Paisagismo no condomínio: benefício ambiental e emocional

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Dentro dos condomínios, as áreas verdes não são apenas um requisito legal. Em muitos casos, as reservas vegetadas cumprem obrigações relacionadas à permeabilidade do solo ou até compensações ambientais decorrentes da remoção de árvores ou da construção em áreas específicas. No entanto, o paisagismo vai muito além da obediência às normas. Ele é uma forma de reconectar as pessoas à natureza — um elo que, nas cidades, foi sendo progressivamente enfraquecido.   

O afastamento do ser humano do meio natural é fruto de um processo histórico. Com o avanço dos meios de transporte e o crescimento urbano, priorizou-se a impermeabilização do solo e a expansão das pistas para automóveis. Mas esse modelo começa a ser revisto. Grandes cidades, como Paris e diversas na Alemanha, vêm adotando estratégias de “reverdecimento”: desconstroem canteiros centrais, ampliam calçadas permeáveis e incentivam meios de transporte mais sustentáveis. Esses movimentos não nascem apenas de preocupações estéticas ou legais, mas de uma necessidade real de adaptação às mudanças climáticas — que, se ignoradas, tornar-se-ão cada vez mais severas e irreversíveis.   

Contudo, mudar apenas por medo ou obrigação é pouco inspirador. Por que não fazê-lo também pela oportunidade de viver em harmonia com a natureza?   

As vantagens de se manter áreas verdes nos condomínios são inúmeras. O primeiro benefício é físico: a vegetação contribui para a redução das temperaturas — afinal, todos sabem que debaixo de uma árvore o ar é mais fresco. O segundo é emocional: as cores das flores, o tom do verde e o perfume das plantas exercem efeito calmante, estimulam o bem-estar e ajudam a controlar o estresse. O simples ato de sentar-se para ler em meio a um jardim é, sem dúvida, mais agradável do que em um espaço dominado por cimento e calor.   

Há também um benefício social e educativo. Em tempos em que as crianças passam horas em frente a telas, jardins vivos aproximam-nas da natureza. Correr na grama, brincar com terra, observar pássaros e insetos — são experiências que ensinam e fortalecem laços com o meio ambiente. Em um condomínio que visitei recentemente, pitangueiras em frutificação se tornaram ponto de encontro: crianças desciam para colher as frutas, enquanto senhoras trocavam receitas de geleia. O paisagismo, ali, havia criado um espaço de convivência.    

Jardins com flores e diversidade de espécies inspiram, despertam a curiosidade e trazem vida. O movimento recente de padronizar os projetos paisagísticos, tornando-os excessivamente verdes e sem cor, empobrece a experiência sensorial e emocional que os jardins podem oferecer. A vida é mais vibrante quando há flores e, sem dúvida, mais feliz quando os pássaros têm onde cantar.   

O paisagismo, portanto, é mais do que estética e legislação: é qualidade de vida, educação ambiental e saúde emocional. Cuidar de um jardim é cuidar das pessoas que vivem ao redor dele.      


Matéria publicada na edição 317 nov/dez 2025 da Revista Direcional Condomínios

  

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