O porteiro no condomínio: Funcionário “chave”, mas sem fechadura adequada

Quando foi que o porteiro do seu condomínio fez um curso pela última vez? Não se lembra? Não foi na sua gestão? Então, você está em dívida com ele, e com o condomínio! Mas há tempo para corrigir isto.

O porteiro de um condomínio, seja comercial ou residencial, é uma pessoa muito valiosa para todos, principalmente para o zelador e para o síndico. Ele cuida, como o nome da função sugere, de abrir portas e portões, seja de carros, pedestres, moradores, visitantes e terceiros. Ele recebe encomendas, mercadorias e refeições. Recebe também o oficial de justiça, o carteiro e o leitor de água, luz, gás, para citar apenas alguns. Ele, como ninguém, conhece todos os moradores, seus familiares, seus amigos e prestadores de serviço.

O porteiro sabe o que acontece no condomínio, nos apartamentos e nas famílias. É ele que conhece as rotinas das pessoas, quem entra e quem sai, qual carro dirige, sabe onde as crianças estudam. Ele também conhece os demais funcionários, as rotinas do zelador, as ações do síndico. Ele fica sabendo quem está doente, quem mudou ou separou, quem está reformando ou vendendo o apartamento. Enfim, é a “Wikipédia” atualizada do condomínio. São informações valiosas e, às vezes, pessoais e confidenciais.

Mas ele está preparado para lidar com isso tudo? Ele é orientado e capacitado regularmente?

Como o trabalho em si não é tão complexo, a resposta provável para essas perguntas é simples: “não”! E aqui reside o desafio.

O cargo de porteiro pode ser operacionalmente fácil, mas esse profissional lida com a segurança física das pessoas e com a segurança de informações e de dados, e isso é de suma importância. Lembrando que a vigência da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados / Lei 13.709/2018) foi prorrogada em um ano por causa da pandemia do novo Coronavírus, mas ainda vai mexer muito com a vida dos cidadãos, inclusive nos condomínios.

E o que deve ser feito? Como este profissional deve ser treinado e capacitado?

Dois caminhos podem ser seguidos.

Internamente, o porteiro deve ser instruído sobre todo e qualquer assunto do condomínio. Nesses tempos de pandemia, quando aumentam muito as quantidades de entregas e encomendas de toda espécie, ele deve ter espaço suficiente para armazenagem e deve receber orientação específica sobre segurança sanitária e física. Também deve ser ouvido, pois tem muito a dizer. Com certeza, o porteiro tem sugestões e ideias boas, de fácil implantação. Envolvê-lo em processo de melhoria ajuda o condomínio e o valoriza como funcionário. Externamente, é muito importante inscrever esse profissional em cursos de atualização de porteiros. As grandes administradoras têm e podem orientar cursos nesse sentido. A Aabic (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo) também dispõe de vários cursos interessantes para esses profissionais.

Com o tempo, os porteiros ficam um pouco acomodados nas funções, e isso é até natural. Esses cursos também os tiram dessa zona de conforto, pois os assuntos são abordados de forma focada e motivacional, estimulando a participação e a proatividade. Os mais diversos assuntos são abordados, como segurança, postura e comunicação. A relação entre custo e benefício vale a pena: o funcionário é motivado, ele sai um pouco da rotina dele, interage com outros colegas e se atualiza, para o bem dele e do condomínio.

Os treinamentos são, portanto, uma ferramenta muito útil para a capacitação e motivação desse importante profissional, que está longe de apenas abrir e fechar portas e portões!


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Autor

  • Wolfram Werther

    Síndico e consultor condominial, Wolfram Werther é administrador de empresas. Com formação em sindicatura profissional, atua há mais de 10 anos na cidade de São Paulo, em condomínios residenciais, tanto verticais quanto horizontais, e nos edifícios comerciais.

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