Os condomínios valorizam cada vez mais seus espaços verdes e naturais, procurando desta forma estimular o vínculo dos moradores com o ambiente coletivo, combater o estresse e proporcionar-lhes tranquilidade e conforto.
O síndico orgânico Jack Strauss (à esq. na foto) e o conselheiro Vagner Rubira Bomfim: Paisagismo integra proposta de humanização dos espaços térreos do condomínio (à dir., uma das áreas para descanso do morador)”
Morador, empresário e síndico há cerca de 15 anos do Condomínio Piatã, localizado em Higienópolis, região central de São Paulo, Jack Strauss circula com orgulho pelas áreas térreas do residencial, mostrando diferentes espaços de jardins e de convivência. Ele recebe pela primeira vez a reportagem da Direcional Condomínios, acompanhado do conselheiro e morador Vagner Rubira Bomfim, do zelador Paulo Salermo e do engenheiro agrônomo Maier Gilbert. Todos têm deixado a sua marca nas áreas verdes locais, que representam um dos pilares da proposta de humanização que o síndico procura desenvolver no Piatã.
“Quando assumi, nossa área térrea era um deserto, o jardim do fundo estava abandonado. Uma das minhas primeiras ações foi no paisagismo, porque isso traria um impacto mais imediato para a mobilização dos moradores, demonstrando a eles que o prédio poderia ser humanizado”, lembra o síndico. Edificação do final dos anos 70, projetada pelo arquiteto João Kon, o Piatã possui duas torres e 64 unidades. Na última década, teve grande parte das áreas comuns modernizadas, desde a fachada da frente (gradis, guarita, calçada externa, jardins, luminotécnica etc.) à parte das piscinas, reconstruídas e acrescidas de um espaço gourmet e uma área de estar. Os jovens ganharam um lounge e os adultos um ambiente para trabalhar, contíguo ao salão de festas (no 1º andar, também modernizado). As intervenções deram resultado, já que o térreo do condomínio se parece hoje com uma verdadeira praça.
Repaginação
A configuração atual do paisagismo tem a assinatura do engenheiro Maier Gilbert, conta com o suporte do síndico Jack Strauss e do conselheiro Vagner Bomfim, e a conservação está a cargo do zelador Paulo Salermo. Segundo o engenheiro, o projeto original da edificação já favorecia o paisagismo, “com canteiros pré-definidos” (essa é uma das marcas do falecido arquiteto João Kon). Mas foram necessários ajustes, como a remoção de espécies de grande porte na parte interna do condomínio (duas paineiras, cujas raízes estavam afetando um prédio vizinho, e um fícus) e de outra árvore na calçada, com as devidas compensações ambientais.
O engenheiro Maier orienta que o paisagismo deve respeitar as característi¬cas das plantas, como o porte, a sua adequação ao clima, ao sombreamento, à incidência do sol e à estrutura da edificação, especialmente a presença de lajes. Considerando esses pré-requisitos, é possível harmonizar os espaços dos prédios com as condições biofísicas das espécies e as expectativas do condo¬mínio, introduzindo-se, por exemplo, setores de floresta, de árvores frutíferas e ornamentais, como ocorreu no Piatã.
É preciso também observar a profundidade de terra que uma superfície sobre laje comporta, bem como se existe um sistema adequado de drenagem. Por fim, em uma dica valiosa, mas pouco lembrada, o engenheiro agrônomo diz que “todo projeto de paisagismo deve pensar no seu resultado em 50 anos, ou seja, já estabilizado, de forma que não haja sobreposição de espécies”, entre outros problemas que podem ser gerados com o tempo. No caso das paineiras removidas, além dos danos físicos que causaram ao vizinho, a copa de uma invadia a da outra, gerando confusão visual e atrapalhando a “contemplação”, ilustra Maier Gilbert.
“Caminho dos pés descalços”: O espaço verde da imagem ao lado fica próxima ao playground do Condomínio Piatã e foi reservado para as crianças, para que possam ter uma experiência sensorial com a natureza
Jardins bem cuidados revelam empatia e zelo com o condomínio
Síndico Fauzi Timaco Jorge: Canteiros e vasos revitalizados sob a coordenação de um morador
As obras de acessibilidade e modernização da fachada da frente do Condomínio Giardino Di Verona, no Campo Belo, zona Sul de São Paulo, foram destaque na revista Direcional Condomínios de agosto passado. O edifício volta a esta edição por outra iniciativa que também transpira empatia: Um morador do prédio, Sr. João Jorge, é quem tem desenvolvido as propostas de tratamento e revitalização dos jardins, canteiros e vasos do residencial. Quem relata a história é o síndico morador Fauzi Timaco Jorge. João preferiu não dar entrevista e deixar a tarefa para o gestor.
Com 26 anos de vida e 28 apartamentos, o Giardino vem passando por inúmeras intervenções de manutenção e modernização de suas instalações, mas a jardinagem andava abandonada, observa o síndico, que assumiu a gestão do prédio em 2019. Por isso a iniciativa de renovar o paisagismo. “O morador João Jorge praticamente coordenou todo o trabalho, foi atrás da compra dos insumos e convenceu a Comissão de Obras a investir neste setor. Vários moradores já se manifestaram positivamente sobre a obra e o paisagismo, que geram uma sensação de zelo, a percepção de que o condomínio está sendo cuidado”, analisa.
Os trabalhos envolvem a limpeza dos excessos de plantas com a harmonização dos canteiros, tratamento da terra, plantio de flores, como a ixora (arbusto multicolorido), forração com argila, cascalhos e pedras. Como o condomínio herdou inúmeros espécimes de arecas em seu projeto original, uma palmeira de raízes agressivas para a tubulação, Fauzi Jorge diz que o objetivo é substituí-las futuramente.
Matéria publicada na edição – 271 – set/2021 da Revista Direcional Condomínios
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