de semana, mas também, infelizmente, isso não acontece.

Enfim, a minha esperança é de que isso possa mudar com o tempo, pois os casos de transtornos mentais e emocionais estão cada vez mais frequentes, bem como o consumo de medicamentos psiquiátricos. E isso é extremamente preocupante.


Matéria publicada na edição – 278 – mai/2022 da Revista Direcional Condomínios

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