O elevador do condomínio parou, e agora? Dicas sobre manutenção e/ou modernização

O primeiro elevador modernizado do Condomínio Vivenda começou a operar no final de agosto passado, interrompendo um histórico de constantes paradas, pessoas presas na cabina e sustos para os moradores de suas 32 unidades.

síndica Luciana
Campos

A síndica Luciana Campos no elevador com modernização de comando

Localizado no Itaim Bibi, bairro da zona Sul de São Paulo, o Vivenda tem 47 anos e nesse período deixou de lado a atualização dos componentes de seus dois elevadores. Contratou apenas a repaginação estética da cabina do elevador social e, na substituição do revestimento do piso, chegou a cobrir inadvertidamente o acesso para a manutenção do freio que fica abaixo da estrutura.

Síndica profissional do edifício há dois anos e meio, Luciana Campos afirma que os elevadores não atendiam mais aos comandos dos andares. Por isso a modernização dos comandos, finalizada no social e em obra no de serviços. A modernização estética ficará para outra etapa, pois o condomínio está investindo ainda na regularização do AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros).

De acordo com o responsável técnico pelos serviços, o escopo da modernização no edifício envolve:

– Substituição dos controles atuais pelos eletrônicos, “de estado sólido, microprocessados, com acionamento VVVF e interface homem máquina”;

– Substituição das botoeiras das cabinas por novos componentes tipo “Toten” em aço inox, com indicador de posição digital de andar, intercomunicador, informação em braile, alarme, chave de ventilador, “tudo compatível com os novos quadros de comando”;

– Substituição das botoeiras dos pavimentos por versões planas tipo “faceada”, em aço inox com botões antivandalismo, informação em braile e IPD digital azul ou vermelho;

– Troca das calhas e da fiação fixa da casa de máquinas e das caixas de corrida até o poço;

– Troca de todos os lances da fiação móvel (cabos de comando);

– Substituição dos operadores de portas acionados por VVVF (Voltagem Variável, Frequência Variável), incluindo as portas das cabinas por aço inox, as soleiras por alumínio e trincos;

– Substituição dos trincos das portas dos pavimentos térreo e subsolo por novos trincos TV3, em conformidade com a norma de segurança;

– Revisão geral: 1) Das máquinas de tração com abertura, substituição de juntas e gaxetas, eliminação de vazamento de óleo, além de sua troca e pintura; 2) Nas cabinas e contrapesos, com substituição das corrediças de nylon e limpeza; 3) Nos limitadores de velocidade, com desmontagem, limpeza, ajustes e testes de acionamento;

– Instalação de componentes segundo a norma de segurança NM 207/99:

A) Para proteção das partes móveis das polias de tração;

B) De extensão do intercomunicador para a casa de máquinas;

C) De caixa de emergência no fundo do poço;

D) De duas botoeiras de inspeção sobre as cabinas;

E) De iluminação de caixa de corrida; e,

F) De luz de emergência na casa de máquinas;

– Pinturas para a área de segurança no fundo do poço, também conforme a NM 207/9;

– Disponibilização na caixa de corrida de cabo para câmera e interfone, com alimentação disponível em 110 v;

– Balanceamento estático e dinâmico no conjunto de tração, da cabina versus contrapeso, com ajuste na carga de balanceamento;

– Instalação de Encoder (sensores) no eixo do motor. Foram executadas pelo condomínio adequações no quadro elétrico da casa de máquinas. Não houve possibilidade de instalar o sistema de chamada duplex (os elevadores estão em ambientes separados).

Parou por quê?

A falta de manutenção preventiva regular e/ou corretiva é uma das principais causas de paradas de elevadores nos prédios, assim como o adiamento das modernizações quando elas se tornam inevitáveis diante da obsolescência dos equipamentos. A avaliação é do engenheiro Antonio Luiz Caldeira em entrevista à Direcional Condomínios (leia em “Manutenção ou modernização, o que é melhor para o elevador do prédio?“).

Outro fator que tem causado paradas e motivado modernizações em elevadores relativamente novos, instalados nos últimos quinze a vinte anos, é o fato de ter sido instalado, na construção do edifício, equipamento importado (hoje com dificuldade na reposição de peças) e/ou de fabricantes que acabaram fechando ou saindo do País. “Tudo isso gerou uma quantidade de equipamentos que não funcionam adequadamente, pois nem chegaram à sua maturação e foram repassados a outras empresas.” Nestes casos, a modernização facilita a manutenção pela disponibilidade de mão de obra especializada e de peças, afirma Caldeira.

De forma geral, o engenheiro orienta que a hora da modernização chega quando as paradas se tornam frequentes, “secas e desconfortáveis”; há maior quantidade de chamados para consertos, desnivelamentos; gastos acima da média com peças; demora na sua reposição. “São indicativos de que o equipamento está se tornando obsoleto e que é melhor trocar o componente completo do que ficar remendando”, completa. Ele exemplifica: Um problema frequente e que “gera grande desconforto” está nas paradas causadas através do “freio das máquinas de tração”. “O técnico faz ajustes para que os elevadores parem nivelados”, diz, no entanto, os parâmetros diferem de uma cabina vazia para aquela com “carga completa”. “É difícil prever, essa é uma das situações que somente uma modernização do quadro do elevador irá resolver, pois um novo comando VVVF identifica a quantidade de passageiros e adequa a sua parada para que fique sempre 100% nivelada no andar, sem criar degrau.”

Veja também:

Matérias complementares:– Manutenção ou modernização, o que é melhor para o elevador do prédio?Entrevista com o Eng. Antonio Luiz Caldeira  – Riscos à segurança dos elevadores: Do resgate de passageiros a outras negligências nas operações diáriasPor Rosali Figueiredo (Com dicas da advogada Renata Resegue)


Matéria publicada na edição – 250 – outubro/2019 da Revista Direcional Condomínios

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