O dia a dia na relação dos condomínios com o Programa Vizinhança Solidária

Sobre a responsabilidade de gestores e condôminos com a segurança primária.

Após a adesão do nosso condomínio ao Programa Vizinhança Solidária (PVS), da Polícia Militar de São Paulo, quando assisti a uma palestra ministrada por um oficial, passei a entender e a refletir mais sobre a questão da segurança primária, que é da responsabilidade dos cidadãos. Então, vamos a ela.

O dever de casa

A PM define segurança primária como o conjunto de ações e atitudes que ajudam a reduzir a probabilidade de alguém vir a ser vítima de uma ação criminosa. Por exemplo, evitar falar ao celular ou manuseá-lo na rua; sacar grandes quantias em caixas eletrônicos, sendo preferível utilizar os caixas 24 horas situados dentro de supermercados, lojas de conveniência e outros estabelecimentos, verificando sempre se não há alguém por perto de olho em você.

No âmbito do condomínio, o mais importante, depois de providenciar as instalações que permitam a contenção dos visitantes em sistemas de clausura, é garantir a iluminação da calçada, para o estrito controle de entrada. Ciente disso, providenciei refletores que iluminam toda a calçada em frente do edifício e pedi aos condôminos lojistas que também o fizessem nos trechos correspondentes aos seus estabelecimentos.

A palestra de capacitação

A segunda etapa do PVS é a palestra de capacitação de porteiros e zeladores, à qual os síndicos realmente comprometidos com a segurança dos condomínios que administram também devem assistir.

Nela, um oficial PM ensina aos presentes como acionar corretamente a PM através do telefone 190 de forma objetiva e rápida, para que a viatura possa ser despachada o mais rápido possível, com as informações básicas que permitam aos policiais atuarem com maior precisão e máxima eficácia. Detalhe: o Copom, centro de operações da PM, recebe 70 mil ligações diárias, 40 mil das quais são trotes!

Foram exibidos vídeos mostrando aos profissionais de portaria e zeladoria casos de vandalismo, sequestros-relâmpagos em plena luz do dia, e uma tentativa de assalto a moradores, frustrada pela rápida atuação de uma porteira.

A palestrante mostrou também os casos de criminosos que atacam no vácuo da entrada de moradores, algo que me impressionou sobremaneira e me fez rever a decisão de adotar o acesso por biometria. Explico: na tática do vácuo, o ladrão fica posicionado em frente ao portão, às vezes até simulando uma entrega, e entra junto com um morador que chega. Ao entrar, mesmo que seja retido na clausura, o assaltante estará junto com o morador, e o ameaçará com uma arma se o porteiro não abrir o segundo portão. É por esse motivo que o acesso deve ser liberado somente pelo porteiro, depois de se assegurar da identidade do entregador; enquanto isso, o morador terá de esperar para entrar.

Todos os porteiros e síndicos presentes consideraram a palestra, da qual receberão um certificado de participação, extremamente proveitosa.

A verificação dos pontos vulneráveis

A verificação dos pontos vulneráveis da edificação é um serviço que a PM oferece gratuitamente. Nosso condomínio foi inspecionado pela simpática e prestimosa Capitã Jaqueline Teixeira Ferraz, que estava grávida de sete meses, sob um calor de mais de trinta graus, juntamente com seus auxiliares.

Com seu olho clínico, a policial imediatamente detectou os pontos fracos do condomínio, e eu imediatamente providenciei as ações corretivas que ela recomendou.

Dicas de segurança

Mensalmente, a PM posta nos grupos de “Zap” de cada rua um cartaz ilustrado em PDF de dicas de segurança, para ser impresso e afixado nas áreas comuns dos condomínios.

Em suma, especialmente pela necessidade de conscientização de que a segurança é responsabilidade de todos, e não só da polícia, considero extremamente proveitosa a adesão do condomínio ao PVS, cujos conceitos pretendo repassar aos moradores em uma reunião informal.

Saldo positivo

Considero que a participação no PVS gerou um saldo altamente positivo, e um ganho adicional, que foi a integração entre os síndicos das proximidades, que poderão sempre recorrer uns aos outros, seja para questões de segurança ou, até mesmo, para a troca de informações sobre prestadores de serviços.

Continuidade

O programa continua em constante aprimoramento, com a reunião periódica dos tutores dos grupos das ruas para a troca de informações e avaliação dos resultados.


Matéria complementar da edição – 245 – maio/2019 da Revista Direcional Condomínios

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Autor

  • Luiz Leitão da Cunha

    Síndico profissional, Luiz Leitão da Cunha já atuou como jornalista, tradutor, gestor de empresas e operador da Bolsa de Valores. Em São Paulo (SP), realiza a gestão de condomínios localizados nos bairros de Jardins/Cerqueira César, Pinheiros e Itaim-Bibi.

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