Síndicos experientes orientam sobre composição do kit enxoval do empreendimento e custeio em etapa de implantação, além de aquisição de insumos, como descartáveis e produtos de limpeza.
Carlos Fernandes e Roseane Fernandes constatam que são raros os condomínios entregues com itens básicos
Condomínio em etapa de implantação pede um kit enxoval. Cabe ao síndico montar uma lista com acessórios e equipamentos essenciais no início de vida da edificação. “São indispensáveis, por exemplo, acolchoado de proteção e tapete para cabina do elevador; e são urgentes, pois o transporte de material de obra e mobiliário das mudanças é quase contínuo nessa etapa”, observa o síndico profissional Carlos Fernandes.
Na Assembleia Geral de Instalação, além da própria instalação do empreendimento, são tratados temas como: eleição do síndico, deliberação de previsão orçamentária e deliberação para aquisição do kit enxoval com origem de recursos definida, entre outros. A síndica profissional Roseane Fernandes, sócia de Carlos em empresa de sindicatura, orienta que os colegas candidatos ao cargo visitem a edificação com antecedência para terem noção dos itens que comporão o enxoval, bem como de modelo e quantidade, e estejam cientes dos custos para apresentar na assembleia.
Habitualmente áreas comuns (salão de festas, brinquedoteca e outras) são entregues aparelhadas. Acessórios complementares que moradores possam solicitar, caso de tornozeleiras de peso para academia, não fazem parte do kit enxoval. Na lista do que efetivamente será preciso comprar estão itens como lixeiras, contêineres, tapetes, carrinho de supermercado, caixa de ferramentas, acessórios de banheiro, mobiliário ergonômico para portaria e zeladoria, ventilador ou ar-condicionado para a guarita, forno de micro-ondas e geladeira para os colaboradores, além de mobília para refeitório e vestiário.
Escolhas Cuidadosas
Segundo Carlos, artigos como placas de sinalização na garagem e espelho convexo costumam passar despercebidos na listagem dos síndicos, mas fazem falta. Outra dica do gestor é atentar para o perfil do condomínio na escolha dos objetos. “Imagina se eu compro uma lixeira de madeira ecológica porque acho interessante, só que não tem nada a ver com o projeto arquitetônico? Vai destoar. São detalhes, porém muito importantes no complemento da ambientação, que devem ‘conversar’ com o projeto original para preservação do patrimônio”.
Por sua vez, Roseane aponta que a ausência de detalhes precisa ser imediatamente suprida para não interferir negativamente na imagem do empreendimento. “O condômino quando recebe o imóvel, feliz com a realização do seu sonho, quer trazer parentes e amigos para um tour pelo condomínio. Agora, pensa na má impressão que um convidado terá se for ao banheiro e o vaso sanitário estiver sem tampa e assento. O síndico não pode deixar isso acontecer”.
Carlos e Roseane relatam que raramente os empreendimentos são entregues com itens básicos. Uma exceção é um empreendimento gerido por eles na região do Morumbi, que teve a segunda fase implantada em dezembro. “Nos banheiros das áreas comuns, não só havia porta-papel toalha, como o próprio papel no suporte”, conta Roseane. Pelo condomínio estar bem provido, ela empregou a verba do kit enxoval para complementos e antecipou compras que faria em segunda instância, como tanquinho para lavagem dos panos de limpeza e impressora para a administração.
Já em um condomínio na zona oeste, implantado em setembro passado, foi necessário começar do zero. Inclusive na parte de insumos (produtos de limpeza e descartáveis), o que não faz parte do kit enxoval, mas é tão necessário quanto, Roseane fez a compra inicial com seu próprio cartão de crédito, sendo posteriormente ressarcida. “A primeira arrecadação demanda de 20 a 30 dias para ‘entrar’ no condomínio, mas eu não podia deixar os funcionários sem o básico”, explica. Outra alternativa para aquisição de insumos nas implantações é, segundo Roseane, ter um rol de empresas parceiras que possam contar com pagamento a prazo.
Já o custeio do enxoval pode advir de rateio extra ou, se deliberado em assembleia, do fundo de reserva, uma vez que o condomínio recorre pouco a ele nos primeiros anos, afinal as instalações são novas e a garantia da construtora está vigente. “Parcelamos o enxoval em X vezes, negociados de acordo com o valor da arrecadação e durante esses meses a compra é debitada, contabilmente, do fundo de reserva. Mas a decisão precisa ser, impreterivelmente, aprovada em assembleia”, alerta Carlos.
Matéria publicada na edição 291 jul/2023 da Revista Direcional Condomínios
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